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QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA

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Por:   •  25/10/2014  •  1.957 Palavras (8 Páginas)  •  1.562 Visualizações

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O surgimento de instituições para idosos não é recente. O cristianismo foi pioneiro no amparo aos velhos: "Há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um hospital para velhos". (ALCÂNTARA, 2004)

No Brasil Colônia, o Conde de Resende defendeu que soldados velhos mereciam uma velhice digna e "descansada". Em 1794, no Rio de Janeiro, começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que tivessem uma velhice tranquila. (ALCÂNTARA, 2004)

No século XVIII, os asilos da Era Elisabetana eram instituições que abrigavam mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos, com alta concentração de velhos. O maior era o Salpêtrière, que abrigava oito mil doentes, dentre os quais dois a três mil idosos. Segundo a autora, este pode ser considerado o núcleo da primeira instituição geriátrica, espaço que possibilitou coletar dados clínicos e sociais sobre idosos. (BEAUVOIR, 1990)

O hospital enquanto instrumento terapêutico aparece em torno de 1780. Até essa época, o hospital era um lugar de "internamento", cujo objetivo era prestar assistência material e espiritual aos doentes, pobres, devassos, loucos e prostitutas. Caracterizava-se como espaço de separação e exclusão, pois se acreditava que o indivíduo doente deveria ser separado do convívio social para evitar dano à sociedade. (FOUCAULT, 1979)

Neste contexto, temos os idosos constituindo um seguimento da população que necessita de atenção, investimento e espaço para uma vida com melhores condições.

A história dos hospitais se assemelha à de asilos de velhos, pois em seu início ambas abrigavam idosos em situação de pobreza e exclusão social. No Brasil, o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, criado em 1890, foi a primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. Segundo Groisman (1999) seu surgimento dá visibilidade à velhice. A instituição era um mundo à parte e ingressar nela significava romper laços com família e sociedade.

Nas instituições os idosos se tornam membros de uma nova comunidade. Vivenciam a ruptura dos vínculos afetivos. Com isso é sentido o afastamento das pessoas da família.

Quando não existiam instituições específicas para idosos, estes eram abrigados em asilos de mendicidade, junto com outros pobres, doentes mentais, crianças abandonadas, desempregados. Em fins do século XIX, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o aumento de internações para idosos passou a definir-se como instituição gerontológica em 1964. (BORN, 2002)

Os idosos não são pessoas doentes, cada um tem sua limitação que precisa ser atendida por pessoas capacitadas para garantir o bem estar social de cada um.

O modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas instituições totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de saúde e/ou habitação para idosos. Goffman(2003) define instituição total como "um local de residência e trabalho, onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada". Nesse espaço os indivíduos se tornam cidadãos violados em sua individualidade, sem controle da própria vida, sem direito a seus pertences sociais e à privacidade, com relação difícil ou inexistente com funcionários e o mundo exterior.(MORENO, 1999)

Segundo Born (2002), não se dispõe ainda de um levantamento nacional sobre as instituições para idosos no Brasil. Um estudo conhecido foi o do sociólogo francês Hôte, em 1984. Ao investigar programas para idosos no Brasil, o autor estimou que havia nesse ano entre 0,6% e 1,3% de pessoas idosas em instituições.

O envelhecimento é a condicionalidade da existência, portanto, todos os seres humanos passarão inevitavelmente por tal fase. Muitos idosos vão para as instituições por não terem quem cuidem deles, das suas necessidades. Mas o que eles realmente precisam é do afeto e carinho da família.

No recenseamento brasileiro de 2000, 113 mil idosos moravam em domicílios coletivos. Desse total, estimou-se em 107 mil o número de idosos residentes em ILPIs, o que significa 0,8% da população idosa. Os estados com a maior proporção de idosos em ILPIs são Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), responsável pela política de cuidados de longa duração no Brasil, em 2005 a União financiou 1.146 instituições para 24.859 idosos. (CAMARANO, 2005)

O número de instituições aumentou muito nos últimos anos. Vale lembrar é a questão do tratamento oferecido aos idosos nessas instituições, uma vez que a busca por essas consiste na busca por um local mais adequado à saúde do idoso em detrimento do que pode ser oferecido dentro da própria família.

Nos EUA e na Inglaterra, a denominação para instituições que atendem a idosos dependentes é Long Term Care Institution (LTC). Nos anos 50, fazia-se distinção entre instituição para idosos independentes – Home for the aged (lar para idoso) e para dependentes - Nursing Home (lar-enfermaria ou residência medicalizada), sendo esta expressão ainda utilizada na literatura internacional, principalmente nas de língua inglesa. (BORN, 2002) O National Institute on Aging afirma que existem dois tipos de instituições para idosos: Assisted living facilities (instituição de vida assistida), para o idoso independente; e Nursing homes ou skilled nursing facilities (lar-enfermaria), para o idoso dependente de algum tipo de cuidado. (NATIONAL INSTITUTE ON AGING, 2004)

A institucionalização de idosos tende a crescer com o envelhecimento populacional. Mesmo nos países desenvolvidos como Canadá e EUA, onde a institucionalização de idosos abaixo de 85 anos diminuiu, as internações de pessoas com 85 anos ou mais aumentaram. (BORN, 2002)

As instituições aumentaram muito e a terceira idade precisa ser mais compreendida como uma fase final de vida que merece atenção pela grandiosidade de suas experiências e realizações no palco dessa existência.

Em 1970, quando escreveu A Velhice, Beauvoir (1990) denunciou veementemente as deficiências dos asilos. Hoje os problemas persistem e, apesar de existirem instituições com atendimento de qualidade, ainda é expressivo o número daquelas que não atendem a parâmetros básicos de funcionamento. (BEAUVOIR, 1990)

Quando inevitável, para que se torne uma alternativa que proporcione dignidade e qualidade de vida,

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