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Cap. 5 - A Sociologia De Durkheim

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Por:   •  30/5/2014  •  3.523 Palavras (15 Páginas)  •  658 Visualizações

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Introdução: o que é fato social

Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha-lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.

Em uma de suas obras fundamentais, As regras do método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia — os fatos sociais.

Comte deu o nome de sociologia a essa ciência, mas Durkheim foi um dos seus grandes teóricos.

Émile Durkheim

(1858-1917)

Nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de rabinos. Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transferiu-se em 1902 para Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Mareei Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido como escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da divisão do trabalho social, As regras do método sociológico, O suicídio, Formas elementares da vida religiosa, Educação e sociologia, Sociologia e filosofia e Lições de sociologia (obra póstuma).

Distingue três características dos fatos sociais. A primeira delas é a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.

O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se estabelece a infração e a penalidade subseqüente. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de

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uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence. Diz Durkheim, exemplificando este último tipo de sanção:

“Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável.” (p. 3)

Do mesmo modo, uma ofensa num grupo social pode não ter penalidade prevista por lei, mas o grupo pode espontaneamente reagir penalizando o agressor. A reação negativa a certa forma de comportamento é, muitas vezes, mais intimidadora do que a lei. Jogar lixo no chão ou fumar em espaços particulares — mesmo quando não proibidos por lei nem reprimidos por penalidade explícita — são comportamentos inibidos pela reação espontânea dos grupos que a isso se opuserem.

A educação — entendida de forma geral, ou seja, a educação formal e a informal — desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos. O uso de uma determinada língua ou o predomínio no uso da mão direita são internalizados no indivíduo que passa a agir assim sem sequer pensar a respeito.

A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais.

A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.

A objetividade do fato social

Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para ele, como para os positivistas de maneira geral, a explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.

Além disso, é preciso, segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas prenoções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos. Essa postura exige o não-envolvimento afetivo ou de qualquer outra espécie entre o cientista e seu objeto. A neutralidade exige também a não-interferência do cientista no fato observado. Assim Durkheim imaginava que, ao estudar, por exemplo, uma briga entre gangues, o cientista não deveria

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envolver-se nem permitir que seus valores interferissem na objetividade de sua análise. Para ele, o trabalho científico exigia, portanto, a eliminação de quaisquer traços de subjetividade, além de uma atitude de distanciamento.

Procurando garantir à sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a seu respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.

Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esse rigor, à maneira do método que garantia o sucesso das ciências exatas, definir a sociologia como ciência, rompendo com as ideias e o senso comum — "achismos" — que interpretavam de maneira vulgar a realidade social.

Para apoderar-se dos fatos sociais, o cientista deve identificar,

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