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Educação Ludica

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Por:   •  14/6/2014  •  3.562 Palavras (15 Páginas)  •  184 Visualizações

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Arte e ensino:

uma possível educação estética

Lurdi Blauth

Introdução

As manifestações expressivas, a atribuição de significados, o acesso aos meio se as idéias presentes no ambiente cultural influem no desenvolvimento do ser humano, ampliando ou restringindo o seu conhecimento e a sua capacidade de apreender o mundo de forma sensível ou não. Parafraseando Merleau-Ponty, o mundo não é restrito ao que pensamos, mas também como articulamos o sentir e o viver. Ou seja, o intelecto não é a única via de conhecimento, uma vez que não conhecemos uma cidade apenas analisando a sua cartografia. É preciso algo mais. É necessário integrarem-se sentimentos e valores, provenientes do envolvimento com experiências vivenciadas. Essas experiências adquirem significado e se completam no momento em que compreendemos a abrangência cultural do sentir, do pensar e do fazer. Portanto, o ser humano não é neutro; é "receptor de sensação e doador de significação, usufruidor de sensação e interrogador de significação" (Soulages, 2004, p. 21).

O homem não cria porque quer, mas porque precisa. O homem, ao tornar-se consciente da sua existência individual, também se conscientiza da sua existência cultural e social. A conscientização inter-relaciona fatores internos e externos e, conseqüentemente, integra as potencialidades individuais com as possibilidades

culturais. A pluralidade de pensamentos, objetivos, necessidades de afirmação e aspirações subjetivas coexistem simultaneamente, orientando os comportamentos sensíveis e conscientes do ser humano. E a cultura é entendida como um processo dinâmico, pois está em constante transformação.

No entanto, para identificar e apreender a própria realidade e a realidade do outro, é fundamental que o ser humano tenha a oportunidade de reconhecer os próprios códigos simbólicos, detectados principalmente nas produções artísticas nas suas

diversas manifestações expressivas. O desenvolvimento das próprias potencialidades criativas propicia a percepção e a análise crítica, também, das potencialidades do outro, oportunizando ao indivíduo tomar um posicionamento mais participativo e transformador da realidade, de forma mais consciente e humana. E a arte é uma das vias do conhecimento que auxilia o ser humano a identificar os sentidos e os significados acerca das suas semelhanças e diferenças.

Nesse sentido, a arte pode contribuir para marcar as diferenças e as especificidades que são visualizadas nas imagens, gestos, formas, cores, ritmos, etc. E a educação pela arte poderia viabilizar meios para o indivíduo compreender e

decodificar as diferentes formas de fazer, pensar e sentir presentes nas representações simbólicas da arte e que perpassam a produções culturais locais, regionais, nacionais e de outros países.

Arte, ensino: uma possível educação estética

Para discutirmos a disseminação de uma possível educação estética acerca das diferentes manifestações expressivas da arte, precisamos levar em conta o fato de que

essa ampliação do conhecimento perpassa pelo educador e pelo aluno. Ou seja, de um lado os educadores vêm munidos de conceitos e preconceitos estéticos, refletindo os

seus próprios códigos acerca dos valores culturais, e, de outro, os alunos provenientes de diferentes espaços e realidades também manifestam em suas experiências as suas vivências culturais, nas suas semelhanças e diferenças étnicas, de gênero, níveis

sociais, etc.

Nesse sentido, o educador – refiro-me ao campo do ensino da arte – tem um papel fundamental no momento em que vai colocar-se e propor experiências estéticas aos alunos, pressupondo desenvolver a capacidade de criação e de percepção dos sentidos

e dos significados presentes na própria cultura e na cultura do outro. O educador precisa continuamente alargar os seus conhecimentos sobre a função da arte no campo epistemológico, procurando entender como estes outros indivíduos expressam a sua subjetividade, estabelecendo uma melhor interação e compreensão com as produções estéticas de outras culturas.

Ou seja, é necessário que o educador vislumbre possibilidades

que oportunizem estabelecer conexões significativas para que os alunos possam identificar e assimilar as diferentes expressões estéticas que, muitas vezes, não têm nenhuma relevância justamente pelo desconhecimento dos seus códigos simbólicos.

O entendimento de que as produções estéticas configuram-se a partir das múltiplas inter-relações culturais, com as suas diversas especificidades, geram possibilidades de enriquecimento mútuo e, também, podem minimizar as diferenças.

No entanto, o que percebemos nas propostas do ensino da arte é uma certa ênfase em conceitos estéticos que privilegiam estruturas e delimitações a partir de um conhecimento erudito, desconsiderando os valores culturais específicos que perpassam os campos diversificados das ações e produções artísticas. Um dos desafios talvez seja a busca de meios e saberes que vislumbrem a decodificação e o reconhecimento dos significados, tanto nas produções estéticas considerada eruditas como nas produções estéticas populares. Nesse aspecto, é fundamental que educadores estejam abertos para a apreensão das manifestações expressivas de outros contextos culturais e que vão além da identificação dos conceitos que balizam a arte européia e norte-americana, sem desconsiderar as produções contemporâneas da arte. A apreciação das produções estéticas observadas em outras culturas, segundo Richter (2003, p. 45), "deve partir de uma visão etnocêntrica, do seu próprio ponto de vista, enfocando as características especiais dessas culturas, suas conquistas culturais.

Partes do currículo são então transformadas, passando a adotar diferentes etnocentrismos em vez do eurocentrismo tradicional".

As proposições do ensino da arte, na perspectiva da diversidade cultural, deveria buscar o desenvolvimento de uma educação estética com o intuito de aproximar os alunos das realizações e das experiências multiculturais, oportunizando a construção

de uma visão abrangente dos seus códigos culturais, ampliando os seus posicionamentos de forma que possam construir uma análise crítica diante das produções consideradas eruditas e populares. Aqui não se trata de considerar o que é bom ou ruim nas produções da arte erudita ou popular, porém de levar em conta que o conhecimento

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