A Origem do Guaraná

COARACI

Há muito tempo, num Brasil não tão distante, no interior da floresta Amazônica,

residia um casal apaixonado da tribo dos Sateré-Mawé. Este casal era muito feliz e

querido por sua tribo, mas julgando-se incompletos sem um filho, buscaram durante

muitos anos realizarem tal sonho, mas sem sucesso.

Um dia, decidiram pedir ajuda ao pajé de sua aldeia, que recomendou ao casal

pedir ao Deus Tupã, uma das grandes divindades, o deus do trovão, que realizasse o seu

desejo de serem pais. A solicitação da gravidez foi atendida e, meses depois, a índia deu

a luz ao curumim Coaraci.

Coaraci era muito bondoso e carinhoso, gostava de subir em arvores, pegar

frutas, brincar com seus amigos e se divertir como qualquer criança. Ele era muito

bonito, mas os seus olhos eram sua característica mais marcante, com estes pretos como

duas jabuticabas, mas com um brilho especial, em que era possível ver toda a bondade

em seu coração.

Toda a sua tribo gostava dele e, por ter sido um presente de Tupã, acreditavam

que ele era abençoado e trazia grande sorte para a aldeia, acreditando que um dia ele se

tornaria um grande guerreiro e o líder da tribo. Por esse motivo, a tribo o protegia aonde

fosse, sempre com três guerreiros o guiando e ensinando tudo que precisava saber para

se defender e crescer forte e valente. O ensinaram aonde pisar, andar e a ter cuidado

com os animais. Ele sabia tudo da mata, onde pescar, onde mergulhar o que fazer e o

que evitar.

Contudo, não contaram ao curumim a história de Jurupari, o Deus da escuridão e

do mal, escondendo dele todo o mal que este poderia lhe causar. Em pouco tempo seu

nome chegou ao espírito do mal, que ficou sabendo de um belo índio de bom coração e

que todos amavam. A inveja o dominou, não podendo suportar que este fosse tão amado

por todos, ele não suportava a sua presença e odiava seus olhos, que eram tão bonitos e

transmitiam tanto amor.

Jurupari passou a vigiar o momento certo para se aproximar do menino, já que

ele estava sempre protegido. Sentia inveja de como todos os animais o amavam,

enquanto fugiam de Jurupari. De raiva, passou a espantar todos os animais que viviam

ao redor da tribo, dificultando a vida de todos e obrigando-os a ir mais além para caçar.

Um dia, todos os indígenas saíram para caçar, deixando apenas um cuidando do

menino e, ao encostar-se a uma árvore para descansar, acabou dormindo. Jurupari,

também