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O Melhor De Mim

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Por:   •  25/11/2013  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  282 Visualizações

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A

s alucinações de Dawson Cole começaram depois da explosão na plataforma,

o dia em que ele poderia ter morrido.

Ele achava que tinha visto de tudo em seus 14 anos trabalhando em plataformas

de petróleo. Em 1997, testemunhara um helicóptero perder o controle

durante o pouso. O gigante de aço caíra no convés, transformando-se

em uma violenta bola de fogo, e Dawson sofrera queimaduras de segundo

grau nas costas ao tentar resgatar os passageiros. Treze pessoas morreram,

a maioria delas passageiros do helicóptero. Quatro anos depois, quando

um guindaste desmoronou em uma plataforma, um destroço de ferro do

tamanho de uma bola de basquete passou zunindo perto de sua cabeça, a

milímetros de arrancá-la. Em 2004, ele era um dos poucos trabalhadores

que ainda estavam na plataforma quando um furacão a atingiu, trazendo

ventos de mais de 150 quilômetros por hora e ondas tão grandes que ele

pensou nos procedimentos de emergência que devia seguir no caso de a

plataforma virar. Mas sempre houve outros perigos além desses. Pessoas

escorregavam, peças se quebravam. Cortes e contusões eram rotina naquele

trabalho. Dawson presenciara muitos ossos quebrados, dois surtos de intoxicação

alimentar que afetaram toda a equipe e, dois anos antes, em 2007, vira

um navio de abastecimento começar a afundar logo depois de se afastar da

plataforma e seus tripulantes serem resgatados no último minuto por uma

lancha da Guarda Costeira.

Mas a explosão foi diferente. Como não houve vazamento de petróleo

– os dispositivos de segurança evitaram uma catástrofe –, a história mal

chegou aos noticiários, sendo esquecida em poucos dias. Porém, para as

pessoas que estavam no local, inclusive Dawson, foi um verdadeiro pesadelo.

Era uma manhã comum. Ele estava monitorando as estações de

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bombeamento quando, de repente, um dos tanques de armazenamento explodiu.

Antes que ele pudesse sequer entender o que estava acontecendo, o

impacto da explosão o lançou para um depósito ao lado. Em seguida, o fogo

tomou tudo. Coberta de graxa e óleo, a plataforma inteira logo se tornou

um inferno de chamas. Duas outras explosões fortes sacudiram a estrutura

com mais violência ainda. Dawson se lembrava de estar arrastando algumas

pessoas para afastá-las do fogo quando uma quarta explosão, mais

forte que as anteriores, o arremessou longe novamente. Ele tinha uma vaga

lembrança de cair em direção à água, uma queda que, para todos os efeitos,

deveria tê-lo matado.

Como muitos outros, ele não tivera tempo de vestir um colete salva-vidas

nem de procurar um bote. Quando voltara a si, estava boiando no golfo

do México, a cerca de 150 quilômetros da costa da Louisiana. Entre uma

onda e outra, conseguira avistar um homem de cabelos pretos acenando

ao longe, como se fizesse sinal para que Dawson nadasse até ele. Cansado

e zonzo, começara a dar braçadas na direção do homem, lutando contra as

ondas. Acreditava estar se aproximando, mas a ondulação do mar tornava

impossível saber ao certo. As roupas e as botas o impeliam para baixo e,

quando seus braços e pernas começaram a perder as forças, ele teve certeza

de que iria morrer. Foi quando viu um colete salva-vidas em meio a alguns

destroços. Então, usando a pouca energia que lhe restava, nadou até ele. Mais

tarde, descobriria que estivera na água mais de quatro horas e que se afastara

mais de um quilômetro e meio da plataforma antes de ser resgatado por um

navio de abastecimento que fora às pressas para o local.

Ele foi levado a bordo e carregado para o convés inferior, com os demais

sobreviventes. Dawson estava trêmulo por conta da hipotermia e bastante

desorientado. Embora sua visão estivesse embaçada – depois descobriria

ter sofrido uma concussão leve –, pôde perceber a sorte que tivera. Viu homens

com queimaduras graves nos braços e nos ombros, enquanto outros

sangravam pelos ouvidos ou tinham sofrido fraturas. Conhecia a maioria

deles pelo nome. Não havia muitos lugares aonde ir na plataforma – ela

era basicamente um vilarejo no meio do oceano – e todos acabavam se

encontrando no refeitório, na sala de recreação ou na academia mais cedo

ou mais tarde.

Um homem, no entanto, lhe parecia vagamente familiar. Vestia um casaco

azul que algum tripulante do navio devia ter lhe emprestado e, da outra

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extremidade do recinto abarrotado, encarava Dawson. Seus cabelos eram

pretos e ele aparentava uns 40 anos. Dawson achou que ele parecia deslocado

ali,

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