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Arena econômica

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Por:   •  5/11/2013  •  Tese  •  3.127 Palavras (13 Páginas)  •  251 Visualizações

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A década de 90 foi marcada por profundas transformações tanto no cenário econômico nacional, como no internacional, resultantes de modificações de fundo nas estruturas produtivas de cada país. Observou-se nas relações comerciais entre os países uma maior convergência nas estruturas de demanda, devido à universalização dos padrões de consumo e de oferta de produtos nos diferentes países. Além disso a derrubada das fronteiras nacionais, a intensificação do comércio e dos investimentos em nível mundial e a necessidade de se estar cada vez mais próximo dos mercados são algumas das características determinantes do cenário internacional. A inserção de um país nesse cenário produz efeitos profundos sobre a estrutura da economia interna: a configuração interna de preços relativos de bens e serviços fica mais próxima da configuração existente no mundo e por essa passa a ser influenciada. No que se refere à alocação de recursos, as flutuações macroeconômicas internacionais transmitem-se mais rapidamente à economia interna. A política econômica fica condicionada às regras universalmente aceitas, o que reduz drasticamente o grau de arbítrio do governo na sua ação fiscal, monetária e cambial, e há uma tendência à uniformização da legislação econômica dos países, induzida pela necessidade de gerar um ambiente competitivo com o resto do mundo.

O Brasil, após um regime político autoritário e fechado, e economicamente de um regime de desenvolvimento autárquico, voltado para dentro, passou por um rápido processo de transição para a abertura econômica e comercial, iniciado na virada da década de 90. A partir de então a economia brasileira reestruturou-se, com o Estado deixando de atuar ativamente no setor produtivo, privatizando grande parte das chamadas empresas estatais, e integrou-se com a economia internacional, de maneira não muito planejada, sendo cada vez mais dependente e influenciada pela lógica do mercado externo. Além disso, após resolver problemas políticos importantes como a redemocratização a partir de 1985, a economia brasileira passou a conviver com problemas econômicos crônicos, como o descontrole inflacionário, que desestabilizava e estagnava qualquer tentativa de XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção

Crescimento econômico. A taxa anual de inflação quadruplicou entre o início de 1985 e o final de 1988 (ABREU, 1990) e atingiu 81% ao mês em março de 1990 (BAER, 1996). Esse cenário se estendeu até 1994, quando a implementação do Plano Real conseguiu controlar a inflação de maneira mais efetiva, porém com um ônus elevado para a economia como um todo. O artigo tem por objetivo analisar Plano Real, enfocando seus pontos fortes e fracos, contextualizando-o com o cenário econômico da década de 90, enfatizando seus possíveis impactos na economia brasileira. O Cenário Econômico Brasileiro na Década de 90 .

O Brasil adotou, nas décadas de 50 a 80, um estilo de desenvolvimento autárquico ou voltado "para dentro", apoiado na proteção generalizada ao mercado interno e nos controles cambiais. Se, de um lado, esse modelo de industrialização induzida (substituição de importações), com intensa participação estatal na atividade econômica conseguiu implantar um parque industrial relativamente moderno no país, de outro, produziu grande ineficiência na estrutura de produção, consumo e intermediação financeira. A década de 80, foi considerada uma década perdida para a economia brasileira, devido aos inúmeros problemas políticos e econômicos que assolaram o país, com os indicadores de desempenho macroeconômicos bem abaixo dos da década de 70, quando o Brasil viveu o chamado “milagre econômico”. Pinheiro et al. (1999:13), considerando dados projetados para o ano de 1999, destacam que a década de 90 também pode ser considerada uma década perdida, ainda pior do que a década 80, quando se compara o desempenho macroeconômico do país nas duas décadas: “nos 10 anos de 1990 a 1999, o PIB terá crescido em média de 1,7% a.a. (2,9% a.a. em 1980-1989), a inflação anual ficado em média em 278% (272,5% em 1980-1989), a taxa de investimento média a preços constantes de 1980 em 15,9% do PIB (18,2% do PIB nos anos 80), as exportações crescido em média 4,5% a.a. (8,5% a.a. em 1980-1989), e a taxa de desemprego ficado em média 5,7% (contra 5,4% na década passada)." Apesar desse desempenho desfavorável, alguns dados positivos devem ser ressaltados sobre a década de 90, como o controle inflacionário, a relativa estabilidade econômica, a abertura e integração da economia brasileira com o mercado externo, podendo ser os dois últimos serem interpretados como positivos ou negativos, se considerar as conseqüências e o ônus que a economia brasileira passou a incorrer. Dando prosseguimento aos processos de abertura econômica e de integração externa, iniciados no governo Collor, Fernando Henrique Cardoso, revogou todas as medidas de favorecimento dos capitais nacionais em face dos estrangeiros, privatizou a produção estatal, alterando o relacionamento entre os modos de produção. Com isso, o modo capitalista de produção deixou de ser tutelado pelo Estado e sua integração ao grande capital global, controlado por residentes nos chamados países centrais, vem sendo sistematicamente fomentada. Neste cenário o papel do Estado na economia brasileira mudou drasticamente, passando de um Estado-empresário, que procurava impulsionar o desenvolvimento econômico definindo diretamente onde os fatores de produção deveriam ser alocados, para um Estado regulador e fiscal, mudando o foco da simples acumulação de capital para uma busca de eficiência e produtividade (PINHEIRO, 1999). Paralelo a essa abertura, a economia do país apresentava um quadro crônico de inflação, o qual persistia apesar dos diversos planos de estabilização que tentaram pôr-lhe um fim. Inflação essa, vista como resultado da má vontade dos governantes em controlá-la, devido ao fato de financiar grande parte dos seus gastos com o chamado "imposto inflacionário". XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção

Na visão de Arida (1999), a inflação brasileira era predominantemente inercial pois seu maior determinante era a inflação passada, em um processo no qual a inflação futura era alimentada e acelerada por ela. Adicionalmente, Batista Jr. (1999), identifica o déficit público como uma causa fundamental do processo inflacionário, uma vez que só seria possível combatê-la com o equilíbrio das contas do governo. Pereira (1998) numa visão um pouco controversa destaca que, a explicação da inflação da economia brasileira não é válida nem a partir do déficit público, pois este foi zerado em 1990 e 1991, e a inflação permaneceu em alta; nem a partir do crescimento da oferta monetária,

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