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O Início Da Carreira Docente

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Por:   •  19/6/2014  •  1.968 Palavras (8 Páginas)  •  398 Visualizações

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O Início da Carreira Docente

O início da carreira docente é marcado por momentos decisivos e críticos para continuação ou para o abandono da profissão, isto dependerá, obviamente, do comportamento de cada sujeito, de suas limitações, determinações, dedicação e de como sua identidade se constitui no decorrer do tempo. Não distante disso, está também à responsabilidade com a formação desses profissionais, principalmente, em desvelar os dissabores da docência e levar à discussão temas, como o choque da realidade, problemas enfrentados por professores iniciantes, formação continuada, entre outros.

A profissão docente é uma, entre poucas profissões, em que o professor é “lançado” no mercado de trabalho sem obter um maior acompanhamento sistemático por parte da coordenação pedagógica e direção escolar. Às vezes, até mesmo os colegas de trabalho se voltam para o iniciante com rispidez, falta de companheirismo e parceria, dificultando o relacionamento no ambiente escolar e dificultando ainda mais o processo inicial da carreira. (HUBERMAN, 2000). Para o autor, estudioso da carreira e ou ciclo de vida do professor, esse período que se estende até o terceiro ano de docência, é denominado de período de “sobrevivência e descoberta”. A sobrevivência caracteriza-se pela vivência da complexidade da docência e pelas discrepâncias entre o que foi idealizado na formação inicial e a realidade da sala de aula.

A descoberta está ligada intrinsecamente com o sentimento de realização do iniciante, de ter a sua própria classe, seus alunos e de ser agora, um profissional na área da educação. De acordo com Nono (2011, p. 17), “(...) sobrevivência e descoberta caminham lado a lado no período de entrada na carreira”, embora possam ser sentidas de maneiras diferentes.

Para alguns, o início gera grande expectativa de mudança e isso acaba fortalecendo seus ideais; para outros, essa fase é tão desestimulante que se torna um período muito difícil. Após a sobrevivência e a descoberta, uma nova fase se inicia – a da estabilização (entre quatro e seis anos). Nela, o profissional se compromete com a docência e adquire maior facilidade em lidar com as dificuldades, até porque já possui experiências que facilitam seu trabalho. A seleção correta de metodologias, a sensibilidade em reconhecer as dificuldades dos alunos e respeitar seus ritmos de aprendizagem, o que era ignorado no início da carreira, torna-o mais independente na profissão. (HUBERMAN, 2000).

Para o autor, a fase de experimentação ou diversificação (entre sete e quinze anos) é marcada pela tentativa de mudança e de impacto na sala e/ou no sistema que impede sua atuação. Porém, o profissional que enfrentou maiores dificuldades na primeira fase, experimenta as incertezas da permanência na docência.

Na fase de procura por uma situação profissional estável (entre quinze e vinte e cinco anos) dois grupos distintos de professores são característicos. O primeiro é marcado pela diminuição dos ânimos, e das energias, que os motivavam para mudanças na profissão. O segundo estagna-se no sentimento de amargura e nas contínuas reclamações dos colegas, alunos, escola. Este último retrai-se no conservadorismo e se prepara para a última fase do ciclo.

Segundo Huberman (2000), a fase que fecha o ciclo de vida profissional é chamada de fase de preparação da jubilação (entre vinte e cinco e trinta e cinco anos) e possui também dois grupos opostos. Quando o professor, ao longo de sua carreira, encarou os desafios, modificou sua forma de dar aula de acordo com as necessidades dos próprios alunos e se sentiu realizado com a profissão, a despedida da sala de aula é encarada como uma perspectiva positiva, um sentimento de dever cumprido. Porém, há aqueles que tomam uma atitude negativa frente às experiências vividas e acabam desanimando os professores mais novos da escola. O início da carreira refletirá no término dela, pois, os saberes profissionais desenvolvidos são constituídos nos primeiros anos de docência e ajustados no cotidiano e realidade do trabalho. (TARDIF; RAYMOND apud NONO, 2011).

Além dos estudos voltados para o ciclo de vida dos professores elaborado por Huberman (2000), temos também pesquisas sobre o choque de realidade, conceito citado por Veenman (1984). De acordo com o autor (1984, p. 02), o choque da realidade é “(...) o colapso dos ideais missionários formados durante o treinamento de professor pela realidade árdua e rude da vida diária em sala de aula”, por isso, segundo o autor, o professor passa por cinco estágios antes do ponto crucial que é o abandono da carreira docente.

O primeiro estágio está relacionado com a percepção de problemas e acontece nos primeiros meses, onde o professor se depara com o excesso de carga horária, stress, queixas psicológicas e físicas. Assim, presencia as desventuras da profissão, que freqüentemente, não são idealizadas no período de formação. A percepção desses problemas, às vezes, é visualizada no período dos estágios, porém a intensidade com que ele é sentido e vivenciado se difere.

As mudanças de comportamento são acompanhadas principalmente, por transformações ocorridas dentro da sala de aula. Diante da indisciplina dos alunos, o professor para manter a sala controlada e não causar maiores problemas com a coordenação e direção da escola, muda seu comportamento permissivo para um comportamento autoritário, admitindo soluções imediatas que provavelmente, poderiam ser resolvidas através de conversas e reflexão. (VEENMAN, 1984).

O professor iniciante irá traçar o seu estilo de ensinar desde o ingresso na carreira docente, mas com o decorrer dos anos isso poderá se modificar devido ao fato de que cada aluno age e aprende de maneira diferente. Por sua inexperiência e os diversos conflitos presentes nessa fase inicial entre, o que é idealizado na formação e a realidade que é enfrentada na sala de aula, o professor padronizará sua forma de ensinamento, não levando em consideração à diversidade que há na individualidade do aluno.

É evidente que uma parcela significativa dos professores, ao saírem da universidade, acredita no ensino progressista como sendo a melhor maneira de atingir o discente, tanto no conhecimento científico como no exercício da prática, tendo uma visão idealista da educação. Porém, suas atitudes se modificam quando o que foi idealizado é frustrado, e adquirem assim, métodos tradicionais e conservadores. Obviamente, nem todos os professores iniciantes modificam sua metodologia, alguns, permanecem com a mesma concepção de ensino até o fim da carreira, dependerá de preferências particulares, formação docente, características do ambiente de trabalho,

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