O Livro didático e a literatura

O Livro Didático e a Literatura no Ensino Médio

Maria Sheila Costa da Silva

Marlisson Lima Silva

Resumo

A escola exerce grande influência na vida de todos, pois é responsável por facilitar o desenvolvimento, cognitivo e social dos indivíduos. Sendo assim, ela oferece aos estudantes, o primeiro contato com a leitura, e, numa tentativa de incentivar a prática também disponibiliza acesso a livros didáticos e literários. Devemos esclarecer que o material didático é todo o tipo de ferramenta utilizada, seja a internet, o quadro de giz ou livro, para melhorar o ensino e o aprendizado dos alunos. Em virtude disso, o presente artigo tem o objetivo de analisar o livro didático “Português: Contexto, Interlocução e sentido” das autoras Maria Luiza M. Abaurre, Maria Bernadete M. Abaurre e Marcela Pontara, utilizado no ensino médio de uma escola Estadual no município de Cruzeiro do Sul, acerca das metodologias utilizadas nas aulas de Língua Portuguesa, especificamente as de literatura do 3º ano do Ensino Médio. Para tanto, tomamos como base os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

Palavras-chaves: Ensino. Literatura. Livro Didático. Leitura. Educação

Introdução

Com a finalidade de compreender o ensino de literatura no ensino médio, principalmente no 3º ano de uma escola da rede estadualde ensino da cidade de Cruzeiro do Sul, analisaremos como a literatura e os textos literários são apresentados e trabalhados no livro didático. Essa análise se faz necessária principalmente porque o livro didático, na maioria dos casos, é a única fonte de pesquisa e conhecimento literário à qual os alunos têm acesso durante todo o período letivo.Nesse contexto, o incentivo ao interesse dos alunos pela literatura é feito de forma restrita, limitando o processo de formação do aluno como leitor de literatura a um único tipo de material que, deve ser usado pelo professor apenas como material de apoio, e não como único meio de estudo.

É importante ressaltar também outro fator relevante relacionado ao ensino da literatura através dos livros didáticos, que consiste em analisar a maneira como os textos estão sendo abordados e, se esta intervenção acontece de forma didática e esclarecedora para o aluno. Sabemos que, ao se trabalhar o texto literário fora de seu contexto, perde sua função literária, tornando-se um simples fragmento de texto didático. Além disso, atualmente, a literatura encontra-se nos mais diferentes suportes, como, por exemplo, a internet, que, por apresentar inúmeras funções e possibilidades, tornou-se uma ferramenta mais atrativa e interativa para o aluno.

Desde o seu surgimento, os Parâmetros Curriculares Nacionais, denominados PCN’S, ressaltam que o trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura. Assim, o Caderno de Orientação Curricular Para o Ensino Médio de Língua Portuguesa do Estado do Acre 2010 destaca que:

À escola – e particularmente ao Ensino Médio – cabe ensinar literatura não por mera prescrição curricular, mas como uma forma de humanizar, sensibilizar os alunos, oferecendo-lhes, talvez, uma chance única de contato com a arte literária, visto que nem sempre a vida cotidiana permitirá o acesso a esse universo em situações futuras. (p.23)

Assim, percebemos que o ensino de literatura nas escolas é importante não apenas para fazer provas, ENEM, Vestibulares ou passar em concursos, mas, é importante para a vida social em geral, uma vez que o ensino precisa transcender as paredes da escola, o educando deve, desde cedo, perceber a literatura como fonte de prazer e conhecimento.

A Literatura no Ensino Médio

Para embasamento teórico de nossa analise/artigo, iremos nos referenciar nos PCNs e, em estudiosos como Paulo Feire, Antunes, Brandão e Martins, Geraldi, e outros teóricos, que nos auxiliarão na compreensão e exposição do assunto a ser trabalhado.

Quando se discute a presença da literatura na escola, é pertinente considerar as ideias de alguns autores, no sentido de estabelecer distinções entre a leitura da literatura e o ensino da literatura. A compreensão desses dois níveis implica posturas distintas em face do objeto literário, o que, consequentemente, influenciará a interação texto-leitor na escola.

O processo de escolarização da leitura exige um estudo do texto que conduza o aluno à análise e à explicitação de sua compreensão e interpretação. Uma escolarização adequada da literatura exige que os exercícios proporcionem a percepção da literariedade do texto e dos recursos de expressão do uso estético da linguagem.O texto literário é utilizado para ser estudado de forma que venha tornar-se informativo e formativo, deixando de ser lido apenas para emocionar, divertir ou para dar prazer. Segundo Brandão e Martins (2002), os autores do livro didático durante a leitura que o aluno faz de um texto literário fazem interferências que atingem “desde a integridade dos textos através de adaptações, cortes ou supressões até a condução invasiva das atividades de compreensão que estreitam as possibilidades de leitura do aluno” (p. 262).

Ao longo dos anos, portanto, o livro didático vem se constituindo em uma ferramenta de caráter pedagógico capaz de provocar e nortear possíveis mudanças e aperfeiçoamento na prática pedagógica. O artigo “importância do livro didático: eficiência e/ou ineficiência deste instrumento no processo de ensino-aprendizagem” da professora TÂNIA MARIA MOREIRA página 02 diz que: em 1985, criou-se o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que vem ao longo dos anos se aperfeiçoando para atingir seu principal objetivo: educação de qualidade. Porém, somente no início dos anos 90 o MEC deu os primeiros passos para participar mais direta e sistematicamente das discussões sobre a qualidade do livro escolar. Foi uma iniciativa do Governo Federal que consistiu em uma ação mais ampla do MEC para avaliar o livro didático, apresentando um projeto pedagógico difundido por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais e dos Guias do livro didático.

Segundo Soares (1999), para se trabalhar com o texto literário em sala de aula devemos fazer com ele o que fazemos com os outros saberes escolares – escolarizar a literatura, tomando-se o cuidado com a má escolarização da literatura que “[...] se traduz em sua deturpação, falsificação, distorção, como resultado de uma pedagogização ou