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Letramento E Alafabetização

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Por:   •  4/11/2013  •  790 Palavras (4 Páginas)  •  205 Visualizações

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ensino”, na abertura do seminário da Olimpíada, em Brasília, que a revista Na Ponta do Lápis entrevistou o linguista, professor titular e ex-reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Alberto Faraco. Especialista em linguística histórica, ele falou do percurso feito pela língua portuguesa em terras brasileiras até tornar-se nosso idioma dominante. Também lembrou como o país virou monolíngue, num movimento semelhante ao que procurou silenciar e desqualifi car o português popular, falado pela maioria dos brasileiros, em contraponto ao chamado padrão culto da língua. Para ele “tem que se libertar dessa demonização e perceber por dentro a beleza da diversidade linguística”.

Que relação existe entre o português brasileiro ou português do Brasil com a língua que se ensina nas escolas?

Nós temos uma história latino-americana com estágios interessantes. O primeiro foi o estágio do espanto do europeu com a diversidade: “Como é que nós vamos trabalhar com isso?”. Eles escolhem algumas línguas que percebem ter certa distribuição geográfi ca, cultural e social. Começam a usar essas línguas como veículos de comunicação com os indígenas, no trabalho da catequese, no comércio etc. O mesmo movimento aconteceu do México ao Chile e à Argentina, do século XVI ao XVII. Tem até um decreto do rei espanhol, Felipe II, dizendo que no México tinha que se adotar como língua oficial o náuatle, a língua dos astecas. Foi uma resposta à diversidade que não foi de imposição da língua europeia, mas foi de usar uma das línguas locais como estratégia de dominação. Quer dizer, o dominador se entrega ao dominado, do ponto de vista linguístico, para melhor realizar o seu projeto.

O que aconteceu no Brasil?

No Brasil foi a língua geral, o tupi, que acabou na língua geral amazônica, que tem o nome de nheengatu. Como se tem a língua dos astecas no México, a língua dos quéchuas no Peru, o guarani, aqui na bacia do Paraná. Na medida em que a competição colonial aumenta com Holanda e Inglaterra disputando os espaços com os portugueses e espanhóis, há um movimento contrário para garantir o império. E aí é pela imposição da língua, tentar subordinar as populações à língua europeia. Bem no começo do século XVIII começam as decisões. Os reis da Espanha, em primeiro lugar, dizendo que era proibido usar outra língua no ensino, na igreja, no uso público que não fosse o espanhol. E no meio do século XVIII um decreto do rei Carlos II da Espanha – para reforçar e estender o império – torna obrigatório o uso do espanhol em todos os contextos, extinguindo as outras línguas existentes. Um proje to muito claro de política linguística que é a imposição da língua europeia e o desaparecimento das línguas indígenas. Esse projeto, que podemos chamar de monolinguismo, vai prevalecer desde o século XVIII até praticamente hoje.

Qual é a visão geral da população sobre a nossa situação linguística?

O Brasil é monolíngue. É porque se fala uma única língua que se compreende em todos os rincões do território nacional, em todas as situações, mesmo tendo 180 línguas indígenas e, pelo menos, umas 40 ou mais línguas de imigração. Mas quem é que considera isso como característica do país? No século XVIII,

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