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O amadurecimento de Telêmaco com o auxílio de Atena e de seu plano de conclusão da Odisseia

Por:   •  17/10/2018  •  Artigo  •  1.371 Palavras (6 Páginas)  •  134 Visualizações

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De zero à herói:

O amadurecimento de Telêmaco com o auxílio de Atena e de seu plano de conclusão da Odisseia

 A Odisseia é o poema de Odisseu, caracterizado por narrar a volta do último dos aqueus que lutou em Tróia para Ítaca, sua casa. Volta essa que dura 10 anos, tempo que Odisseu fica vagando pelo mar e por terras desconhecidas, impedido de retornar por vários fatores. Um tema recorrente nessa obra é a capacidade de ganhar experiência, abordado também nos cantos I a IV, que, por não apresentarem Odisseu como personagem humano principal ( sendo apenas mencionado pelos outros personagens) mas sim seu filho, Telêmaco, recebem o nome de Telemaquia.

 No início da obra (I- 16-95), é mostrada uma assembleia dos deuses olímpicos, onde é decidido que, mesmo que Poseidon não seja favorável, o herói conseguirá seu tão desejado regresso. Nessa reunião, Atena apresenta um plano de ação para concluir a saga do herói, e através dele acaba também ajudando o jovem Telêmaco a amadurecer e assumir seu lugar como cidadão respeitável da sociedade grega.

 Quando Odisseu partiu para a guerra, Telêmaco ainda era recém- nascido ( como Menelau aponta no canto IV- 112), mas, 20 anos depois, ele já é um jovem, em idade de assumir seu posto como cidadão grego nas assembleias na Ágora. Entretanto, cresceu sem a presença da figura paterna, que o ensinaria os valores da aristocracia e prepará-lo-ia para a vida política; tendo que lidar sozinho com as propriedades e riquezas de Odisseu ( e futuramente suas), que estão sendo usurpadas pelos pretendentes de Penélope, que ocupam o palácio e usufruem do gado por 3 anos (II-89) e ainda querem desposar sua mãe ( que ele pensa estar demorando demais para se decidir sobre o casamento, o que acarreta mais uma responsabilidade para si). Além disso, assim como toda a sua família, está preocupado com o paradeiro de seu pai, desiludindo-se ao pensar que ele morreu mas nutrindo, bem no íntimo, uma pequena esperança de retorno, que Atena pretende reavivar em seu plano, ao incentivá-lo a viajar em busca de informações sobre o pai.

 Chegando a Ítaca sob o disfarce de Mentes ( um estrangeiro amigo da família), a deusa dos olhos esverdeados presencia um banquete, e já começa testando seu provável protegido, já que a questão da hospitalidade era importante para a construção de uma boa reputação para os gregos. Telêmaco, ao contrário dos pretendentes, é um bom anfitrião, e mesmo atormentado com a questão da ausência e até desconhecimento paterno ( ele chega a duvidar que é mesmo filho de Odisseu em I-215-16) acolhe bem o estrangeiro, pois pensava “ ser vergonhoso para um hóspede ficar parado à entrada”[1]. Ao julgar que passou no teste, Atena começa a conversar com ele, ganhando sua confiança e dando-lhe a notícia da vida de Odisseu, de forma que pareça boato e verossímil ( escondendo a parte mística que ela como deusa sabe, mas, estando disfarçada de mortal, não pode mostrar). Logo em seguida, ela lança uma profecia, dizendo que Odisseu não demorará para regressar, tentando assim despertar o ânimo em Telêmaco, que não se impressiona, já que está em crise, sofrendo de falta de referência masculina, dizendo- se filho do  mais infeliz dos homens, tomando a profecia apenas como “ demonstração de afeto ou sinal de boa vontade de seu interlocutor”[2] e mostrando o quão ruim está sua situação: com muitos aristocratas em sua casa, cortejando sua mãe, matando seus bois e prestes a levá-lo à ruína.

 Atena ainda precisava cumprir seu plano, então, para motivar seu protegido, conta uma história onde Odisseu é apresentado como grande herói modelar e assemelha o pai ao filho, começando sutilmente a incitar coragem para que o jovem siga os conselhos da deusa, expondo seu plano para ele em seguida, em forma de conselho: convocar uma assembleia para o dia seguinte e expor a situação deplorável na qual a casa de Odisseu se encontra por culpa dos pretendentes, exigindo que eles partam e façam a corte à Penélope devidamente, com ela na casa de Icário, seu pai. Assim, ele assumiria seu lugar socialmente, deixando as infantilidades para trás; Equipar naus e conseguir tripulação para partir primeiro para Pilos e depois para Esparta, em busca de informações sobre Odisseu com Nestor e Menelau, veteranos de guerra; Caso descubra que o pai está vivo, voltar e esperar um ano, em caso de morte, fazer os rituais fúnebres necessários e dar a mãe em casamento para um dos pretendentes. Ela também deixa subentendido que Telêmaco pode ter que vir a agir como Orestes[3]: vingando o pai ao matar os demais pretendentes, e o incita a ter coragem e pensar se deve fazer isso usando a força - em confronto direto- ou a inteligência – através de um plano- “para que homens ainda por nascer falem bem de ti.” (I- 301).

 Durante toda a conversa, a deusa transmite valores ao jovem: coragem, inteligência, altruísmo, etc. Valores esses que seu pai teria transmitido, mas, na sua ausência, a de olhos glaucos cumpre tal papel, instruindo,  animando e educando Telêmaco para então assumir seu lugar como adulto responsável e dono dos próprios atos, preparado para cultivar uma boa reputação por si mesmo, apesar de- como ocorre comumente na Odisseia, os filhos serem nomeados conforme características de seus pais [4]-  refletir características de Odisseu ( sendo chamado de O que luta longe), devendo agora lutar por si mesmo.

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