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Infancia E Adolescencia

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Por:   •  10/2/2015  •  1.757 Palavras (8 Páginas)  •  264 Visualizações

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Material de apoio para entrevista com o objetivo de:

REGISTRAR AS HISTÓRIAS

Cada um de nós carrega dentro de si, lembranças e vivências, momentos marcantes, experiências prazerosas ou difíceis, marcos de mudança, e descobertas. E, cada memória, cada experiência vivida, que nos parece tão particular, está repleta das memórias e das experiências dos grupos a que pertencemos reflete a história de um tempo. Por isso, a história de vida de toda pessoa é valiosa e merece ser preservada e socializada. O registro da história é o primeiro passo para isso e pode ser feito em um depoimento escrito, em uma gravação de áudio ou vídeo, por meio de uma entrevista, ou ainda um relato coletivo produzido numa roda de histórias.

Vamos aqui, propor situações para que a memória de cada um possa emergir, ser registrada e compartilhada, pois registrar, difundir e articular as visões, práticas, sonhos é uma forma poderosa de construir fontes alternativas para a compreensão dos processos históricos.

Entrevista

Entrevistar uma pessoa é ajudá-la a revelar sua história de vida como narrativa construída a partir de suas memórias, daquilo que viveu e conheceu. Por isso, a entrevista pressupõe a interação entre quem conta, o entrevistado e o entrevistador. Cabe ao entrevistador auxiliar o entrevistado a organizar as lembranças de sua vida em uma narrativa própria.

Nesse caso, a entrevista é uma prática de interação entre dois lados: quem conta e quem pergunta/ouve. Ao contrário de um “interrogatório” ou “questionário”, o que se busca é criar um momento de troca e diálogo entre as duas partes, sendo que o assunto da conversa é a história de vida de uma delas. Podemos dizer que a entrevista é um produto em co-autoria do entrevistado e do entrevistador.

Busca-se transformar a entrevista num momento solene, até mesmo sublime, em que a pessoa possa se religar a sua memória e contar sua história, com ajuda de um entrevistador atento e respeitoso. É como puxar o fio da memória e deixar que a narrativa flua.

Costumamos dizer que, para uma boa entrevista, pode bastar uma primeira pergunta. A partir de então, é saber ouvir uma história que muitas vezes está simplesmente guardada, pronta para ser contada. Cabe ao entrevistador auxiliar a pessoa a organizar as lembranças que vêm à tona em uma narrativa própria.

Cada entrevistado não é entendido, portanto, como uma mera fonte de “informações” sobre o assunto, mas, sim, como uma pessoa que de alguma maneira vivenciou um pedaço daquela história. Neste sentido, sua narrativa de vida é, em si mesma, a principal fonte que se quer coletar.

De fato, quando ouvimos uma história, estamos recebendo um presente delicado e profundo de alguém: sua história de vida. Cuidados especiais podem ser tomados para retribuir ao entrevistado seu presente: uma cópia de sua entrevista, um certificado, uma carta de agradecimento etc. Além do reconhecimento por sua participação, todos estes cuidados constituem estratégias para que o entrevistado se conscientize da importância de sua história e dos desdobramentos que ela pode ter ao ser integrada às histórias de sua comunidade e da sociedade como um todo.

Alguns pontos sobre o papel e a postura do entrevistador:

A entrevista pode ser realizada por duas pessoas: uma assume a interlocução direta com o entrevistado e a outra observa e, com uma visão do todo, percebe os “ganchos” perdidos e ajuda a complementar.

Uma entrevista de história de vida dura, no mínimo, uma hora e meia, mas pode também ter mais horas de duração, em várias sessões.

O entrevistado é o autor principal da narrativa. É ele quem deve determinar o ritmo, o estilo e o conteúdo da sua história. No entanto, o sucesso da entrevista depende muito do entrevistador. Cabe-lhe ajudar o entrevistado, fazendo perguntas, estimulando seu relato. É importante, portanto, se preparar para esse momento. A elaboração de um roteiro da entrevista ajuda bastante.

O roteiro, porém é apenas um estímulo. É necessário estar totalmente disponível. Ser curioso, escutar com atenção. As melhores perguntas surgem da própria história que está sendo contada. Se o entrevistado falar sem perguntas, pode seguir sem interrupção, mesmo que pareça que ele esteja saindo fora do tema. Apenas interferimos quando for realmente necessário, seja para retomar o fio da meada, seja para ajudá-lo a seguir.

O corpo, os olhos, os movimentos fazem parte do diálogo e influenciam a construção da narrativa. É necessário estar atento. Cuidado em não demonstrar impaciência, olhando o relógio.

O entrevistador não discute opiniões ou cobra verdade e precisão histórica. O objetivo da entrevista é registrar a experiência pessoal que o entrevistado tem dos acontecimentos e não uma verdade absoluta. O papel do entrevistador é estimular e auxiliar o entrevistado na construção da história que ele quer contar. E certamente a emoção faz parte.

Dicas para o registro da entrevista

Todo o material e equipamento necessário para a realização da entrevista deve ser ordenado e testado antes da entrevista.

Vale a pena gravar um pequeno cabeçalho informando nome completo do entrevistado, entrevistadores, data e local do registro. Incorporada à gravação, essa claquete permite a identificação imediata dessa nova fonte histórica.

Vários podem ser os ambientes para a realização da entrevista. Mas, preferencialmente, locais silenciosos, sem muitos estímulos presentes e os celulares devem ser desligados.

É importante que a entrevista não seja interrompida pelos entrevistadores, pela equipe de gravação, ou por pessoas do entorno, mas avisar o entrevistado que, sempre que ele quiser, poderá ser feito um intervalo.

Roteiro da entrevista

O roteiro é uma seqüência de perguntas elaboradas pelo entrevistador, que o ajuda a preparar-se para a entrevista. Não deve ser entendido como um questionário rígido, mas como um guia para “puxar o fio da memória” do entrevistado.

O desafio é construir uma seqüência de perguntas que ajude a pessoa a encadear seus pensamentos e organizar a narrativa à sua maneira. O tipo e a ordem das perguntas - estejam ou não previstas no roteiro – tendem a

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