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Fichamento: Carta De Atenas - Le Corbusier

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Por:   •  24/3/2014  •  1.448 Palavras (6 Páginas)  •  2.242 Visualizações

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1. Autor: Le Corbusier

2. Livro: Carta de Atenas

3. Editora: Hucitec - EDUSP

4. Local/Ano: São Paulo - 1993

5. Disciplina: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo

6. Resenha:

“É preciso sempre dizer aquilo que se vê; sobretudo, o que é mais difícil, é preciso sempre ver aquilo que se vê.”

O entre - guerras foi um período significativo para a arquitetura. Tendo a Europa necessidade de reconstrução de boa parte do seu território, o governo se torna um Estado intervencionista necessitando da colaboração dos arquitetos para a sua reedificação, porém impedindo a liberdade de criação. Foi exigida dos arquitetos a construção de conjuntos habitacionais, de bairros inteiros, criação de novas leis urbanísticas, permitindo assim revolucionar funcionalmente e esteticamente a organização do espaço edificado. A partir dessas tentativas de mudanças surgem os CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e o CIRPAC (Comitê Internacional para a Resolução dos Problemas Arquitetônicos Contemporâneos), criados em 1928 por Le Corbusier, reunindo arquitetos do mundo todo com o propósito de reduzir suas propostas de pesquisas e suas conquistas num manifesto, porém a quantidade de questões que foram expostas foram maiores que as soluções. “... os problemas abordados iniciaram-se com o alojamento mínimo e cresceram em complexidade até chegar à cidade funcional.”.

No quarto CIAM, a bordo do Patris II, os assuntos abordados e suas possíveis soluções foram reunidos no documento titulado “Carta de Atenas”, que tratava de uma cidade funcional atendendo toda a população e suas possíveis necessidades de bem-estar decorrente dos avanços técnicos e de “alternativas políticas muito precisas,”. A cidade deveria organizar-se para satisfazer as quatro necessidades básicas do homem (“as chaves do urbanismo”): habitar, trabalhar, recrear-se e circular.

A cidade se forma a partir de rios, morros e vales já a unidade administrativa se forma a partir de aglomerações onde cidades se unem a outras em decorrência de seu crescimento e de usos e costumes comuns, já o homem se desenvolve a partir de dois fatores contraditórios: o individual e o coletivo. Vivendo no coletivo o homem colabora direta ou indiretamente na sociedade que o mantém. Se a sociedade é sábia “a vida do indivíduo é ampliada e enobrecida.”, caso contrário “este, enfraquecido e entregue à desordem, só traz a cada um de seus membros rivalidades, rancor e desencanto.”.

Tendo os indivíduos da sociedade características particulares como raça, credo e sabedoria, “multiplicam a diversidade dos empreendimentos...”. O fator econômico é um elemento que determina o poder que a sociedade terá e a política impõe seus regulamentos e modalidades a fim de assegurar o comando da sociedade. Com o passar dos anos e o desenvolvimento acelerado as cidades podem prosperar ou decair. “À medida que o tempo passa, os valores indubitavelmente se inscrevem no patrimônio de um grupo, seja ele cidade, país ou humanidade;”. Isso vale também para as obras arquitetônicas. Com o surgimento da máquina, alterou-se o modo de vida da sociedade. Grupos que viviam nas regiões rurais e que cultivavam o trabalho manual e artesanal começam a se dirigir para os centros das cidades aglomerando-se e desorganizando as condições de vida. As moradias mal conseguem abrigar as famílias, corrompendo as necessidades fundamentais.

A construção das habitações nas cidades deveria respeitar as necessidades fundamentais do homem e as propostas do CIAM: o sol, a vegetação e o espaço. Porém não foi assim que sucedeu. Com o êxodo do campo para a cidade as moradias começaram a se verticalizar não tendo em seu interior as condições mínimas com relação às necessidades do homem tornando o local decadente e corrompendo corpo e espírito. Nenhuma legislação interferiu para assegurar a melhoria dessas condições, para alguns era comum destinar a construção das habitações da população menos favorecida em locais negligenciados, cobertos de fuligem, com falta de insolação e em contrapartida os locais arejados, com alta insolação e com boas paisagens serviam apenas para os mais favorecidos. O correto seria a formação de um plano capaz de atribuir a cada indivíduo e a cada função seu devido lugar (zoneamento), porém mesmo com a criação desse plano ainda existiam as diferenciações entre classes. “As cidades, tal como existem hoje, estão construídas em condições contrárias ao bem público e privado.”, “A era da máquina, ao modificar brutalmente determinadas condições centenárias, levou-as ao caos.”. O correto seria os melhores lugares da cidade, com belas paisagens, ar mais puro e áreas verdes, serem destinados a habitação. Os setores habitacionais deveriam ser ditados pelas condições de higiene, espaços reservados para esporte, local de educação próximo, densidade razoável, insolação mínima para cada moradia e distanciando-se das vias de comunicação. Com a divulgação do estatuto do solo “...e dentro dos limites das regras estabelecidas por esse estatuto, será dada toda a liberdade à iniciativa privada e à imaginação do artista.”.

“A manutenção ou a criação de espaços livres são, portanto, uma necessidade e constituem uma questão de saúde pública para a espécie.", afinal após exaustivas horas de trabalho são necessárias horas livres de descanso ou lazer que são divididas em: cotidianas, semanais ou anuais, “As horas de liberdade cotidiana devem ser passadas nas proximidades da moradia. As horas de liberdade semanal permitem a saída da cidade e os deslocamentos regionais. As horas de liberdade anual, isto é, as férias, permitem verdadeiras viagens, fora da cidade e da região.”, ou seja, as áreas reservadas ao lazer, independente, devem existir em todas as localidades do país para atender as necessidades de todas as faixas etárias. E quanto às superfícies verdes, estas deveriam estar diretamente ligadas aos locais próximos da habitação tendo um papel útil e caráter coletivo como creches, ginásios, escolas, unidades básicas de saúde, sendo uma extensão da habitação.

“O desenvolvimento industrial depende essencialmente dos meios de abastecimento de matérias-primas e das facilidades de escoamento dos produtos manufaturados.”. As indústrias se instalaram nas cidades e/ou em seus arredores, construindo vias férreas e utilizando os canais fluviais para o recebimento e o escoamento de suas mercadorias. “Implantadas no coração dos bairros habitacionais, as fábricas aí espalham suas poeiras e seus ruídos. Instaladas na periferia e longe desses bairros, elas condenam os trabalhadores a percorrer diariamente longas distâncias...”. Essas distâncias entre local de trabalho e local de habitação devem ser reduzidas. As fábricas devem se estabelecer próximas as vias de comunicação desenvolvendo linearmente seus próprios setores habitacionais estes, separados por grandes áreas verdes.

“O problema é criado pela impossibilidade de conciliar as velocidades naturais, do pedestre ou do cavalo, com as velocidades mecânicas dos automóveis, bondes, caminhões ou ônibus.”, porém a circulação é algo imprescindível na rotina atual. Para a melhoria da circulação seriam necessários estudos das vias para saber qual será sua destinação, como por exemplo: receber pedestres, automóveis de pequeno porte ou automóveis de grande porte, e assim fazer as devidas melhorias.

“A vida de uma cidade é um acontecimento contínuo que se manifesta ao longo dos séculos por obras materiais, traçados ou construções... São testemunhos preciosos do passado que serão respeitados, a princípio por seu valor histórico ou sentimental,... alguns trazem em si uma virtude plástica na qual se incorporou o mais alto grau de intensidade do gênio humano.”

No CIAM de Atenas, trinta e três cidades de diversos continentes foram analisadas e todas sofreram o mesmo problema proveniente da era maquinista. “A cidade não corresponde mais à sua função, que é a de abrigar os homens e abrigá-los bem.”, “Esta situação revela, desde o começo da era do maquinismo, o crescimento incessante dos interesses privados.”. Os princípios do urbanismo moderno (habitar, trabalhar, recrear-se e circular) foram elaborados por diversos profissionais que vão desde a área da saúde até técnicos em construção, porém, para que os princípios se tornem regras, é preciso que os órgãos administrativos aceitem essas transformações. “É necessário portanto que a autoridade seja esclarecida e, depois, que ela aja.” O urbanismo tem a obrigação de garantir a liberdade individual e coletiva ao mesmo tempo. Para o urbanismo, a maior preocupação é com o habitar, sendo assim, a região a qual a cidade pertence deve ser estudada e um novo plano será criado, substituindo o plano municipal por um plano regional “capaz de levar o equilíbrio à província e ao país.”, mas parte de cada cidade essa atitude de estabelecimento de metas e programas. Como programa pode-se pensar nas moradias formando as unidades habitacionais estendendo-se para a comunidade (unidade-moradia), ou seja, facilitar a circulação entre casa, escola, lazer, assistência médica. E a partir das unidades-moradias estabelece as relações com as áreas de trabalho e lazer. O maquinismo que gerou o caos das cidades, nesse momento de construção e criação é o maior aliado, pois com ele surgiu novas técnicas de edificações que abrem um leque de opções. Mas para que todas essas mudanças possam ocorrer, é necessário que os poderes públicos, sociais e econômicos estejam decididos a mudar.

“A arquitetura é responsável pelo bem-estar e pela beleza da cidade.”

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