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ORALIDADE E ESCRITA NA ACADEMIA

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Por:   •  13/10/2014  •  1.755 Palavras (8 Páginas)  •  2.898 Visualizações

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Oralidade e Escrita na Academia

Os estudos sobre oralidade e escrita parte a partir da década de 60. Essas pesquisas contribuem para vários campos de pesquisas relacionadas com oralidade e escrita, quatro publicações contribuem para esses trabalhos, presando diferente temas e autores de diversos países, tendo em comum à oralidade.

Nas décadas de 60 e 70 surge analises entre as culturas orais e escrita, baseadas por Ong (1998).

“Os trabalhos realizados nesse período, em diversas áreas de conhecimento, como a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, enfatizaram o caráter oral da linguagem e as profundas implicações, em todos os níveis, da introdução da escrita em culturas tradicionais”. (GALVÃO, 2005, p. 406)

Muitos desses trabalham se deram através de pesquisas de campo realizadas em comunidades que tem como tradição a cultura oral. Entende-se então por cultura oral melodias, cantos, epopéias, danças, exibições e músicas, ainda preservadas oralmente e transmitidas de geração a geração entre as varias sociedades existentes.

“De maneira semelhante, Cook-Gumperz e Gumperz (1981) situam as origens das pesquisas sobre os efeitos culturais do letramento nos estudos de folcloristas e pesquisadores da área de literatura que investigaram os processos pelos quais os grandes épicos eram transmitidos nas sociedades não letradas, como é o caso dos trabalhos de Lord (1960) e Havelock (1963)”. (GALVÃO, 2005, p. 405)

Segundo Ong (1998), pode-se considerar a emergência desses estudos com preocupações semelhantes em um mesmo período histórico como um movimento de redescoberta da oralidade, decorrente do estabelecimento, por Saussure, do primado oral da linguagem. Do mesmo modo, trabalhos de antropólogos estruturalistas realizados anteriormente haviam analisado a tradição oral em sociedades sem escrita.

Autores em seus estudos sobre a relação entre oralidade e escrita têm entre si diferentes culturas, que a parti de então vão surgindo questionamentos e perguntas, Ong (1998) estabelece uma distinção entre o que denomina “oralidade primária” e “oralidade secundária.

A oralidade primari refere-se à oralidade das culturas intocadas pelo letramento ou por qualquer conhecimento da escrita ou da imprensa ou, ainda, a das pessoas totalmente não familiarizadas com a escrita. Por sua vez, a “oralidade secundária” refere-se à atual cultura de alta tecnologia, em que uma nova oralidade é sustentada pelo telefone, rádio, televisão e outros meios eletrônicos que, para existirem e funcionarem depende da escrita e da imprensa.

Segundo Zumthor (1993), por sua vez, distingue três tipos de oralidade. A primeira, que denomina “primária e imediata”, não estabelece contato algum com a escrita, encontrando-se apenas “nas sociedades desprovidas de todo sistema de simbolização gráfica, ou nos grupos sociais isolados e analfabetos” (p.18).

“Em segundo lugar, haveria uma “oralidade mista” em que o oral e o escrito coexistem, mas a influência do escrito “permanece externa, parcial e atrasada” (p.18)”. Esse tipo de oralidade procederia de uma “cultura ‘escrita”. (GALVÃO, 2005, p. 408)

“Finalmente, o autor denomina “oralidade segunda” aquela que é característica de uma “cultura ‘letrada’” e se “recompõe com base na escritura num meio onde este tende a esgotar os valores da voz no uso e no imaginário” (p.18)”. (GALVÃO, 2005, p. 408)

Já Cook-Gumperz e Gumperz (1981) identificam três grandes momentos na história humana, quando se enfoca a relação entre oralidade e escrita.

“O primeiro teria se caracterizado por uma grande distância entre oralidade e crita, já que somente um pequeno grupo de pessoas, nessa fase, tinha acesso à alfabetização. Para os autores, até aproximadamente o século passado, o letramento tinha um status de “habilidade artesanal”, na medida em que estava confinado em grupos privilegiados relativamente pequenos”. (GALVÃO, 2005, p. 408)

Os autores se referem, por exemplo, para ilustrar esse momento, ao fato de os estilos literários serem gramatical e estilisticamente bem diferentes do idioma falado cotidianamente.

“Outro exemplo citado pelos autores é o do latim: até o final da Idade Média, na Europa, era uma língua para a escrita, diferentemente da expressão oral. Nesse primeiro momento, a aprendizagem das habilidades letradas estava mais próxima de formas de contato pessoais, familiares e de processos de socialização informais do que de formas de aprendizagem sistematizadas em currículos formais”. (GALVÃO, 2005, p. 408)

A escrita passou a ser vista como sendo um registro da oralidade, nesse momento, as narrativas orais passaram a ser divulgadas maciçamente pela escrita. Fazendo com que crie uma proximidade entre a oralidade e a escrita.

“Com a industrialização, a urbanização, a emergência das camadas médias e a instituição de formas democráticas de participação política, as diferenças entre as linguagens cotidianas e as tradições literárias começaram a desaparecer”.

(GALVÃO, 2005, p. 408)

Ainda segundo os autores, o terceiro momento teria havido um novo afastamento entre oralidade e escrita, na medida em que esta última passou a assumir outro aspecto, tornando-se burocratizada. Nessa fase, a escola desempenhará um papel fundamental. A nova configuração societária trazida pelo desenvolvimento tecnológico, pelas burocracias e pelas regulamentações governamentais.

“As sociedades modernas, para os mesmos autores, ao mesmo tempo em que tornaram o letramento essencial para a sobrevivência econômica, incrementaram novamente a dicotomia entre fala e escrita”. (GALVÃO, 2005, p. 409)

Segundo Ong, nas culturas de oralidade primária, as palavras, que são sons – na medida em que não possuem suporte visual – estão associadas diretamente a ocorrências, eventos e acontecimentos. (p. 409)

O autor enumera, então, diversas características que expressariam modos de pensamento tipicamente orais. Inicialmente, o pensamento oral seria mais aditivo do que subordinativo. Para Ong, isso não significa que o modo de pensar oral seja incapaz de estabelecer relações, por exemplo, de causa e conseqüência, mas que a utilização de aditivos constitui a forma principal de expressão do pensamento.

“Para Ong, isso não significa que o modo de pensar oral seja incapaz de estabelecer

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