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Karlx Marx

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Por:   •  1/4/2014  •  1.886 Palavras (8 Páginas)  •  345 Visualizações

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Prefácio à "Contribuição à Crítica da Economia Política”

KARL MARX

Estudo o sistema da economia burguesa nesta ordem: capital, propriedade do solo, trabalho assalariado, Estado, comércio exterior, mercado mundial. Sob o três primeiros títulos, investigo as condições econômicas de vida de três grandes classes em que se divide a moderna sociedade burguesa; a conexão entre os três títulos restante salta à vista. A primeira seção do livro primeiro que trata do capital, contém os seguintes capítulos: 1) a mercadoria; 2) o dinheiro ou circulação simples; 3) o capital, em geral. Os dois primeiros capítulos formam o conteúdo do presente fascículo. Tenho diante de mim todos os materiais da obra na forma de monografias, redigidas a grandes intervalos de tempo para o esclarecimento das minhas próprias idéias e não para publicação; a elaboração sistemática de todos esses materiais, de acordo com o plano estabelecido, dependerá de circunstâncias externas.

Embora tenha esboçado urna Introdução geral, prescindo dela, pois bem pensadas as coisas, creio que adiantar resultados que vão ser demonstrados, seria antes um estorvo, e o leitor que queria realmente acompanhar-me deverá estar disposto a seguir do particular para o geral. Por outro lado, parecem-me oportunas aqui algumas referências à trajetória dos meus estudos de economia política.

Os meus estudos profissionais eram os de jurisprudência,. com que, todavia, só me preocupei como disciplina secundária, ao lado da filosofia e da história. Em 1842-43, sendo redator da Gazeta Renana1 vi-me pela primeira vez no difícil transe de ter que opinar sobre os chamados interesses materiais. Os debates da Dieta renana sobre a destruição furtiva e o parcelamento da propriedade do solo, a polêmica oficial mantida entre o sr. von Schaper, na ocasião governador da província renana, e a Gazeta Renana sobre a situação dos camponeses do Mosela e, finalmente, os debates sobre o livre câmbio e o protecionismo levaram-me a ocupar-me pela primeira vez de questões econômicas. Por outro lado, naqueles tempos em que o bom desejo de 'marchar na vanguarda" superava de muito o conhecimento da matéria, a Gazeta Renana deixava transparecer um eco do socialismo e do comunismo, francês, tingido de um leve matiz filosófico. Declarei-me contra aqueles embustes, m confessando ao mesmo tempo, de modo categórico, numa controvérsia com a Gazeta Geral de Augsburgo2, que os meus estudos até então não me permitiam aventurar nenhum juízo sobre o conteúdo propriamente dito das tendências francesas. Em vez disso, aproveitei avidamente a ilusão dos gerentes da Gazeta Renana, que acreditavam que, suavizando a atitude do periódico, conseguiriam a revogação da sentença de morte já decretada contra ele, para retirar-me da cena pública para meu quarto de estudo.

O meu primeiro trabalho, empreendido para resolver as dúvidas que me assaltavam, foi uma revisão crítica da filosofia hegeliana do direito, trabalho cuja introdução veio a lume em 1844, nos Anais Franco-Alemães3, que se publicavam em Paris. A minha investigação desembocava no resultado de ,que tanto as relações jurídicas como as formas de Estado não podem ser compreendidas por si mesmas nem pela chamada evolução geral do espírito humano, mas se baseiam, pelo contrário, nas condições materiais de vida cujo conjunto Hegel resume, seguindo o precedente dos ingleses o franceses do século XVIII, sob o nome de "sociedade civil", e que a anatomia da sociedade civil precisa ser procurada na economia política. Em Bruxelas, para onde me transferi, em virtude de uma ordem de expulsão imposta pelo sr. Guizot, tive ocasião de prosseguir nos meus estudos de economia política, Iniciados em Paris. O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revolução social. Ao mudar a base econômica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela. Quando se estudam essas revoluções, é preciso distinguir sempre entre as mudanças materiais ocorridas nas condições econômicas de produção e que podem ser apreciadas com a exatidão própria das ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, numa palavra, as formas ideológicas em que os homens adquirem consciência desse conflito e lutam para resolvê-lo. E do mesmo modo que não podemos julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo, não podemos tampouco julgar estas épocas de revolução pela sua consciência, mas, pelo contrário, é necessário explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. Nenhuma formação social desaparece antes que se desenvolvam todas as forças produtivas que ela contém, e jamais aparecem relações de pr6dução novas e mais altas antes de amadurecerem no seio da própria sociedade antiga as condições materiais para a sua existência. Por isso, a humanidade se propõe sempre apenas os objetivos que pode alcançar, pois, bem vistas as coisas, vemos sempre, que esses objetivos só brotam quando já existem ou, pelo menos, estão em gestação as condições materiais para a rua realização. A grandes traços podemos designar como outras tantas épocas de progresso, na formação econômica da sociedade, o modo de produção asiático, o antigo, o feudal e o moderno burguês. As relações burguesas de produção são a última forma antagônica do processo social

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