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Por:   •  23/6/2014  •  Seminário  •  908 Palavras (4 Páginas)  •  201 Visualizações

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Antes de mais nada, cumpre rever a noção de texto, para empregar o termo com propriedade ao tratarmos da produção textual escolar.

A questão é controvertida. Chega-se, às vezes, ao paradoxo de definir “não-texto” como um texto incoerente. Um texto incoerente não deixa de ser um texto.

Michel Charoles sustenta que não há propriamente texto incoerente, alegando que o receptor do texto age como se este fosse sempre coerente e faz tudo para calcular seu sentido; e, nessa tarefa, é sempre possível encontrar um contexto, uma situação em que a seqüência de frases dada como incoerente se torne coerente, vindo a constituir um texto (Charoles, 1978).

Kock & Travaglia contestam Charolles, dizendo que em textos longos não se permitem ao receptor procedimentos sugeridos por ele. Estes autores ilustram seu argumento com um exemplo de texto incoerente, que transcrevemos abaixo (1989, p.32).

(01) "João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente dava para o leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as folhagens não lhe permitiam ver distintamente; entretanto, observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto, verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para alistar-se no Exército; e, em todo esse tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver o pai, desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar".

(Texto cedido pela Prof Mary A. Kato)

O que torna o texto irremediavelmente incoerente, sem possibilidade de criação de sentido, não é apenas a extensão dele, mas sua inaceitabilidade. Ele contém profundas contradições. Não obstante todas essas contradições, o texto poderia, numa leitura desatenta, passar por um texto coerente.

Fizemos a leitura desse texto numa turma de sétima série e em três turmas de segundo ano do 2º Grau. Antes da leitura para a sétima série, apenas dissemos aos alunos que se tratava de um texto bonito e tocante e que eles deveriam fazer uma redação sobre ele.

Após a leitura, muitos alunos não se lembravam suficientemente dos detalhes para fazerem uma redação completa da história. Alguns nos procuraram para apontar uma ou outra contradição. Houve quem produzisse textos, em que as distorções não apareciam, recuperando assim a coerência. Em suma, para a maioria, o texto tinha um sentido.

Transcrevemos abaixo um desses textos:

(02)" Um homem vivia no alto de uma colina, no meio do mato. Na frente da sua casa tinha um gramado bem verde. No dia do seu aniversário, ele recebeu a visita de seu filho que não via há muito tempo. Seu filho tinha se alistado no exército e ficou muitos anos sem ver o seu pai. Até que um dia resolveu pegar um cavalo e ir ver seu pai. O encontro dos dois foi emocionante. O filho chorou quando abraçou o pai".

No 2º Grau, pedimos aos alunos que prestassem muita atenção à leitura do texto,

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