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Linguistica

Por:   •  26/10/2015  •  Artigo  •  1.019 Palavras (5 Páginas)  •  188 Visualizações

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Como se pode perceber, é grande o número e a diversidade de possibilidades

que uma mesma regra gera. Como isso é possível? Toda essa imensa gama de informação

está estocada em nossa mente? Como lidamos com isso.

Essa é a segunda consideração a fazer sobre a citação de Lopes, feita

anteriormente. O módulo cerebral, composto por regras, não gera, de imediato, os

enunciados que dizemos. O que ele gera são as chamadas estruturas profundas, enunciados

básicos, mais simples, que passam por transformações (que mudam de acordo com o que se

pretende enunciar, no sentido de que por vezes aplicam-se determinadas transformações e

outras não). A atuação dessas transformações é responsável pela estrutura de superfície, ou

seja, o enunciado produzido. Observemos o exemplo:

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Segundo Souza e Silva e Koch (2004, p. 14), “o sintagma consiste num conjunto de elementos que

constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações de dependência e de

ordem. Organizam-se em torno de um elemento fundamental, denominado núcleo, que pode, por si só,

constituir o sintagma. Assim, nos sintagmas: Pedro, o policial, a criancinha doente, meu filho, você - o núcleo é

um elemento nominal (nome ou pronome), tratando-se, pois, de sintagmas nominais. Já em: está diante da

vitrine de uma joalheria, deteve vários suspeitos, adormeceu, sonha ansiosamente com o dia de Natal e levará

a encomenda - o elemento fundamental é o verbo, de modo que se tem, nesse caso, sintagmas verbais

(a) Você levará a encomenda. / A encomenda será levada por você.

(b) Eu comi o peixe. O peixe estava estragado. / Eu comi o peixe que estava

estragado.

Em ambos os casos, tem-se uma oração formada por SN e SV. No entanto, na

sequência, após a barra, observam-se diferenças. No primeiro caso, Você levará a

encomenda, tem-se voz ativa. Como a Teoria Gerativo-transformacional postula que, em

termos de estrutura profunda, só temos orações em voz ativa, pode-se afirmar que, quanto

a esse quesito, a estrutura profunda e a estrutura de superfície coincidem. Ao observar a

frase A encomenda será levada por você, que está na voz passiva, a Teoria postula que é

uma transformação de movimento (visto que os elementos mudaram de lugar),

proporcionando o aparecimento da passiva como estrutura de superfície. Na formulação de

Kenedy (2008, p. 132):

Essencialmente, uma transformação forma uma estrutura a partir de outra

previamente existente. A estrutura primeiramente formada é chamada de

estrutura profunda, e a estrutura dela derivada chama-se estrutura superficial.

Nesse sentido, a voz ativa é interpretada como a estrutura profunda sobre a qual

são aplicadas as regras transformacionais que geram a voz passiva, a estrutura

superficial.

No segundo caso, tem-se duas orações: eu comi o peixe e o peixe estava

estragado. Essas são orações devidamente compostas por SN e SV, sobre as quais se afirma

a coincidência entre estrutura profunda e estrutura de superfície. Entretanto, em uma

situação de comunicação, uma pessoa normalmente diria: eu comi o peixe que estava

estragado. Ora, o que o falante faz é apagar a informação redundante (dizer o peixe duas

vezes) e encaixar uma oração na outra. Então, a partir da geração de duas estruturas

profundas (duas orações independentes), através de transformações de apagamento e

encaixamento, obtém-se uma estrutura de superfície: Eu comi o peixe que estava estragado.

Cabe salientar que as ideias de geração de estruturas profundas, de aplicação de

transformações, as quais resultam em estruturas de superfície, estão presentes nos estudos

gerativistas em todos os níveis linguísticos que a teoria alcançou em seus diferentes

enfoques na fonologia, morfologia, sintaxe, semântica.Linguística Geral III – semana 03 – Gerativismo

Sob uma perpectiva panorâmica, esses são os princípios fundamentais do

Gerativismo, que têm o propósito de fornecer uma visão geral sobre o tema. Ao se

considerar que esse foi o pensamento hegemônico (e ainda hoje bastante expressivo) na

Linguística, por décadas, é necessário enfatizar que há muito mais conteúdo do que ora se

expõe, tanto em termos de quantidade quanto de complexidade e profundidade. Para

concluir, cabem ainda algumas considerações. Kenedy (2008, p. 134) sintetiza muito

adequadamente os desígnios gerativistas:

O que interessa fundamentalmente ao gerativista é o funcionamento da mente que

permite a geração das estruturas lingüísticas (sic) observadas nos dados de

qualquer corpus de fala, mas não lhe interessam esses dados em si mesmos ou em

função de qualquer fator extralingüístico (sic),

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