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O Preconceito Linguístico - Marcos Bagno

Por:   •  26/2/2024  •  Abstract  •  984 Palavras (4 Páginas)  •  33 Visualizações

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COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

Capítulo “A literatura”

p. 29

Problema: “[...]emprega-se, frequentemente, o adjetivo literário, assim como o substantivo literatura, como se ele não levantasse problemas, como se se acreditasse haver um consenso entre o que é literário e o que não o é”

Aristóteles apontava o problema da falta de nome da arte literária em seu tempo

p. 30

Abordagem histórica x abordagem linguística: “A literatura, ou o estudo literário, está sempre imprensada entre duas abordagens irredutíveis: uma abordagem histórica, no sentido amplo (o texto como documento), e uma abordagem linguística (o texto como fato da língua, a literatura como arte da linguagem)”.

p. 31

Gerard Genette: dois regimes literários complementares 🡪 regime constitutivo    (convenções: formas consagradas, como romance e soneto, imediatamente são  classificadas como literatura) e regime condicional (apreciação valorativa, dependente dos indivíduos e épocas, que pode ou não alçar um texto à categoria de literário).

p. 31-32

O que é literatura em sentido amplo? – Litera, let ra, ou seja, tudo o que está escrito, e mesmo histórias orais.

O que é literatura em sentido restrito? – Varia conforme as épocas e culturas. Até o século XIX, era essencialmente o verso; do século XIX em diante, a prosa toma a cena, e o verso passa a significar somente a poesia. O Romantismo é o divisor de águas. “As literaturas são, antes de tudo, nacionais” (p. 32).

p. 33

(Sobre o valor) Mais do que escrita valorizada, escritor valorizado: “Mais restritamente ainda: literatura são os grandes escritores. Também essa noção é romântica. Thomas Carlyle via neles os heróis do mundo moderno. O cânone clássico eram obras-modelo, destinadas a serem imitadas de maneira fecunda; o panteão moderno é constituído pelos escritores que melhor encarnam o espírito de uma nação. [...] Alguns romances pertencem à literatura porque foram escritos por grandes escritores, segundo este corolário irônico: tudo o que foi escrito por grandes escritores pertence à literatura, inclusive a correspondência e as anotações irrisórias pelas quais os professores se interessam”.

 

p. 34

 

TS Eliot, a tradição e o talento individual: “Cada nova obra provoca um rearranjo da tradição como totalidade (e modifica, ao mesmo tempo, o sentido e o valor de cada obra pertencente à tradição”.

p. 35

Funções da poesia/literatura, como as pensaram os clássicos: Catarse (Aristóteles); instruir ou deleitar, ainda: instruir deleitando, o que torna a poesia doce e útil.

A literatura proporciona conhecimento, segundo os clássicos e segundo os românticos? “Mas qual é esse conhecimento literário, esse conhecimento que só a literatura dá ao homem? Segundo Aristóteles, Horácio e toda a tradição clássica, tal conhecimento tem por objeto o que é geral, provável ou verossímil, a doxa [sistema ou conjunto de juízos que parecem, no momento histórico em questão, óbvios e verdadeiros], as sentenças e as máximas que permitem compreender e regular o comportamento humano e a vida social. Segundo a visão romântica, esse conhecimento diz respeito sobretudo ao que é individual e singular” (colchetes e negritos nossos)

PARAMOS AQUI

p. 36

Visão marxista da função da literatura: “A literatura serve para produzir um consenso social; ela acompanha, depois substitui a religião como ópio do povo”. Compagnon faz uma contraposição ao marxismo (mas contrapõe mesmo?): “Mas, se a literatura pode ser vista como contribuição à ideologia dominante, ‘aparelho ideológico do Estado’, ou mesmo propaganda, pode-se, ao contrário, acentuar sua função subversiva, sobretudo depois da metade do século XIX e da voga da figura do artista maldito. [...] A literatura confirma um consenso, mas produz também a dissensão, o novo, a ruptura”

p. 38

Literatura como mimesis (imitação ou representação pela linguagem) e muthos (história).

Conteúdo trata do significado; expressão trata do significante; assim: substância do conteúdo (ideias); forma do conteúdo (organização dos significados). Substância da expressão (os sons); forma da expressão (a organização dos significantes).  

p. 39

Kant: arte como fim em si mesma; arte e literatura remetem a si mesmas.

p. 40

Uso estético da linguagem escrita [literariedade] x uso cotidiano da linguagem escrita: “Qualquer signo, qualquer linguagem procura fazer-se esquecer tão logo se faz compreender (é transitivo, imperceptível), enquanto a linguagem literária cultiva sua própria opacidade (é intransitiva, perceptível). [...] A linguagem cotidiana é mais denotativa, a linguagem literária é mais conotativa [...]. ‘Significam mais do que dizem’, observava Montaigne, referindo-se às palavras poéticas. [...] A literatura explora, sem fim prático, o material linguístico. Assim se enuncia a definição formalista de literatura”. Assim, a literatura seria um uso especial da linguagem, causaria estranhamento, transpiraria desfamiliarização, faria saltar a literariedade por meio de suas frases. A linguagem não seria utilitária, pois seu fim não seria reportar outro, mas sim estética/literária, por sua única preocupação ser ela própria, sua vestimenta e como ela se apresenta ao leitor.

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