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O caso da logística reversa

Tese: O caso da logística reversa. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  3/12/2014  •  Tese  •  2.230 Palavras (9 Páginas)  •  213 Visualizações

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Um Caso de Logística Reversa

O pneu, como elemento essencial para o funcionamento do veículo rodoviário, é composto por borracha natural e borracha sintética, elaborada a partir do petróleo, negro fumo, arame de aço, tecido de nylon, óxido de zinco, enxofre e aditivos. A produção de pneus é crescente e por possuir vida útil limitada torna-se, após determinado período de uso, um pneu inservível. Ou, como define a resolução nº416 do CONAMA (2009), "pneu usado que apresente danos irreparáveis em sua estrutura não se prestando mais à rodagem ou à reforma". De acordo com Souza (2011), a dificuldade e o alto custo de transporte, o material de demorada decomposição tornam inadequada a destinação de pneus usados em depósitos de lixo e aterros sanitários. Portanto, é necessário o uso de alternativas que permitam a reinserção do pneu usado no ciclo produtivo, visando à redução do consumo de matérias primas, de insumos e a minimização dos impactos ambientais (SOUZA, 2011, p. 06).

A figura a seguir apresenta um esquema com as alternativas para a destinação de pneus usados, onde é possível verificar as três possíveis situações em que o pneu usado pode se encontrar: (1) pneu em condições de remanufatura, (2) pneu inservível e (3) pneu em condições de reuso. No caso do pneu em condições de reuso (3), este pode ser reinserido no mercado de revenda de pneus sem a necessidade de nenhum tipo de processo de remanufatura, pois ainda mantém suas características funcionais dentro dos padrões de segurança. Conforme pode ser observado na Figura 2.1, o pneu em condições de remanufatura (1), ocorre um processo de restauração das características funcionais do produto que garantiam a segurança do veículo. A remanufatura do pneu pode ser realizada por meio de um processo de recapagem, recauchutagem ou remoldagem, que tem por objetivo restaurar as características de rodagem do pneu, prolongando sua vida útil.

O pneu inservível (2), como sua própria definição expõe, não pode mais ser utilizado para rodagem ou remanufatura, devendo ter como destinação adequada à reciclagem com o intuito de recuperar seus componentes, reintroduzindo-os em algum ciclo produtivo.

Neste sentido, a Michelin Itatiaia/RJ propõe duas alternativas para a destinação correta dos pneus sem condições de reuso: (1) reciclagem e processamento ou (2) remanufatura. Para a reciclagem e processamento, a empresa envia os pneus inservíveis para a Reciclanip e para remanufatura, executa o processo de recapagem de pneus de carga - como se apresenta a seguir.

Reciclanip

A ANIP, representante das empresas fabricantes de pneumáticos, atua na coleta e destinação de pneus inservíveis através do “Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis”, criado em 1999. Posteriormente (em 2007) foi criada a Reciclanip uma associação sem fins lucrativos, cuja missão é assegurar a sustentabilidade do processo de coleta e destinação de pneus inservíveis em todas as regiões do País. A Reciclanip tem 726 pontos de coleta no país em parcerias, principalmente com prefeituras, que cedem o terreno para recolher e armazenar os pneus. Quando o ponto de coleta atinge 2.000 pneus de passeio ou 300 pneus de caminhão, o responsável comunica à Reciclanip que, por sua vez, programa a retirada do material com os transportadores conveniados.

De acordo com o gerente geral da Reciclanip, César Faccio, o meio mais fácil de descarte dos pneus para o consumidor é deixá-los na loja, "todos os pontos comerciais que vendem pneus fazem parte dessa cadeia e, portanto, têm planejamento para providenciar que tais pneus sejam levados para os pontos de coleta da Reciclanip". O destino dos pneus inservíveis após a coleta é trituração (36,5%) ou cimenteiras (63,5%), que é utilizado como combustível. Os pneus triturados podem ser também enviados para cimenteiras ou seguirão como matéria-prima para novos produtos como asfalto-borracha, pisos de quadra poliesportiva, artefatos de borracha, tapetes para automóveis ou solados de sapato. Esta logística envolve 726 pontos de coleta, mais de 45 pontos de destinação (onde é realizada a reciclagem) e 64 caminhões por dia transportam pneus de pontos de coleta para os destinos de reutilização.

O projeto de implantação Reciclanip segue o exemplo de empresas europeias bem sucedidas no processo de pós-consumo, como a Aliapur, na França, Signus, na Espanha, e ValorPneu, de Portugal. Porém, estas são remuneradas pelos agentes da cadeia produtiva para promover a destinação de pneus, não são empresas projetadas para ter lucro, mas recebem para cobrir os custos operacionais. A Reciclanip é uma ação de responsabilidade social das empresas produtoras de pneu brasileiras e arca com todos os custos de coleta e destinação de pneus inservíveis, como transporte, trituração e destinação.

De acordo com o relatório cedido pela equipe da Reciclanip, os pneus oferecem uma série de riscos para a sociedade, como à saúde pública se descartado a céu aberto (ao armazenar água de chuva), como a poluição dos rios, poluição atmosférica (se for utilizado como combustível sem que haja filtros adequados), sem contar que sua degradação é muito lenta - em torno de 100 a 400 anos. O pneu inservível é um resíduo pós consumo de valor negativo, sua destinação depende dos investimentos feitos pela indústria e o trabalho executado pela Reciclanip demonstra a responsabilidade dos fabricantes de pneus novos - destacando-se que não apenas Michelin, mas também a Bridgestone, Continental, Pirelli e Goodyear - com as questões ambientais e com o estabelecimento de condições que permitam o desenvolvimento sustentável do País.

RECAPAGEM DA MICHELIN DE ITATIAIA/RJ

A recapagem é um processo que permite uma maior longevidade do pneu ao possibilitar transformar o pneu reformado no mais próximo possível do pneu novo, reduzindo o descarte no meio ambiente. De acordo com a Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneu (ABR), a carcaça do pneu é projetada para suportar sobrevidas e é nisso que consiste o processo de reutilização do pneu - reutilizar a carcaça do pneu ao repor a banda de rodagem desgastada pelo uso. A recapagem é uma prática mundial e, além de forte argumento para venda do pneu novo, evita o desperdício de um material reutilizável A ABR ainda aponta que o Brasil é o segundo mercado mundial de reforma de pneus (perdendo apenas para os EUA) e que existem cerca de 5.000 recapadoras em todo o país. Assim, chegam a ser colocados no mercado mais de 7,5 milhões de pneus reformados por ano. É importante salientar que deste valor, 75% são

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