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O Ensaio DE Robert Kagan

Por:   •  17/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  935 Palavras (4 Páginas)  •  158 Visualizações

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Haveria ocasião política mais propícia para publicação de um ensaio com uma abordagem tão persuasivamente provocadora? Com o fim de compenetrar as opiniões dos europeus vacilantes que se opunham à guerra no Iraque? Viva-se uma época de divergências políticas. Um lado estava determinado a usar força militar a fim de se desembaraçar de Saddam Hussein e o seu regime ditatorial; e o outro lado- milhares dos seus aliados europeus- mostrava-se resistente à ideia bélica. Além de ensaísta e diplomata, Kagan assessorou John McCain, candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais dos EUA em 2008 - e uma dádiva intelectual ao governo de G. W. Bush para mudar o regime de ação no Iraque - na escola de pensamento do neoconservadorismo e questões de política externa.

A perceção de poder entre ambos os aliados transatlânticos e a divergência em que a mesma resulta, são a base argumentativa do ensaio. No canto europeu, multilateralismo, cooperação, estado de direito e diplomacia na resolução de conflitos são a prioridade. Porém no impaciente e violento canto americano, o unilateralismo está subentendido. Algo diferente seria considerado um entrave aos avanços dos seus interesses. A realidade americana é dicotómica, o preto e o branco, o bem e mal, enquanto que a europeia aceita que o mundo é em tons de cinza e aborda os problemas pragmaticamente. E este pragmatismo é considerado uma fraqueza aos olhos de Kagan, pois há cerca de três séculos atrás o poderio europeu intimidava os americanos, mas agora que os papéis se inverteram são os tradicionalmente poderosos que temem os ianques. E retribuem apelando à paz e à oposição. Concluímos que após extensa análise, o autor deduz que tal divisão ideológica é suportável, pois os EUA têm a capacidade de resolver questões mundiais sem ajuda europeia.

Existe também uma reflexão sobre a proposta de Robert Cooper (2002) para um imperialismo liberal moderno, dividindo o mundo em três zonas: moderno, pré-moderno e pós-moderno. O mundo moderno é caracterizado pelas normas clássicas do estado, onde a ideologia do império e a importância dos interesses nacionais são os fatores determinantes da ordem internacional. Para tal estabilidade, é necessário que os principais inimigos tenham os poderes equilibrados. Uma “zona mundial pós-moderna” caracteriza-se pela rejeição da força como meio de resolução de conflitos; zona essa onde a lacuna entre assuntos nacionais e internacionais diminuiu, onde o equilíbrio de poderes não tem relevância na administração da ordem e da estabilidade e onde a segurança depende da correlação, transparência e vulnerabilidade mútua. A União Europeia é um bom interveniente na zona pós-moderna.

Uma “zona pré-moderna”, no entanto, é caracterizada pelo caos, anarquia e desordem. Cooper designa essas zonas de "estados falidos", como por exemplo a Somália ou a República Democrática do Congo. Estes estados são fracos, não têm controlo sobre os seus próprios territórios e não são uma ameaça direta à ordem internacional. Estes, no entanto, tendem a fornecer condições favoráveis ​​ao aumento de intervenientes não estatais, como terroristas, drogas e grupos de crimes organizados, grupos estes que podem prejudicar as zonas mundiais mais desenvolvidas (modernas e pós-modernas). As ameaças da zona pré-moderna devem ser tratadas pelo imperialismo defensivo, como sugere Cooper. A guerra no Afeganistão é um exemplo de imperialismo defensivo, na perspetiva ocidental. Para lidar com as ameaças da zona mundial pré-moderna, o mesmo sugere que o Ocidente (mais especificamente os europeus) deve estar preparado para empregar "padrões duplos" (Copper, 2002). Afirma também que, dentro da União Europeia, uma cultura baseada em regras e uma "segurança cooperativa aberta" (Cooper, 2002) devem ser controladas, mas ao lidar com “o exterior do continente pós-moderno da Europa, é necessário voltar aos métodos mais rigorosos da época anterior - força, ataque preventivo e deceção” (Cooper, 2002).

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