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Os textos de Chico Buarque falam sobre a construção de uma personalidade artística

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Por:   •  7/9/2014  •  Abstract  •  1.273 Palavras (6 Páginas)  •  460 Visualizações

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SER EM CONSTRUÇÃO

Paratodos

Chico Buarque

O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Meu maestro soberano

Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro

Quem soprou esta toada

Que cobri de redondilhas

Pra seguir minha jornada

E com a vista enevoada

Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas

A viola me redime

Creia, ilustre cavalheiro

Contra fel, moléstia, crime

Use Dorival Caymmi

Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro

Bandoleiros, vi hospícios

Moças feito passarinho

Avoando de edifícios

Fume Ari, cheire Vinícius

Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho

Contra a solidão agreste

Luiz Gonzaga é tiro certo

Pixinguinha é inconteste

Tome Noel, Cartola, Orestes

Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto

Gil e Hermeto, palmas para

Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara

Gal, Bethania, Rita, Clara

Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Vou na estrada há muitos anos

Sou um artista brasileiro

Para ver o compositor Chico Buarque cantando sua música, acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=jCVZpxRqG8w

Essa letra de música de Chico Buarque fala da construção da identidade

artística. O que o torna um artista? A junção de várias influências musicais, de várias

experiências de vida, de contato com pessoas diferentes. No entanto, esse texto traz

uma noção diferente da noção de identidade da aula anterior. A música aponta para a

construção social da identidade, ou seja, para a noção de si construída a partir de

relações e dos papéis que cada pessoa desempenha na sociedade. Talvez você

pergunte: O que nos identifica não são nossas características singulares, únicas,

diferentes de características dos demais? Possuímos marcas que nos singularizam, mas

também somos seres coletivos, marcados pela cultura com a qual convivemos, pela

família em que nascemos, pelos grupos dos quais participamos. Antes de nascermos já

somos identificados como filhos de alguém, como membros de uma determinada

família, ou seja, há uma identidade pressuposta. A família é o primeiro grupo que

define quem somos ou o primeiro elemento construtor de nossa identidade. Ao longo

da vida, propagamos os costumes, as crenças, os temores desse nosso primeiro grupo

social e, de certa forma, muito do que aprendemos nessa relação familiar compõe

quem somos.

Essas expectativas que nos precedem influenciam nossa maneira de ser e estar

no mundo; no entanto, não podemos nos esquecer de que a identidade não se limita

ao que foi pressuposto: “o existir humanamente não está garantido de antemão,

exatamente porque o homem é histórico”1. A história aponta para possibilidades, para

o porvir, para transpor barreiras, para a recusa de rótulos pré-definidos. Ou seja, a

construção de quem somos depende das experiências que vivenciamos, de lugares por

onde passamos, de pessoas com quem convivemos.

Ao longo da vida vamos nos construindo a partir do que foi dado e também do

que adquirimos e rejeitamos nos relacionamentos sociais. Afinal, a identidade

depende da percepção da semelhança, ou do que o outro e eu temos em comum, mas

também da diferença. Mesmo quando buscamos nossa individualidade, o fazemos nos

diferenciando do outro. Desta forma, mesmo sendo individuais, somos socialmente

constituídos.

Esse processo de convivência ou de socialização nos capacita tanto para as

trocas ou intercâmbios importantes na vida, quanto para o ajustamento psicológico.

Para Kruger, “a socialização tanto ocorre nas situações em que são produzidas

condutas consideradas socialmente adequadas e, portanto, dignas de aprovação,

1 CIAMPA, 1984, p. 71.

quanto naquelas que fornecem comportamentos desviantes das normas, convenções,

leis e costumes”2.

Vale, portanto, pensarmos

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