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Serviço Social

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Por:   •  11/6/2013  •  3.929 Palavras (16 Páginas)  •  338 Visualizações

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2 OServiço Social nos anos80: as tendências históricas e teórico metodológicas

dodebate profissional

É, sobretudo com Iamamoto (1982) no início dos anos 80 que a teoria social de

Marx inicia sua efetiva interlocução com a profissão. Como matriz teórico‐

metodológica esta teoria apreende o ser social a partir de mediações. Ou seja, parte da

posição de que a natureza relacional do ser social não é percebida em sua

imediaticidade. "Isso porque, a estrutura de nossa sociedade, ao mesmo tempo em que

põe o ser social como ser de relações, no mesmo instante e pelo mesmo processo,

oculta a natureza dessas relações ao observador" (NETTO, 1995) Ou seja, as relações

sociais são sempre mediatizadas por situações, instituições etc, que ao mesmo tempo

revelam/ocultam as relações sociais imediatas. Por isso nesta matriz o ponto de

partida é aceitar fatos, dados como indicadores, como sinais, mas não como

fundamentos últimos do horizonte analítico. Trata‐se, portanto de um conhecimento

que não é manipulador e que apreende dialéticamente a realidade em seu movimento

contraditório. Movimento no qual e através do qual se engendram, como totalidade, as

relações sociais que configuram a sociedade capitalista.

É no âmbito da adoção do marxismo como referência analítica, que se torna

hegemônica no Serviço Social no país, a abordagem da profissão como componente da organização da sociedade inserida na dinâmica das relações sociais participando do

processo de reprodução dessas relações (cf. IAMAMOTO, 1982).

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Este referencial, a partir dos anos 80 e avançando nos anos 90, vai imprimir

direção ao pensamento e à ação do Serviço Social no país. Vai permear as ações

voltadas à formação de assistentes sociais na sociedade brasileira (o currículo de

1982 e as atuais diretrizes curriculares); os eventos acadêmicos e aqueles resultantes

da experiência associativa dos profissionais, como suas Convenções, Congressos,

Encontros e Seminários; está presente na regulamentação legal do exercício

profissional e em seu Código de Ética. Sob sua influência ganha visibilidade um novo

momento e uma nova qualidade no processo de recriação da profissão na busca de sua

ruptura com seu histórico conservadorismo (cf. NETTO, 1996, p. 111) e no avanço da

produção de conhecimentos, nos quais a tradição marxista aparece hegemonicamente

como uma das referências básicas. Nesta tradição o Serviço Social vai apropriar‐se a

partir dos anos 80 do pensamento de Antonio Gramsci e particularmente de suas

abordagens acerca do Estado, da sociedade civil, do mundo dos valores, da ideologia,

da hegemonia, da subjetividade e da cultura das classes subalternas. Vai chegar a

Agnes Heller e à sua problematização do cotidiano, à Georg Lukács e à sua ontologia

do ser social fundada no trabalho, à E.P. Thompson e à sua concepção acerca das

"experiências humanas", à Eric Hobsbawm um dos mais importantes historiadores

marxistas da contemporaneidade e a tantos outros cujos pensamentos começam a

permear nossas produções teóricas, nossas reflexões e posicionamentos

ideopolíticos.

Obviamente, este processo de construção da hegemonia de novos referenciais

teórico‐metodológicos e interventivos, a partir da tradição marxista, para a profissão

ocorre em um amplo debate em diferentes fóruns de natureza acadêmica e/ou

organizativa, além de permear a produção intelectual da área. Trata‐se de um debate

plural, que implica na convivência e no diálogo de diferentes tendências, mas que supõe uma direção hegemonica. A questão do pluralismo, sem dúvida uma das

questões do tempo presente, desde aos anos 80 vem‐se constituindo objeto de

polêmicas e reflexões do Serviço Social. Temática complexa que constitui como afirma

Coutinho (1991, p. 5 ‐15) um fenômeno do mundo moderno e da visão individualista

do homem. É o autor em questão que problematiza a proposta de hegemonia com

pluralismo, no necessário diálogo e no debate de idéias, apontando os riscos de

posicionamentos ecléticos (que conciliam o inconciliável ao apoiarem‐se em

pensamentos divergentes).

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Assim, em diferentes espaços, o conjunto de tendências teórico‐metodológicas e

posições ideopolíticas se confrontam, sendo inegável a centralidade assumida pela

tradiç o marxista nesse processo. ã

Este debate se expressa na significativa produção teórica do Serviço Social

brasileiro, que vem gerando uma

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