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O Violão Do Seculo XX

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Por:   •  4/11/2014  •  1.760 Palavras (8 Páginas)  •  280 Visualizações

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IVC INSTITUTO VALE DO COREAU

LICENCIATURA EM MÚSICA

TALLIS KARLOS CARVALHO DO NASCIMENTO.

SÍNTESE, O VIOLÃO BRASILEIRO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

CAMOCIM-CE

AGOSTO/2014

TALLIS KARLOS CARVALHO DO NASCIMENTO.

SÍNTESE, O VIOLÃO BRASILEIRO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

Projeto de Síntese apresentado à disciplina Prática Instrumental I – Violão, lecionada pelo professor Gleydson Frota do Instituto Vale do Coreaú como requisito da 1ª avaliação formativa.

CAMOCIM-CE

AGOSTO/2014

SUMARIO

Sítese................................................................................................4

Referências.........................................................................................9

O violão no século XX

O caminho percorrido para que o violão assumisse o papel que tem hoje em nosso país, como instrumento musical de forte valor cultural, foi bastante longo e cheio de acidentes no percurso. Tratado com preconceito a princípio, deixado de lado em favor do cravo nas cortes do século XVII e perdendo seu lugar social, logo adquiriu o rótulo de instrumento musical de trapaceiros e falidos. Este fato, no entanto, não foi suficiente para lança-lo no esquecimento, sobretudo entre as camadas mais simples da sociedade. Daí seu aspecto sempre ligado ao “popular”.

O violão esteve presente não somente na formação de uma identidade musical brasileira, mas também foi através dele que se evidenciou o primeiro registro de ritmo originalmente negro no nosso país. Logo surgiram nomes como Clementino Lisboa e Quincas Laranjeiras, que sem temer o preconceito e a chacota da sociedade, com habilidade levantaram-se como defensores e amantes do instrumento. Com o tempo, diante da necessidade de se valorizar a cultura nacional, e, sobretudo, possuir uma identidade de fato exclusivamente brasileira, o violão passou a receber maior aceitação.

Peter Burke, para descrever a ideia de mediador cultural do violão no Brasil, se vale da divisão criada pelo antropólogo Robert Redfield entre “grande tradição” e “pequena tradição”, em que a primeira se destaca como extremamente vinculada a livros e escolas, sendo divulgada através de imposição da sociedade, enquanto que a segunda é repassada independentemente através de meios impopulares e muitas vezes entre os mais incultos da comunidade. Desta maneira, o mediador surge como um elo e um intermediário entre estas duas tradições para propor uma relação entre ambas, as quais apesar de serem distintas, se influenciam mutuamente.

Na elite europeia, por exemplo, falava-se o latim erudito, altamente estimulado e aguçado nas escolas para aprendizado, enquanto que, nas partes mais baixas das ruas europeias, tinha-se notícia de uma linguagem mais tosca, não de acordo com a norma culta, considerada por muitos medíocre, mas que era mais bem conhecida pela maioria das pessoas. Este caso são dois exemplos de grande e pequena tradição. Quando os oficiais impressores, que tinham vasto conhecimento dos livros em vigor nas camadas enriquecidas e intelectuais da Europa se relacionavam com a vida artesã, estes estavam na verdade atuando como mediadores culturais.

A partir desta perspectiva, podemos compreender a aceitação do violão como o resultado da ação de indivíduos que transitavam na sociedade como mediadores (a Marquesa de Santos, por exemplo, com suas modinhas ao violão), relacionando o erudito e o popular, e, desta maneira promovendo o envolvimento destas duas camadas sociais. Na realidade, este envolvimento tornou possível um vislumbre menos rígido e estreito por parte da elite em relação ao violão.

Além do palácio da Marquesa, amante do imperador, outro ambiente de mediação foi propiciado com a chegada de uma adepta do candomblé chamada Tia Ciata ao Rio de Janeiro. Descrita por Edigar Alencar como “um laboratório de ritmos manipulados por macumbeiros, pais de santo e boêmios”, sua casa era o lugar onde se uniam duas culturas diversas e consideradas opostas da sociedade, interagindo de maneira exótica e dinâmica. O samba é um produto deste curioso encontro de tradições.

Este aspecto de mediação cultural foi importante não somente para a aceitação, ou pelo menos para uma tolerância mais branda do violão como instrumento musical, mas também para os diversos ritmos e gêneros que foram sendo criados, alterados ou reinventados nesse processo todo. A verdade é que durante toda a história brasileira, ou pelo menos grande parte, esse instrumento sempre esteve presente nas diversas camadas sociais. Isso desde a colônia.

Esse tipo de influência gera certa força pela participação e adesão das massas, e foi isso que mudou o rótulo do violão, o qual nas primeiras décadas do século XX era atrelado a marginais e vândalos, agora começava a possuir um tom de “próprio do brasileiro”, algo que vem do nosso povo, valorizado como parte da identidade nacional, mesmo que ainda num processo lento até a completa extinção deste preconceito por parte de todas as camadas. Todas as mediações iam pouco a pouco moldando a consciência de toda uma geração.

Cada acontecimento novo neste âmbito de aproximação com a música popular e com o violão, cada nova referência a noitadas e serestas ao som de modinhas era uma forma de colaborar para a formação de uma mentalidade diferente. Um acontecimento deste teor ocorreu quando um encontro fora registrado na coluna social “Noticiário Elegante” por Hermano Vianna, o qual expõe tudo de modo descontraído e divertido.

Revistas como “Estética”, e livros também, como “Raízes do Brasil” ou “Casa-Grande e Senzala” atiçam a

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