ORGANIZAÇÃO SOCIAL DO BRASIL

HERANÇA INTELECTUAL

O Brasil em sua grandiosa literatura tem produzido grandes obras que de tão profundas em suas análises sobre a problemática histórica do povo brasileiro, traduzem até os dias atuais a nossa trajetória como brasileiros. Existem especialmente três autores, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Caio Prado Jr, que são de suma importância para nos dar um parâmetro do que foi e do que é o Brasil, querendo dizer com isso que os assuntos tão bem expostos em suas obras, de alguma forma continuam relevantes para o entendimento do Brasil contemporâneo.

Citaremos suas obras que ao nosso ver foram as mais marcantes para que chegássemos a essa conclusão. Comecemos então por Sérgio Buarque de Holanda e a sua obra “Raízes do Brasil” que interpreta de uma original a composição da sociedade tradicional brasileira e da emergência de novas estruturas políticas e econômicas. Uma visão inovadora que introduziu os conceitos de patrimonialismo e burocracia, explicando os novos tempos.

Nessa obra, o autor buscou na história colonial as origens dos problemas nacionais, e, descreveu o brasileiro como um homem cordial, que age com o coração. O Brasil Colônia visto por Sérgio Buarque de Holanda tem pouca organização social, muito centrada na violência, tendo também o trabalho escravo como síntese de favorecimento a aventureiros que desejavam prosperidade sem custo e, de métodos predatórios tanto ao uso do pessoal quanto a exploração da terra.

Sendo um livro inovador no que diz respeito busca da identidade nacional, se insere justamente num momento, no qual a psicologia vinha se desenvolvendo muito e a sociologia começava a perder seu caráter altamente científico, nesse quesito pode-se afirmar que o autor buscou e expôs a essência do homem brasileiro, exaltando o homem cordial como uma característica e fruto da nossa história de colonização portuguesa detentora uma estrutura política, econômica e social completamente instável de famílias patriarcais e escravagistas.

Já Gilberto Freire em sua obra Casa Grande & Senzala, considera o hibridismo português foi como o grande responsável pelo processo de mestiçagem do brasileiro, sendo que ele reconhecia nesse processo o escravo negro africano como parte fundamental.

Diferente da produção intelectual de seu tempo, Gilberto Freyre incluiu esse ator como positivo na narrativa nacional, considerando que a miscigenação, em vários aspectos, era algo positivo que, de maneira complexa, criou uma dialética entre as relações de exploração e dominação, características do colonialismo e escravidão, e a intimidade sexual que garantiu a miscigenação. Casa Grande & Senzala aborda as relações de dominação, mas essa intimidade minimiza as relações de poder, produzindo um certo equilíbrio entre os que dela faziam parte.

Em suas narrativas, ele maneja histórias, símbolos, imagens bem como outras representações, que mesmo recorrendo a elementos culturais que estão disponíveis no mundo social e que podem ser diversos, cabe a ele destaca-los e, com originalidade e ênfase na vida cultural, contribuí para o pensamento social brasileiro, sendo uns dos autores mais influentes no que se refere à construção da narrativa nacional brasileira.

Ao depararmos com a obra “Formação do Estado Brasileiro” de Caio Prado Junior podemos afirmar que esta foi ousada e pioneira para a época em que foi construída. Ela ajudou a iluminar os estudos posteriores acerca de várias questões importantes sobre o contexto colonial e pós-colonial.

À luz de um marxismo heterodoxo, discutiu várias questões que permearam o fim do período colonial, como a dependência do comércio interno, a aquisição de terras e a escravidão. Mesmo questionando a maneira como estes temas foram abordados, muitos autores consideram sua importância por ter tocado e dado muita relevância em pontos tão importantes para a compreensão da história do Brasil.

Contudo, muitos pontos de sua abordagem são discutíveis, pois muitos obscurecem pontos que podem

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