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MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

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Por:   •  18/12/2014  •  2.231 Palavras (9 Páginas)  •  314 Visualizações

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MUDANÇA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Quando se fala sobre mudança social no Brasil, um termo comumente empregado é modernização. Esse uso é antigo, porque se considerava que nossa sociedade era de tal forma tradicional que precisava se modernizar para chegar a algum lugar. A pergunta que esteve sempre presente nos escritos de muitos pensadores é: por que o Brasil não muda, ou melhor, por que existe tanta resistência às mudanças no Brasil?

Algumas explicações podem ser encontradas no início da constituição do Brasil como um país independente. Na véspera da independência, o liberal Hipólito da Costa, exilado em Londres, afirmou: "Ninguém deseja mais do que nós as reformas úteis, mas ninguém aborrece mais do que nós que essas reformas sejam feitas pelo povo".

Logo após a independência, outro liberal, Evaristo da Veiga, ao defender a primeira constituição brasileira, disse: "Modifique-se o pacto social, mas conserve-se a essência do sistema adotado. Faça-se tudo quanto é preciso, mas evite-se a revolução".

Fica claro assim por que a independência do Brasil não significou uma revolução: apesar de o país se tornar independente politicamente, continuou na mesma situação. Enquanto em toda a América Latina aconteceram transformações com o processo da independência dos países - que se tornaram repúblicas e extinguiram a escravidão -, o Brasil continuou sendo um Império e manteve a escravidão.

Além disso, quando analisamos a instalação da República noBrasil, percebemos que houve somente uma mudança nas estruturas políticas e na organização do poder, mas os que dominavam no Império continuaram dominando na República. Não é à toa que o lema da República expresso até hoje na Bandeira Nacional é "Ordem e Progresso", isto é, o progresso é bem-vindo desde que ocorra de acordo com a ordem estabelecida.

Talvez a expressão que melhor sintetize essa visão seja a de Antônio Carlos, que foi governador de Minas Gerais e presidente do Partido Republicano Mineiro (PRM), um pouco antes do movimento de 1930: "Façamos a revolução antes que o povo a faça". Esse tipo de conduta e pensamento parece ser o dominante desde a independência. Quem domina o país faz de tudo para continuar no controle, mesmo havendo mudança. Assim, os termos modernização ou reforma seriam mais apropriados para caracterizar o tipo de mudança que tem ocorrido no Brasil, embora muitos eventos políticos sejam chamados de "revolução".

Duas "revoluções" no Brasil no século XX

No século XX, o Brasil conviveu com muitos movimentos políticos localizados, mas dois foram mais duradouros e tiveram repercussões significativas na vida dos brasileiros: as "revoluções" de 1930 e de 1964.

“Revolução” de 1930. Como já vimos, o movimento cívico-militar, chamado de "revolução" de 1930, que desembocou na tomada do poder por Getúlio Vargas foi apenas uma mudança de grupos na estrutura de poder do Estado brasileiro.

Na década de 1920, os grupos que dominavam apolítica nacional eram os mesmos desde o Império. A situação alterou-se com uma pequena industrialização nas cidades grandes e criou um movimento de trabalhadores significativo, tendo por base as ideias anarquistas. Mas, com a crise internacional de 1929, a situação no Brasil também piorou, pois muitas fábricas fecharam e o café deixou de ser exportado. Houve desemprego no campo e na cidade, além de fome e desamparo do Estado. Foi nesse contexto que se desenvolveu o movimento que alterou os grupos no poder.

Analistas desse movimento o classificam como uma "revolução pelo alto", ou "revolução passiva", ou "revolução sem revolução". Eles querem dizer que houve uma mudança social, sem a participação popular, feita com base nos interesses das classes dominantes.

Como já vimos, essa "revolução", embora autoritária no encaminhamento das questões sociais e econômicas, procurou desenvolver uma infraestrutura necessária ao processo de industrialização que se projetava. Apesar de excluir os trabalhadores como força política, implantou a legislação trabalhista que existe até hoje no Brasil. Essa ambiguidade da "revolução" de 1930 a fez um marco nas' mudanças sociais no Brasil.

“Revolução de 1964”. A chamada "revolução" de 1964, desencadeada por um golpe liderado pelos militares que derrubou o governo constitucional de João Goulart, foi na verdade uma contrarrevolução. Os movimentos sociais (de trabalhadores do campo e da cidade) vinham se organizandogradativamente desde 1960 e estavam conquistando muitos direitos. Isso significava uma mudança importante no Brasil. Não havia a possibilidade de uma revolução que transformasse radicalmente o sistema político e econômico, mas houve um grande avanço na participação dos setores populares na condução dos destinos do país.

Isso não era interessante para os grandes proprietários no campo, nem para os industriais nas cidades, nem para as empresas estrangeiras instaladas no Brasil. Essas forças, então, se organizaram e, com militares conservadores e apoiados por uma parte da classe média, que temia a presença das "classes perigosas" e do "comunismo" na cena política, propiciaram o golpe militar de 1° de abril de 1964.

Os militares reprimiram intensamente todos os movimentos populares e, depois, estabeleceram a censura aos meios de comunicação. Gradativamente retiraram uma série de direitos dos trabalhadores e ampliaram muito a presença do capital estrangeiro no Brasil. No final do período de ditadura militar, a inflação no Brasil era maior do que em 1964 e configurou-se uma desigualdade social nunca vista. Além disso, foi contraída uma dívida externa gigantesca, o que colocava o país nas mãos dos grupos financeiros internacionais.

Entretanto, nesse período ditatorial, o país se modernizou, pois foram ampliadas as bases industriais, que desde a década de 1950 já eram internacionalizadas. Desenvolveu-se uma infraestrutura na área de energia e transportes e alterou-seprofundamente a agricultura nacional, transformando-a em uma atividade capitalista significativa. Com essas medidas, criaram-se as bases para que houvesse a presença capitalista em todos os setores da sociedade, mesmo que isso significasse a marginalização da maior parte da população, tanto econômica quanto política e socialmente.

Mas a grande mudança ocorreu no modo de vida da população urbana, que teve enorme crescimento. Essa mudança, ocasionada pela produção em massa dos mais diversos artigos industriais, como

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