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O ENSINO DOS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO: PRESSUPOSTOS E METODOLOGIAS .

Monografias: O ENSINO DOS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO: PRESSUPOSTOS E METODOLOGIAS .. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  17/11/2013  •  6.704 Palavras (27 Páginas)  •  496 Visualizações

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O objetivo deste texto é o de refletir sobre os Fundamentos Sociológicos da Educação, tendo como eixo a efetividade do ensino de sociologia da educação ou como se chama nessa grade curricular, ensino dos Fundamentos Sociológicos da Educação. Começo, então com algumas perguntas que tentaremos discutir ao longo do artigo.

Para que servem os fundamentos sociológicos da educação? Qual sua função na formação de professores para a educação infantil e das série iniciais do ensino fundamental? Em que sentido se insere na proposta geral do curso? O quê e como ensinar nessa disciplina “sociologia da educação”? E aí cabe a pergunta: quais são os fundamentos sociológicos da educação?

São perguntas pertinentes a todos nós envolvidos com a formação de professores. São perguntas que teremos que responder aos alunos, mas que eles só irão compreender no final do curso, ou, ainda quando estiverem atuando como profissionais; ou, quem sabe se prosseguirem os estudos em nível superior. Mas, o fato é que precisamos enfrentar essas questões e, se possível, coletivamente no trabalho escolar. O objetivo é problematizar, debater ou ainda alimentar o debate nas escolas.

Não tenho receitas ou fórmulas mágicas para oferecer como nos programas de TV, nas palestras midiáticas de colegas da educação que tentam nos iludir com diagnósticos simplistas e soluções ainda mais ingênuas. Entretanto, trago reflexões que brotaram da minha prática educativa, iniciada exatamente com a disciplina Sociologia da Educação, no antigo curso de Magistério, implantando em 1991 e extinto na maioria das escolas, em 1996. Acompanhei o processo de formação de seis turmas, no Colégio Estadual Maria do Rosário Castaldi, em Londrina, que conseguiram concluir o curso: duas em 1994, duas em 1995 e duas em 1996. As turmas que concluíram em 1997 e 1998 não tive participação.

Tive a felicidade de lecionar Sociologia da Educação para a primeira e segunda série, o que me oportunizava acompanhar as alunas, muitas com 14 ou 15 anos de idade, que na segunda série se transformavam em outras pessoas; em apenas um ano, quando elas passavam a ter 15 ou 16 anos, a diferença de comportamento era visível. Nesse contexto de início de carreira no magistério público, eu tive a satisfação de apreciar alguns resultados do meu trabalho. Considero-me privilegiada, pois uma das frustrações do trabalho docente é não poder sempre apreciar o resultado de seu trabalho e este lhe parecer vazio e sem sentido. Acho que por isso me encantei! Podia ensinar uma disciplina durante dois anos para os mesmas/os alunas/os!

Na segunda série, as meninas/os estavam intimas de Durkheim, permitindo-se a intimidade de chamá-lo de “Durka”; o Marx de “O nosso Barbudo”; e de já ter incorporado jargões de nosso discurso, tais como: “a escola reproduz a ideologia dominante”; “as classes populares não tem o capital cultural valorizado pela escola burguesa”; “a escola deve libertar e emancipar os trabalhadores”; e assim por diante...

Esses sinais me indicavam os limites do meu discurso pedagógico, mas também indicavam uma maior socialização das/os alunas/os com as especificidades da sociologia da educação. Obviamente, em outros instrumentos mais elaborados pude constatar avanços intelectuais e profissionais que decorriam não só da minha disciplina, mas do trabalho conjunto que realizávamos com as outras professoras de fundamentos, da história da educação, da filosofia da educação, da psicologia da educação, das práticas de estágio, entre outras.

Quando passei a lecionar na Universidade Estadual de Londrina, no Departamento de Ciências Sociais, fui designada para dar aulas para o curso de Pedagogia, continuando com essa disciplina para formação de professores. Mais tarde, passei a ministrar essa disciplina no curso de Ciências Sociais e no curso de Especialização em Sociologia e Sociologia da Educação da UEL. Por conta disso, decidi fazer mestrado em Educação, na área de concentração Estado, Sociedade e Educação. Falo tudo isso para me legitimar como alguém que pode expor alguma reflexão sobre esse tema? Não! Faço esse pequeno memorial porque o que discuto sobre o ensino de sociologia da educação/fundamentos sociológicos da educação faz parte de uma trajetória pessoal que se confunde com o contexto histórico dos cursos de formação de professores no nível médio e no nível superior. Falo isso, muito mais, para advertir: olha, o que eu estou pensando está no calor da emoção, do envolvimento e do compromisso com essa formação de professores na escola média e nas licenciaturas na universidade. Isso significa que tem reflexão teórica, mas ela está condicionada por essa prática, por essa dimensão concreta de professora de sociologia da educação que, por isso resolveu estudar sistematicamente a educação, para buscar subsídios para o ensino, para as lides pedagógicas.

Voltando as perguntas iniciais, as quais pretendo debater:

Para que servem os fundamentos sociológicos da educação? Qual sua função na formação de professores para a educação infantil e das série iniciais do ensino fundamental?

Em que sentido se insere na proposta geral do curso atual? O quê e como ensinar de sociologia da educação? Quais são os fundamentos sociológicos da educação?

1. Para Que Servem Os Fundamentos Sociológicos Da Educação? Qual Sua Função Na Formação De Professores Para A Educação Infantil E Das Série Iniciais Do Ensino Fundamental?

O sociólogo francês Christian Baudelot, tentando responder às questões semelhantes a essas propôs que a sociologia da educação servisse para instrumentalizar os professores com mapas que os ajudassem a traçar seus itinerários, veja o que ele diz:

No fundo o trabalho do sociólogo da educação se assemelha ao trabalho de um cartógrafo. Levantar o mapa escolar, proceder ao levantamento topográfico do terreno e do relevo, representar uma escala precisa os principais maciços da paisagem escolar, medir os caudais dos rios, ter os mapas em dia, eis aqui em que o sociólogo da educação pode ajudar o professor. Pode ajudá-lo a orientar-se na “floresta” escolar. Ajudá-lo a orientar-se e não guiá-lo. Caberá aos professores depois traçar, com o mapa na mão, seus próprios itinerários em função de suas opções e da natureza do terreno em que se encontram. (Baudelot, 1991)

A sociologia da educação comporia o arsenal teórico que ajudaria os professores a se orientarem, juntamente com as outras disciplinas, mas que deveria oferecer aos futuros professores instrumentos para olhar a sociedade e a escola, as crianças, as famílias, a sua prática docente e o contexto macro social e

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