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Análise de Vestuário Vila Isabel

Por:   •  1/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.140 Palavras (5 Páginas)  •  165 Visualizações

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VILA ISABEL, O BAIRRO

Os bairros reúnem códigos que seus frequentadores assimilam até que se sintam parte do local. Vila Isabel é um bairro tradicionalmente boêmio da Zona Norte do Rio, berço de muitos músicos e poetas. Adentrando o bairro, percebe-se logo de primeira a influência que a música tem no local e nas pessoas que moram ali. Algumas calçadas são adornadas com notas musicais em pedras portuguesas e é possível beber em uma praça com uma estátua de Noel Rosa, sambista nascido, criado e morto no bairro.

A Vila é um bairro em que o “clima de bairro” resiste. É perceptível o sentimento de pertencimento que envolve as pessoas que residem lá. A maioria morou lá a vida inteira; tem um parente que jogou no Clube do Vila (Associação Atlética de Vila Isabel); vai aos ensaios da escola de samba nas quintas, quando as ruas são tomadas por uma multidão azul e branca; toma mate e come salgado na tradicional Casa de Sucos e já ouviu um samba na quadra da vila. As pessoas se conhecem e se cumprimentam, sentem orgulho de falar que pertencem àquele local, como se fosse de fato o sinônimo de casa e de conforto.

A rua principal e mais movimentada é a Avenida Boulevard 28 de Setembro, principal via do bairro, tendo em sua extensão lojas, bares, restaurantes, colégios, clube, diversos estabelecimentos comerciais. A Avenida começa na UERJ e termina na Praça Sete de Setembro, berço cultural e local de extremo convívio social. Se nos dias de hoje o Rio enfrenta, na prefeitura de Crivella, um esvaziamento progressivo das áreas coletivas e das ruas da cidade, Vila Isabel parece ter sentido menos. Apesar da violência em alta na cidade e dos obstáculos criados para se fazer evento na rua, as ruas e praças permanecem ocupadas. Os bares continuam cheios, o samba se ouve alto e a cultura resiste.

Vila Isabel é um bairro muito diverso. É majoritariamente de classe média, porém é cercado pelo Morro dos Macacos e pelo Morro do Pau da Bandeira. Por isso, também é possível ver os resultados dessa disparidade econômica e social. Há muitas pessoas em situação de rua, muitos meninos novos negligenciados que ficam sozinhos pelas ruas cometendo pequenos furtos por falta de opção. Essa desigualdade fica visível também no vestuário das pessoas.

A Praça Barão de Drummond, conhecida como Praça 7, é um quase que um fenômeno a ser observado. Às terças e quintas, tem basquete. Às quintas, tem roda de rap, roda de capoeira e eventos da igreja evangélica. Além do público habitual rotineiro: crianças pequenas com os pais brincando no parquinho, jovens e adolescentes fumando maconha, membros da igreja num outro canto, várias pessoas de idades e classes diferentes jogando um jogo de aposta chamado Ronda, muitas barracas de comida, tudo isso com bares em volta. Fica situada perto do shopping Iguatemi.

Pela sua proximidade do Maracanã, Vila Isabel também é marcada pelo futebol. Em dias de jogo, a movimentação dos torcedores é evidente, além dos bares lotados. Ah, os bares. Muitos bares! O mais tradicional, o Petisco da Vila, foi fechado em 2017, dando lugar ao Sempre Vila. O Sempre Vila tem outra filial duas ruas depois, e esta é frequentada por pessoas de fora do bairro, sendo isto perceptível pela forma como as pessoas se vestem, como chegam ao local (de uber) e até mesmo pela forma de falar.

No limite do bairro com o Andaraí, tem um hipermercado Extra que antigamente era uma fábrica têxtil que fornecia tecido para confecção de uniformes do exército brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. O mais interessante é que foi mantida a estrutura original da fábrica. Surgiu uma vila de trabalhadores no entorno e tanto a fábrica quanto a Vila fazem parte da área de proteção do ambiente cultural desde 1993. A Vila Operária mantém sua estrutura e as famílias de seus moradores originais, os trabalhadores da fábrica Confiança. O escritor Nelson Rodrigues morou lá a partir de 1916 e imortalizou o sub-bairro em suas crônicas e contos. O comportamento das pessoas da Vila é característico e forte entre eles, como se fosse de fato uma coisa a parte de Vila Isabel, por mais que se interpenetrem. Aqui, cabe bem um trecho de “A alma encantadora das ruas”, de João do Rio:

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