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HISTORIA DA EAD

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Por:   •  16/10/2013  •  4.801 Palavras (20 Páginas)  •  245 Visualizações

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Contextualizando o Léxico como Objeto de Estudo: Considerações Sobre Sinonímia e Referência

Introdução: a semântica abstrato-conceitual

A lingüística da chamada linha "formalista" submeteu o seu objeto de estudo a um processo de idealização que o retirou de qualquer contexto de uso, o homogeneizou, o regularizou e o sistematizou dentro de moldes aceitáveis de cientificidade (Halliday,1985). Isso significou, segundo Sampson (1980), que os estudos da linguagem passaram a abordar o seu objeto como uma "espécie de entidade que pudesse ser descrita objetivamente da mesma forma que os outros elementos do mundo natural" (:17).

O estudo do significado, entretanto, não parecia se adequar aos moldes formalistas da lingüística estruturalista. Talvez por essa razão, a lingüística dita "dura" tenha excluído a semântica justamente pela natureza multi-dimencional e plural de seu objeto: o significado. As diversas concepções do que seria "significado" parecem apontar para a dificuldade de se definir e de se investigar sistematicamente um objeto dessa natureza. Algumas dessas concepções tratam o significado como "unidade cultural" (Eco, 1974), "representação mental" (Jackendoff, 1992), "invariante semântico" (Jackobson, 1988), ou ainda, um "conjunto determinado de interpretações de um símbolo" (Sperber, 1974). O clássico estudo de Ogden e Richards (1923,1985) identifica 16 diferentes "significados para significados". Essa pluralidade significativa fez, e ainda faz, com que o significado represente "uma palavra suja para os lingüistas" (Ullmann, 1987: 148), como também uma área bastante negligenciada pelos estudos lingüísticos. Como coloca Jackobson (1988:33):

"Os lingüistas fizeram o impossível para excluir a significação e todo recurso à significação, da lingüística. Dessarte o campo da significação permanece uma terra de ninguém. Esse jogo de esconde-esconde deve terminar. Por anos e décadas temos lutado no sentido de anexar os sons da fala à fonologia. Devemos agora abrir uma segunda frente: estamos diante da tarefa de incorporar as significações lingüísticas à ciência da linguagem".

A semântica "incorporada à ciência da linguagem" ressurge, assim, dentro dos moldes dessa mesma ciência. Para isso, a noção de significado só pode ser introduzida na ciência "após ter sido suficientemente circunscrita" (Sperber, ibid).

Enquanto o estruturalismo buscava a identificação de regularidades em um objeto descontextualizado no âmbito da sintaxe, a semântica colocava o seu objeto em uma dimensão também bastante formal, criando assim o que Marques (1990) chama de "semântica abstrato-conceitual". Nesse paradigma, podemos identificar a análise componencial (ver, por exemplo, Pottier, 1978 e Bendix, 1966), onde os componentes semânticos da palavra são investigados, a análise da "representação mental" do conceito (Jackendoff, 1982) e o estudo das relações de sentido entre palavras dentro de uma campo semântico. Em todos esses casos, parte-se do pressuposto da possibilidade de um "núcleo significativo" inerente ao signo. Em outra palavras, para usar o conceito da metáfora do canal introduzido por Reddy (1990), o signo lingüístico como elemento denotativo seria uma espécie de "receptáculo" de um ou mais significados, dependendo do grau de polissemia da palavra. Assim, a palavra, em última análise, conteria um "significado" (um conteúdo) que seria compartilhado pelo léxico mental dos falantes de uma língua. Caberia ao semanticista, dentro de um recorte componencial, por exemplo, identificar as marcas específicas desse núcleo como também os seus traços semânticos mais característicos que o distinguiriam de um outro similar.

O objeto de estudos lingüísticos, no entanto, tem sido, nas últimas décadas, re-inserido no que podemos chamar de "dimensão contextual". A sociolingüística, a lingüística textual, a gramática funcional, a teoria da enunciação e as diversas tendências da análise de discurso, por exemplo, ampliaram esse objeto, introduzindo diferentes aspectos do "contexto" em suas investigações. Apesar desses aspectos serem de naturezas diversas, e caracterizarem também diferentes dimensões contextuais, eles têm em comum o fato de não pressuporem uma literalidade inerente à palavra, irem além da frase enquanto unidade de análise lingüística, e levarem em consideração a natureza dinâmica da linguagem. A lingüística textual de Halliday, por exemplo, estuda os aspectos lingüísticos que estabelecem a coesão textual. O objeto, no caso o texto definido como "co-texto", ainda pode ser considerado bastante formal, já que Halliday opta por uma abordagem que exclui os aspectos "exofóricos" do texto (o que não é marcado lingüisticamente no texto, isto é, o que estaria na dimensão do contexto não verbal e não do co-texto). Mesmo assim, a frase, a unidade primordial da sintaxe, não está mais isolada de um contexto de significação. O texto em si forneceria vários elementos para uma análise lingüística que pudesse levar em conta a produção de sentidos através de relações ou elos de coesão.

Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é propor uma possível interface entre a semântica e a lingüística textual a partir da relação entre dois de seus principais conceitos, respectivamente: a sinonímia, baseado no significado denotativo, e a referência, que define e é definida pelo significado textual. Serão feitas também considerações acerca da função expressiva da referência, normalmente vista a partir de sua função referencial no âmbito do texto. Uma análise sucinta de exemplos retirados de um texto servirá de ilustração para as questões a serem aqui tratadas.

A sinonímia

A sinonímia é um dos conceitos mais tradicionais e conhecidos da semântica. Parte até mesmo da metalinguagem popular, a sinonímia é também bastante explorada como recurso pedagógico para a expansão de vocabulário. A artificialidade e a pouca eficácia desse recurso já foram apontadas por lingüistas e educadores (Hatch e Brown,1996). Mesmo assim, a sinonímia ainda representa um conceito recorrente nos estudos semânticos, além de ser essencial no âmbito da lexicografia, onde palavras sinônimas (ou hiperônimas) são usadas em definições de dicionários. Há também, no discurso metalingüístico, as referências explícitas a possíveis sinônimos de um termo e até mesmo dicionários de sinônimos. Neste trabalho

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