TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Antecedentes Do Plano Real

Trabalho Escolar: Antecedentes Do Plano Real. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/10/2014  •  1.543 Palavras (7 Páginas)  •  581 Visualizações

Página 1 de 7

Antecedentes ao Plano Real

Existem basicamente três tipos de inflação:

⦁ inflação de demanda (excesso de consumo frente à restrição de oferta, basicamente)

⦁ inflação de custos (quando os fatores de produção encarecem por algum motivo, como alta do dólar ou aumento de salários em um setor da economia, por exemplo)

⦁ inflação inercial (quando o preço de um item aumenta porque há expectativa de que todos os preços demais também aumentem)

Quando o Plano Real foi idealizado (ainda sem esse nome), tínhamos os três tipos juntos. Chegamos a este ponto através de uma série de eventos que se iniciam nos anos 1970, mais exatamente no II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), que corresponde ao período 1974 – 1979.

O Brasil tinha saldos negativos na balança de pagamentos no início dos anos 1970, uma situação que deixa (ou deveria deixar) qualquer governo preocupado. Algum tempo antes, o acordo de Bretton Woods havia chegado ao fim, o que significava que o plano de estabilização econômica dos EUA da década de 1950 estava encerrado. Além disso, a emissão monetária de dólares não estava mais atrelada ao padrão ouro. Como era moeda aceita em todo o mundo, o dólar facilmente migrou para outras moedas (como a libra, por exemplo) e se desvalorizou. Os EUA romperam o acordo, retornaram a paridade dólar-ouro, mas um mês depois o desequilíbrio voltou, com maior volatilidade do dólar, que provocou maior volatilidade do mercado financeiro internacional, que por sua vez provocou maior desequilíbrio na balança de pagamentos brasileira. A situação piorou em 1974 com o choque do petróleo elevando o preço das commodities e agonizando mais ainda nossa balança de pagamentos. O governo precisava de uma ação imediata de estabilização, que se apresentou como II PND.

As ações do plano eram a desvalorização cambial e o controle da demanda agregada via aumento da taxa de juros. Evidentemente a desvalorização de nossa moeda provocou um aumento nominal da dívida externa, custo este que inicialmente foi arcado pelo governo. Enquanto o mundo freava seus investimentos, o governo brasileiro ampliava via Setor Público. Para isso, o Brasil contraía dívida externa a altas taxas em busca de um grande processo de estabilização. Isso aumentou os problemas fiscais e financeiros do governo.

O governo Figueiredo

Figueiredo assumiu a presidência em 1979 trazendo Delfim Neto e sua política econômica heterodoxa para a Fazenda: queria controle inflacionário junto com superávit da balança de pagamentos. Imediatamente (ainda em 1979) é realizada uma maxidesvalorização da moeda nacional. Isso provocou, obviamente, a perda de credibilidade do Brasil no exterior, e o problema só se agravou: a inflação subiu mais ainda. O sistema financeiro nacional se vê desestruturado (se já não era muito bom antes, piorou).

Os fornecedores começam a repassar o aumento dos insumos para os preços de bens finais (inflação de custo). E neste momento ocorre o segundo Choque do Petróleo, que aumenta ainda mais os preços internacionais (há inflação mundial). O mundo amplia suas taxas de juros e o Brasil (desacreditado pela maxidesvalorização) perde maciçamente capital estrangeiro (fuga de capitais).

O governo brasileiro percebe que a política econômica não funcionou e muda para uma política mais ortodoxa. A partir de 1980 e 1981 busca melhorar a credibilidade no exterior. Os salários são indexados, o governo reduz seus gastos e há maior controle do crédito (é interessante comparar isso com as políticas econômicas dos PIIGS em 2012). Tudo poderia ter dado certo dentro de algum tempo… poderia. Em 1982 o México declara a moratória, e o mundo deixa de acreditar em países similares (como o Brasil).Há forte estrangulamento dos investimentos externos, e o Brasil recorre ao FMI. Em 1983 outra maxidesvalorização é tentada, o Brasil entra em recessão, há forte choque de preços, e a inflação aumenta.

A desconfiança provocada pelo México eleva as taxas de juros internacionais, e o fluxo de capitais se inverte e migra para os EUA. Durante os anos 1980, o Brasil eleva sua dívida pública e emite moeda para isso. Qualquer economista sabe que isto é pura criação de inflação. Neste momento já tínhamos os três tipos de inflação juntas. Surgem então as primeiras propostas (de um processo que culminaria no Plano Real):

Indexar a moeda (via ORTN);

Choque heterodoxo (via congelamento de preços)Estas propostas faziam sentido para seus autores, pois supunham que a inflação era inercial e que praticamente não haviam conflitos redistributivos internos (ou seja, um setor não estaria aumentando seus preços para se equiparar a outro). Ambos os pressupostos estavam errados.

Plano Cruzado

O início de 1986 parecia um momento de trégua: houvera crescimento econômico no Brasil em 1984-85, o cenário externo era extremamente favorável, e politicamente o Brasil estava em transição para a democracia. O grande problema era nossa inflação. O Plano Cruzado:

mudou a moeda (de Cruzeiro para Cruzado), cortando três zeros para tirar o efeito de inflação;

congelou preços por tempo indeterminado (política heterodoxa), e

definiu reajustes de contratos da seguinte forma: salário médio +8%; salário mínimo +16%; gatilho salarial; aluguel reajustado pelo médio; preços pré-fixados reajustados pela tablita; preços pós-fixados, pela OTN (antiga ORTN).

De início, houve queda abrupta da inflação. Mas havia massa salarial na economia. Além disso, a queda dos juros provocou saques das famílias nas instituições financeiras (bancos). A economia estava muito líquida, e o plano fracassa com a inflação de demanda através de pagamento de ágio por produtos que desapareceram das prateleiras do supermercado.

O governo reage com novo pacote de estabilização: um pacote fiscal de aumento de tributos, desvalorização cambial (de novo…), e adoção do IPC. Finalmente, em fevereiro de 1987, nossas reservas chegam ao fim. O Brasil vira a bola da vez e decreta sua moratória. A inflação dispara, e atinge 80% ao mês.

Plano Bresser

Era urgente reduzir a inércia inflacionária. O Plano Bresser adota as seguintes medidas:

⦁ congelamento de preços por três meses;

⦁ mistura medidas ortodoxas

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.2 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com