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Bases teoricas dissertação

Por:   •  30/11/2015  •  Dissertação  •  3.706 Palavras (15 Páginas)  •  169 Visualizações

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CAPÍTULO I

BASES TEÓRICAS

Neste capítulo apresento as teorias que embasaram esta pesquisa.  Discuto sobre Letramento Crítico e Multiletramentos, com base em Freire (1987, 1996), Gee (1996); Paes de Barros (2009), (2010), (2012, no prelo); Cassany (2005); Shör (1997); Pereira (2009). Teço breves considerações acerca da Análise Crítica do Discurso (ACD), abordagem essa proposta por Fairclough (1992), (2001) (2003) Chouliiaraki e Fairclough (1999), Resende e Ramalho (2009).

Letramento

Paulo Freire (1970) aborda que o diálogo é o ponto de encontro do homem com o mundo que o cerca, portanto não pode ser reduzido ao ato de depositar ideias de um sujeito em outro, nem tampouco ser simples troca de ideias, porque nele os homens se encontram para libertarem-se. A amplitude do pensamento de Freire nos dá uma dimensão do pensamento crítico e da importância do Letramento para a transformação da qual queremos ser protagonistas em nosso local.

A meu ver, o Letramento adota uma nova perspectiva sobre a leitura, incluindo aqui a que pretendo realizar neste trabalho, através da análise das Orientações para o Ensino de Língua Inglesa de Mato Grosso, daqui por diante OCENs MT. Portanto, Letramento implica em uma concepção que nasce da necessidade real de compreender a realidade que nos cerca, inclui toda uma gama de conhecimentos e práticas sociais, representadas por valores e atitudes dentro do contexto em que vivemos. Mais uma vez me reporto a Freire, que relaciona o ato de ler ao ato de empoderar-se, o que nos torna senhores das decisões e das escolhas que fazemos nos influenciando em diversos segmentos sociais de que fazemos parte, ou seja, letramento nos leva além da consciência, ao comprometimento, uma vez que, tal poder é o que nos insere no mundo como atores e não como meros expectadores.

O termo letramento surgiu na década de 80, a partir da necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e escrita mais avançadas que o simples ato de ler ou escrever. No Brasil, o termo “letramento” foi usado pela primeira vez por Mary Kato, em 1986, na obra intitulada "No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística". Recentemente, o termo passou aparecer em títulos de livros, por exemplo: Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita, organizado por Ângela Kleiman (1995), e Alfabetização e letramento (TFOUNI, 1995).

Alem desses autores, Street (1994) define Letramento a partir das práticas de leitura e escrita, que por si precedem prática sociais, que jamais serão neutras, pois estão dentro de uma ideologia.  Ainda Street (1984, p. 47) afirma que:

seria mais apropriado referirmo-nos a “letramentos” do que a um único letramento, e devemos falar de letramentos, e não de letramento, tanto no sentido de diversas linguagens e escritas, quanto no sentido de múltiplos níveis de habilidades, conhecimentos e crenças, no campo de cada língua e/ou escrita. Street (1984, p. 47) 

Kleiman (1995, p. 81) define letramento “como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”.

O fato é que como professores, por desconhecerem as teorias que embasam o fenômeno do Letramento, incorrem no engano de situá-lo como um método didático e “salvador” que substitui a alfabetização. Segundo Kleiman (2008), Letramento é algo muito mais amplo que ultrapassa os limites da escola.

Novos letramentos

Ao propor a discussão de novos letramentos, refiro-me às necessidades atuais e urgentes que emergem do mundo globalizado em que vivemos de adquirirmos novas habilidades e estratégias fundamentais como ferramentas de interação com as tecnologias cada vez mais avançadas e complexas que nos rodeiam e fazem parte da comunicação e que mudam constantemente. Ao me dar conta disto, após essas leituras, compreendo que tomar consciência dos novos letramentos implica também em desestruturar as relações de poder que permeiam o sistema organizacional de ensino brasileiro e de Mato Grosso, do qual faço parte. Então me dei conta de que o professor dentro dessa esfera deixa de ser o centro, o detentor do conhecimento, aquele que deveria ensinar como se faz, para ser o que passa, dentro desta perspectiva, a dividir o espaço da sala de aula tão seu, com os alunos que por sua vez conhecem inúmeros e diferentes novos letramentos, dominam tecnologias diversas, as quais o professor ainda busca aprender. A construção do conhecimento transforma-se em uma iniciativa de colaboração dentro dos espaços de aprendizagem sejam eles definidos pela internet e outras Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) ou pelas relações presenciais.

Letramento crítico

Para Gee (apud Lankshear, 1997), letramento crítico é a habilidade de aproximar, relacionar discursos, a partir dos elementos variados que propõem questionamentos e reflexões sobre as relações de poder entre e dentro do discurso. Assim o letramento crítico exige a criação de um novo discurso, que, por sua vez, não é neutro, pois propõe mudança e novos questionamentos ao meio social no qual circula.

Pereira (2009) discute ser o discurso ideologicamente “enviesado”, o que representa sempre modelos culturais a partir de um determinado ponto de vista. Nesse sentido, os textos e porque não dizer os documentos oficiais contribuem para reafirmar as relações de poder existentes ou que se queiram construir para a massificação de discursos sem passá-los pelo crivo da criticidade. A autora ainda reporta que o letramento crítico vai além da construção de significados, chega à análise questionadora que é capaz de revelar o poder social oculto por trás dos textos e aponta que a finalidade do ensino do Letramento crítico (Literária crítica) para formação dos educadores seria no sentido amplo do termo, ou seja, instrumento de crescimento pessoal e igualdade de oportunidades, justiça social (Gee 1996).

Para Cassany (2006) a teoria crítica propõe uma investigação científica a serviço da vida cotidiana. O autor cita Giroux (1988) que afirma que o pensamento crítico vê o conhecimento como instrumento mediador entre os interesses, valores, crenças e a problematização dos discursos (textos). Portanto, ao ler e escrever não reproduzimos somente regras ortográficas e convenções gramaticais, mas adotamos uma atitude, e baseados nas concepções implícitas em nossas crenças e valores, somos capazes de construir outras concepções sobre a realidade ou uma determinada realidade.  Daniel Cassany (1996) defende que cada um se apresenta e se constrói como indivíduo dentro de um coletivo.

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