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Educação Jovens E Adultos

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Por:   •  1/3/2015  •  1.619 Palavras (7 Páginas)  •  359 Visualizações

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ESTÁGIO EM EJA: UMA ANÁLISE REFLEXIVA

ESTÁGIO EM EJA: UMA ANÁLISE REFLEXIVA

CARMEN HELENA SAYÃO RUBIRA

DANÚBIA GAUTÉRIO DA VEIGA

RESUMO:

Este texto pretende apresentar a proposta de estágio com suas reflexões e conclusões. Teve execução na Escola Estadual de Ensino Fundamental Marechal Emílio Luiz Mallet, localizada na Rua Amazonas, Esquina Peru, s/n°, na cidade do Rio Grande. Delineamos nossa proposta de estágio visando resgatar a auto-estima dos sujeitos, através da “Leitura do Mundo”. A mesma foi construída a partir da proposta de educação de Paulo Freire e na concepção de Letramento de Magda Soares. Nessa perspectiva, o objetivo era que os alunos adquirissem habilidades para tornarem-se Produtores Textuais de sua própria vida, bem como assumirem postura crítica aos discursos alheios, como forma de “interpretar o mundo” e “transformar a determinação em auto-determinação”. A Metodologia da Mediação Dialética (Arnoni, 2003) foi escolhida para esse projeto por ser capaz de estabelecer relações entre diferentes saberes e de propor aulas diferentes, mais atrativas.

Didaticamente, essa Metodologia que é composta por etapas, interligadas e interdependentes, as quais foram denominadas de Vida em palavras/Identidade e Cidadania/ Nossa Vez e Nossa Voz. Nesse percurso buscamos desenvolver as aulas de alfabetização sem a exigência de memorização de regras e transcrições de cópias sem significados. Em outras palavras, a compreensão de que a construção do saber não é mera decodificação, mas apropriação, pois somente assim, torna-se parte dos pensamentos e das ações individuais, que transformam o social.

1 - INTRODUÇÃO:

Uma das exigências dos cursos de Licenciaturas é o cumprimento de Estágio Supervisionado, ou seja, a prática da docência. Tal atividade também faz parte do curso de Pedagogia, no qual os estagiários utilizam as teorias recebidas durante a formação acadêmica para a construção da prática didático-pedagógica.

O presente trabalho pretende apresentar: as observações feitas sobre as estruturas de funcionamento da escola, as características da turma, as concepções e propostas para os alunos da EJA, a importância das disciplinas dos Anos Iniciais e apresentar a proposta de trabalho para o Estágio Supervisionado.

Esse foi um momento de ansiedade em que a organização das idéias do quê fazer, como fazer, para quem fazer e para quê fazer tornou-se um grande desafio, já que ao longo do curso de nossa formação, as disciplinas pareciam desarticuladas e muitas vezes, sem relevância à prática em sala de aula. No entanto, ao final do Estágio e o planejar deste texto percebemos a validade total das teorias, evidenciada durante toda a etapa supervisionada. Essas teorias não foram integralmente percebidas por nós nos três momentos (Planejamento, Aplicação e Reflexão) que constituíram a prática pedagógica, porque muitas delas estavam guardadas na memória e foram válidas sem que tivéssemos um “lançar mão” consciente. Assim, apenas agora, podemos atribuir valor a toda esta bagagem teórica, já que repensar o Estágio proporcionou uma análise da formação acadêmica como um todo.

Nesse sentido, a autonomia metodológica que desejávamos desenvolver passou por momentos de incertezas que nos levaram a pensar que a mesma não existisse. Isso porque a escola não ensina aos alunos o “aprender a aprender”, levando-os à resistência para a reflexão. Eles acham que não estão aprendendo nada, quando acostumados a métodos tradicionais e ineficientes para a apropriação da lecto-escrita.

Considerando que o desconhecimento, o não domínio da escrita significam, na maioria das vezes, a exposição do sujeito à discriminação e a diminuição do seu valor social e do seu valor enquanto pessoa humana, aliando a idéia de negação à reprodução metodológica impressa na turma em que se desenvolveu a nossa prática é que a Metodologia da Mediação Dialética foi didaticamente empregada.

Assim, esta proposta teve como base de trabalho os textos, objetivando formar não apenas leitores, mas acima de tudo cidadãos críticos, atuantes na sociedade. Vivemos numa sociedade grafocêntrica que não reconhece como sujeitos sociais os indivíduos que não tiveram acesso ao domínio das letras, concedendo-lhes uma cidadania parcial, limitada. Exemplo disso, é o direito do voto, que tiveram-no consagrado pela Constituição de 1988, mas pela metade: votam, mas não podem ser votados, o que representa uma cidadania pela metade.

Quanto à prática docente a que, igualmente fomos aprendizes, importante relatar o papel dos registros reflexivos aula a aula e ao final de cada etapa, para a construção deste texto final que traz em seu interior as nossas limitações, que serviu para a reelaboração do nosso papel de professoras na medida em que tornávamos conscientes das relações que vivíamos podendo atribuir um novo significado às experiências e às vozes que construíam novos discursos.

2 – CONCEPÇÕES - Sociedade, EJA, Educação Libertadora.

Quando escolhemos fazer nosso estágio na EJA, tivemos que investigar quem são essas pessoas, suas visões de mundo, suas expectativas.

Percebemos que a visão de mundo de uma pessoa que retorna aos estudos depois de adulta, após um tempo afastado da escola, ou mesmo daquela que inicia sua trajetória escolar nessa fase da vida, é bastante peculiar. Eles são pessoas comuns que protagonizam histórias reais e ricas por suas experiências vividas, configurando estes jovens e adultos em tipos humanos diversos.

As escolas para jovens e adultos recebem alunos e alunas com traços de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamentos completamente variados e não considera seus traços culturais e psicológicos.

Quando pesquisamos o perfil desses alunos e seus saberes, encontramos no Caderno EJA 1, produzido pelo Governo Federal, um conceito sobre: o saber sensível e o saber cotidiano.

O saber sensível é um saber sustentado pelos cinco sentidos, um saber que todos nós possuímos, mas que valorizamos pouco na vida moderna. É aquele saber que é pouco estimulado numa sala de aula e que muitos professores e professoras atribuem sua exploração apenas às aulas de artes. (p. 6)

O saber cotidiano

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