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EPIDEMIOLOGIA

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Por:   •  18/10/2013  •  1.502 Palavras (7 Páginas)  •  1.504 Visualizações

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Epidemiologia, História Natural e Prevenção de Doenças

Maria Zélia Rouquayrol

Epidemiologia & Saúde

PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE

O primeiro período da história natural (denominado por Leavell & Clark [1976] como período pré-patogênese), é a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores próprios do suscetível, até que chegue a uma configuração favorável à instalação da doença. É também a descrição desta evolução. Envolve, como já foi referido antes, as inter-relações entre os agentes etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio-econômico-culturais que permitem a existência desses fatores.

A Fig.2-1(A), mostra esquematicamente que, no período de pré-patogênese, podem ocorrer situações que vão desde um mínimo de risco até o risco máximo, dependendo dos fatores presentes e da forma como estes fatores se estruturam. Pessoas abastadas adoecerem de cólera é um evento de baixa probabilidade, isto é, para os que dispõem de meios, a estrutura formada pelos fatores predisponentes à cólera é de mínimo risco. Em termos de probabilidade de adquirir doença, no outro extremo, encontram-se, por exemplo, os usuários de drogas injetáveis que participam coletivamente de uma mesma agulha, para estes, os fatores pré-patogênicos estruturados criam uma situação de alto risco, favorável á aquisição da AIDS.

Fig 2-1 História Natural da Doença

As pré-condições que condicionam a produção de doença, seja em indivíduos, seja em coletividades humanas, estão de tal forma interligadas e, na sua tessitura, são tão interdependentes, que seu conjunto forma uma estrutura reconhecida pela denominação de estrutura epidemiológica. Por estrutura epidemiológica, que tem funcionamento sistêmico, entende-se o conjunto formado pelos fatores vinculados ao suscetível e ao ambiente, incluindo aí o agente etiológico conjunto este dotado de uma organização interna que define as suas interações e também é responsável pela produção da doença. É, na realidade, um sistema epidemiológico. Cada vez que um dos componentes sofrer alguma alteração , está repercutirá, e atingirá os demais, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. Um novo equilíbrio trará consigo uma maior ou menor incidência de doenças, modificações na variação cíclica e no seu caráter, epidêmico ou endêmico.

San Martin (1981), põe em relevo o sistema formado pelo ambiente, população, economia e cultura, designando este conjunto de sistema epidemiológico-social. Segundo esse autor, qualidade e dinâmica do ambiente sócio-econômico, modos de produção e relações de produção, tipo de desenvolvimento econômico, velocidade de industrialização, desigualdades sócio-econômicas, concentração de riquezas, participação comunitária, responsabilidade individual e coletiva são componentes essenciais e determinantes no processo saúde-doença.

Pode-se entender esse sistema a partir do detalhamento dos fatores que o compõe:

FATORES SOCIAIS

O estudo em nível pré-patogênico da produção da doença em termos coletivos, objetivando o estabelecimento de ações de ordem preventiva, deve considerar a doença como fluindo, originalmente, de processos sociais, crescendo através de relações ambientais e ecológicas desfavoráveis, atingindo o homem pela ação direta de agentes físicos, químicos, biológicos e psicológicos, ao se defrontarem, no indivíduo suscetível, com pré-condições genéticas ou somáticas desfavoráveis.

Moderadamente, os condicionantes sociais da doença considerada em nível coletivo têm sido tratados a partir de dois pontos de vista:

Segundo uma forma de ver, o componente social na pré-patogênese poderia ser definido como uma categoria residual: conjunto de todos os fatores que não podem ser classificados como componentes genéticos ou agressores físicos, químicos e biológicos. Os fatores que constituem esse componente social podem ser agrupados, didaticamente, com vistas a uma melhor compreensão, em quatro tipos gerais cujos limites não se pretende que sejam claros ou finamente definidos:

a. Fatores sócio-econômicos.

b. Fatores sócio-políticos.

c. Fatores sócio-culturais.

d. Fatores psicossociais.

Segundo outra forma de ver e graças aos esforços dos novos epidemiologistas, vem se firmando uma maneira diferente de trabalhar o social. ”Nesses trabalhos, o ‘social’ já não é apresentado como uma variável ao lado dos outros ‘fatores causais’ da doença, mas, antes, como um campo onde a doença adquire um significado específico. O social não é mais expresso sob a forma de um indicador de consumo (quantidade de renda, nível de instrução, etc.). Ele aparece agora sob a forma de relações sociais de produção responsáveis pela posição de segmentos da população na estrutura social”...

“Na explicação do processo epidêmico, fica mais clara a limitação teórica que representa a utilização do ‘social’ como categoria composta por fatores relacionados causalmente com a produção de doenças. A perspectiva de pensar o ‘social’ sob a forma mais totalizante – uma estrutura social particularizada em conjunturas econômicas, políticas e ideológicas – que condiciona uma dada situação de vida de grande parcela da população e um agravamento crítico do seu estado de saúde, dá ao estudo do processo epidêmico na sua real dimensão enquanto fenômeno coletivo”. (Marsiglia et al., 1985.)

Um dos aportes da ciência moderna foi ter percebido a complexidade em intuir totalidades. Com vistas a ultrapassar a deficiência da compreensão humana em captar o todo, a ciência passou a fracionar a realidade circunstante em fatores componentes, de limites mais ou menos arbitrários, a analisar a contribuição de cada um dos fatores artificialmente isolados, e finalmente, a tentar organizar as conclusões parciais e incompletas em um todo coerente. Na verdade, este processo de se buscar o conhecimento da realidade circunstante é dialético:

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