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Jovens E Adultos Como Sujeitos De Conhecimento E Aprendizagem

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Por:   •  13/5/2014  •  7.633 Palavras (31 Páginas)  •  882 Visualizações

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Revista Brasileira de Educação 59

Jovens e adultos como sujeitos

de conhecimento e aprendizagem

Marta Kohl de Oliveira

Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo

Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.

O tema “educação de pessoas jovens e adultas”

não nos remete apenas a uma questão de especificidade

etária mas, primordialmente, a uma

questão de especificidade cultural. Assim, apesar do

recorte por idade (jovens e adultos são, basicamente,

“não crianças”), esse território da educação não diz

respeito a reflexões e ações educativas dirigidas a

qualquer jovem ou adulto, mas delimita um determinado

grupo de pessoas relativamente homogêneo

no interior da diversidade de grupos culturais da

sociedade contemporânea. O adulto, no âmbito da

educação de jovens e adultos, não é o estudante

universitário, o profissional qualificado que freqüenta

cursos de formação continuada ou de especialização,

ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar

seus conhecimentos em áreas como artes,

línguas estrangeiras ou música, por exemplo. Ele é

geralmente o migrante que chega às grandes metrópoles

proveniente de áreas rurais empobrecidas,

filho de trabalhadores rurais não qualificados e com

baixo nível de instrução escolar (muito freqüentemente

analfabetos), ele próprio com uma passagem

curta e não sistemática pela escola e trabalhando

em ocupações urbanas não qualificadas, após

experiência no trabalho rural na infância e na adolescência,

que busca a escola tardiamente para alfabetizar-

se ou cursar algumas séries do ensino supletivo.

E o jovem, incorporado ao território da

antiga educação de adultos relativamente há pouco

tempo, não é aquele com uma história de escolaridade

regular, o vestibulando ou o aluno de cursos

extracurriculares em busca de enriquecimento

pessoal.1 Não é também o adolescente no sentido

naturalizado de pertinência a uma etapa bio-psico-

1 Seria importante um aprofundamento a respeito da

população de jovens incorporados aos programas de educação

de jovens e adultos já que, quando se fala dessa modalidade

de educação, o título abrangente não evita que a

referência principal seja aos adultos, geralmente alunos das

classes de alfabetização e das séries iniciais do ensino fundamental.

Neste ensaio isto também acontece, em razão especialmente

da linha de pesquisa da autora: quando não há

menção explícita aos jovens, o sujeito de que se fala aqui é

mais especificamente o adulto.

60 Set/Out/Nov/Dez 1999 Nº 12

Marta Kohl de Oliveira

lógica da vida.2 Como o adulto anteriormente descrito,

ele é também um excluído da escola, porém

geralmente incorporado aos cursos supletivos em

fases mais adiantadas da escolaridade, com maiores

chances, portanto, de concluir o ensino fundamental

ou mesmo o ensino médio. É bem mais ligado

ao mundo urbano, envolvido em atividades de

trabalho e lazer mais relacionadas com a sociedade

letrada, escolarizada e urbana. Refletir sobre como

esses jovens e adultos pensam e aprendem envolve,

portanto, transitar pelo menos por três campos

que contribuem para a definição de seu lugar

social: a condição de “não-crianças”, a condição de

excluídos da escola e a condição de membros de

determinados grupos culturais.

Com relação à condição de “não-crianças”,

esbarramos aqui em uma limitação considerável da

área da psicologia: as teorias do desenvolvimento

referem-se, historicamente, de modo predominante

à criança e ao adolescente, não tendo estabelecido,

na verdade, uma boa psicologia do adulto. Os

processos de construção de conhecimento e de aprendizagem

dos adultos são, assim, muito menos explorados

na literatura psicológica do que aqueles

referentes às crianças e adolescentes. Palacios, em

um artigo que sintetiza a produção em psicologia

a respeito do desenvolvimento humano após a adolescência,

comenta como a idade adulta tem sido

tradicionalmente

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