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Cancer De Mama

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Por:   •  24/3/2014  •  2.810 Palavras (12 Páginas)  •  236 Visualizações

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O tratamento do câncer de mama evoluiu muito nos últimos anos. Não faz muito tempo, quando surgia um tumor, o cirurgião retirava a mama inteirinha, o músculo que ficava abaixo dela, os gânglios todos da região axilar e a pele ficava ondulada sobre o gradeado costal, possibilitando distinguir com clareza a anatomia das costelas.

Atualmente, as cirurgias costumam ser muito econômicas, porque os diagnósticos são cada vez mais precoces. Com frequência, o que se faz necessário é a retirada de pequenos fragmentos da mama e de alguns gânglios debaixo do braço.

Essa evolução no tratamento representou um grande avanço para a saúde da mulher e proporcionou melhor entendimento do processo da carcinogênese, isto é, do mecanismo que leva à transformação de uma célula normal em célula maligna. Na grande maioria dos casos, a mutilação do passado tornou-se coisa obsoleta.

MASTECTOMIA X CIRURGIAS CONSERVADORAS DA MAMA

Drauzio – A que se deve essa mudança no paradigma do tratamento do câncer de mama que possibilitou realizar cirurgias mais conservadoras no lugar das mastectomias radicais?

Sérgio Simon – Na verdade, foi o melhor entendimento do processo de evolução do câncer dentro da mama. Como se conhece melhor o caminho por onde o tumor se dissemina, hoje se consegue, com uma cirurgia de menor porte, fazer um cerco completo ao redor das células malignas.

Não se pode deixar de dizer, porém, que as cirurgias radicais constituíram um avanço fundamental na história da medicina, porque possibilitaram curar muitas mulheres que estavam fadadas a morrer de câncer. No entanto, com o passar dos anos, percebeu-se que para tumores pequenos, com até 2,5cm ou 3cm, não fazia sentido indicar uma cirurgia tão vasta, embora a mastectomia seja ainda a solução para tratar tumores maiores.

Cabe registrar ainda que, em 2002, foram realizadas duas retrospectivas avaliando os resultados da mastectomia e da cirurgia conservadora nos últimos vinte anos. A conclusão foi que, em termos de cura do câncer, as duas se mostraram igualmente eficazes.

Drauzio - A possibilidade de reduzir a extensão da cirurgia não resulta só do melhor entendimento da fisiopatologia do câncer, mas também dos diagnósticos que estão sendo realizados mais precocemente, não é?

Sérgio Simon – Exatamente. Na medida em que se localizam lesões microscópicas de 1cm ou 2cm, não há mais justificativa para eliminar a mama inteira. Se o resto está normal, o cirurgião limita-se à área da mama que está doente e aos gânglios da axila, área de drenagem por onde as células malignas podem ter escapado. No passado, eram retirados todos os gânglios para serem examinados e isso ocasionava uma série de problemas: edema (inchaço) no braço operado, falta de proteção contra infecções nesse braço, restrição dos movimentos. Atualmente, utiliza-se uma técnica chamada gânglio sentinela que consiste em injetar contraste colorido ou radioativo na área do tumor para localizar o gânglio em que se acumulou. Em seguida, esse gânglio é examinado para detectar células malignas em seu interior. Se o resultado for negativo, a cirurgia pára aí e ficam apenas dois pequenos cortes, um no local de tumor e outro na axila, que muitas vezes acabam desaparecendo com o tempo.

Além disso, frequentemente mastologistas e equipes de cirurgia plástica trabalham juntos para evitar que a mulher, depois da retirada do tumor por meio desse procedimento cirúrgico, fique com uma mama muito diferente da outra e, na maioria dos casos, os resultados costumam ser bastante satisfatórios.

Drauzio – Existe a possibilidade de se fazer cirurgias conservadoras semelhantes a que foi descrita em mulheres com tumores grandes?

Sérgio Simon – Quando o tumor ultrapassa 3cm, a probabilidade de essa cirurgia ser curativa diminui muito. Em lesões com 4cm, 5cm ou 6cm, o risco de recidiva, isto é, do tumor voltar a aparecer, aumenta em pelo menos 30%. É um risco grande. Por isso, para mulheres com tumores maiores existem duas opções: ou elas fazem quimioterapia antes da cirurgia, a chamada quimioterapia adjuvante, para reduzir o tamanho do tumor de tal forma que três ou quatro meses depois seja viável fazer uma cirurgia conservadora, ou elas são submetidas simultaneamente à mastectomia completa e a uma cirurgia plástica de reconstrução da mama com resultado estético bastante favorável utilizando o músculo do abdômen ou das costas e/ou uma pequena prótese.

No Brasil, a técnica de fazer quimioterapia antes da intervenção cirúrgica conservadora tem sido empregada em 60% ou 70% dos casos.

Drauzio – Em 10% ou 20% dos casos tratados previamente com quimioterapia, a lesão desaparece completamente, não é verdade?

Sérgio Simon – Tanto é verdade que antes de começar a quimioterapia é preciso fazer uma tatuagem na mama para indicar a área em que se localiza o tumor. O cirurgião necessita desse referencial para realizar a cirurgia já que conta com a possibilidade de ele desaparecer com o tratamento quimioterápico.

QUIMIOTERAPIA, RADIOTERAPIA OU HORMONOTERAPIA

Drauzio – Que aspectos pesam na escolha do tratamento do câncer de mama?

Sérgio Simon – Considerando a idade da paciente e as características do tumor levantadas pelo patologista, hoje é possível saber quais são as mulheres com risco de recidiva. Examinando a peça cirúrgica, o patologista tem condições de fazer o diagnóstico e de testar a célula tumoral para uma série de fatores de risco. Ele pode dizer, por exemplo, se o tumor tem receptores hormonais ou não, o que nos dá idéia mais precisa da evolução da doença e da possibilidade de uma recidiva já que mulheres com receptores hormonais têm prognóstico um pouco melhor, enquanto as que não os possuem exigem sempre tratamento mais agressivo.

Com base nesses dados e levando em consideração a idade da mulher, o tamanho inicial do tumor, a presença ou não de gânglios com células tumorais nas axilas, depois da cirurgia monta-se um quadro de risco para a paciente que vai de 5% até 80% de possibilidade de ocorrer uma recidiva fatal e discute-se com ela as opções de tratamento: quimioterapia, radioterapia ou hormonoterapia.

Drauzio – A radioterapia é um tratamento local que apenas protege o órgão que está sendo irradiado. Nas cirurgias conservadoras em que se retira uma pequena parte do seio, ela deve ser sempre indicada?

Sérgio Simon – A radioterapia consiste em raios X de alta tensão que atravessam a mama e terminam por matar os focos

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