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Surdo

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Por:   •  24/11/2013  •  Seminário  •  1.295 Palavras (6 Páginas)  •  206 Visualizações

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O passado

Falar do passado? Todos nós aqui já falamos ou vimos falar sobre o passado.

Podemos ter vivido algo ou sermos parte do passado de alguém ou de algum

movimento/momento social. Podemos ter presenciado um ato, podemos ter lutado

contra ou a favor. Podemos ter rido, chorado, vibrado, reclamado. O passado é isso, um meio de sabermos o que deveríamos ter feito e não fizemos; saber o que fizemos e não havia necessidade de ter sido feito. Porém lamentar não adianta, o passado é passado, e por mais que às vezes queiramos mudar algo dele, não há como, já foi. Na educação de surdos, o passado é sofrido. Os surdos foram amarrados, machucados, ofendidos, proibidos de dispor de nosso direito à língua, à cultura surda, às trocas sociais. Passado que proibiu o direito essencial do ser humano: a vida. Quantos surdos foram mortos? Quantos foram atirados aos penhascos, aos rios? Quantos foram taxados de monstros? Quantos foram sumariamente castigados por, simplesmente, se comunicar? Quantos foram ignorados, desprezados, humilhados? Em muitas sociedades antigas, crianças que nasciam com algum “defeito” eram sacrificadas, jogadas em abismos ou excluídas para não viver na sociedade. No caso das crianças surdas, como seu “defeito” era descoberto tardiamente, estas eram isoladas num local à parte da sociedade, deixadas distantes da cidade para que não convivessem com as pessoas “perfeitas” (VASCO, 2010)

No passado os surdos tiveram o direito lingüístico cassado com o Congresso de

Milão, hoje a LIBRAS é reconhecida como língua¹. Sabemos que há muitos empecilhos ainda, mas pensem no que já se conseguiu.Passado que corresponde

a uma multiplicidade de tentativas de educar. Sabemos quais são: oralismo e comunicação total são as duas principais vertentes do passado.

Segundo Perlin (2005), o oralismo é a aquisição da língua oral. O surdo

aprenderá a língua oral, sendo reprimido pelo uso de qualquer gesto, expressão facial ou corporal que se refira à língua visual. Na comunicação total, ainda segundo Perlin (2005), utiliza-se toda uma diversidade de métodos para alcançar a escolarização do surdo. A diferença é que a língua de sinais é utilizada como apoio para o aprendizado da língua oral e escrita.

A Comunicação Total é a prática de usar sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto digital para fornecer inputs lingüísticos para estudantes surdos, ao passo que eles podem expressar-se nas modalidades referidas. (STEWART apud LACERDA, 1998: 06)

O bilingüismo se situaria não somente no passado, mas como algo atual e

participante do cotidiano dos Surdos.

A reflexão sobre a educação de surdos deve situar-se igualmente no nível das técnicas de ensino, das disciplinas pedagógicas e dos princípios educativos gerais, como, por exemplo, a inserção ou não dessas crianças em escolas e/ou classes especiais. (SILVA apud FERNANDES, 2010: 39)

Não somente crianças, segundo consta na citação acima, mas como também

qualquer nível etário do alunado; e não somente a inserção em classes/escolas especiais, como também inclusivas/regulares. É preciso saber se a escola está pronta para isso, se o aluno aprenderia melhor nesta ou naquela.. São muitos ‘ses’, são muitas possibilidades.

¹ Lei 10.436 de 24 de abril de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10436.htm

. O presente

O hoje. O que você fez hoje? Algo de bom? De ruim? Marcante? Será lembrado

no futuro? Ou algo que possa ser esquecido? A decisão de hoje é imposta por algo que pensamos antes (o ontem, em relação ao passado) que pode vir a influenciar algo do amanhã, o futuro. O hoje é marcado pelo bilingüismo, pela existência da LIBRAS no currículo acadêmico, pela inclusão, pela necessidade de interpretes qualificados, pelo fortalecimento do professor surdo... A mesma inclusão que coloca

o aluno surdo em sala de aula leva professores surdos ao mesmo lugar. No hoje, a língua de sinais além de reconhecida tem caráter fundamental na construção do surdo enquanto sujeito de si e de suas ações.

A realidade ou sonho?

O presente ou o passado contínuo? A interface lingüística com a psicológica e a socioeducacional. Assim, entre a realidade e a utopia criamos alternativas do ir e vir.

Ao apontar para além daquilo que existe, as referidas formas de pensamento e de prática põem em causa a separação entre realidade e utopia e formulam alternativas que são suficientemente utópicas [...] e suficientemente reais para não serem facilmente descartadas [...]. (SANTOS, 2002: 25)

O bilingüismo acima citado é a forma mais usual nos espaços socioeducacionais

atualmente. A língua de sinais neste contexto é vista como comunicação do surdo.

O bilinguísmo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõe a tornar acessível à criança as duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita.

(QUADROS, 1997: 27)

Tanto o bilinguísmo quanto outras alternativas (como o oralismo, a comunicação

total e o bimodalismo²) estão presentes nos dias de hoje e poderão se estender ao futuro, abrindo leques de suposições e possibilidades.

As representações sociais estruturam os saberes cotidianos, as teorias populares, o senso comum, enfim, tudo o que resulta do conhecimento prático, orientado para a compreensão do mundo e para a comunicação entre os indivíduos. São as representações que se elaboram na construção

Muitas pessoas pensam que a inclusão é sinônimo de colocar. Porém não basta

inserir um ser em um ambiente, é preciso moldar este ambiente para que o indivíduo em questão sinta-se parte de um todo. A inclusão é um processo amplo com dimensões ideológicas, sociais, culturais, políticas e econômicas. Envolve toda e qualquer relação interpessoal existente na escola e fora dela. Ao colocar uma semente sobre a terra, ela poderá ou não se desenvolver. Porém, adubando a terra, ajeitando a semente e regando o solo quando necessário, esta semente se desenvolverá e florescerá. Afinal, a flor está sempre dentro da semente. Basta ter-se o cuidado de fazê-la germinar (ROSA, 2005).

O parágrafo acima serve de comparação a uma pessoa, esteja ela na condição de

educando ou cidadão; esteja em uma escola ou na sociedade; seja surda ou não. A

concepção da inclusão abalou os alicerces do paradigma educacional e social tradicionais gerando uma crise e isso leva a pensar no que é real, presente e constante em termos de educar. É por isso que muitas pessoas se assustam diante

²Uso simultâneo de duas línguas

de algo novo. Com a inclusão ocorre, simultaneamente, em algumas vezes, o choque e a coragem de um desafio, o qual não se pode ignorar, nem recusar.

É obstante lembrar que nem sempre aonde se tenha inclusão nem sempre há

interação.A inclusão deve ser um fenômeno pleno, que inclui interação, entre outros

elementos relacionais. Se alguma relação não apresenta a interação, então, não houve inclusão, no sentido mais pleno do termo. Foi simples justaposição de sujeitos, ou integração, etc., mas não inclusão. A interação que deve existir na inclusão é feita e vivida pelas trocas sociais, respeito às diferenças culturais e linguísticas, pela aceitação do outro como ele é e não como um bonequinho de massa a ser moldado de acordo com o que se quer.Pensemos agora, o que nos espera no amanhã senão algo que tenhamos escolhido no hoje? A vida é intrínseca, não há como separar os fatos, ações que se desencadeiam às vezes sem tempo de conserto ou possibilidade de mudança.

A educação de surdos é feita por aqueles que participam dela. É assim que a

LIBRAS terá aceitação e propagação no ambiente escolar e social; é desta forma que o surdo passará a interagir com o meio, desenvolvendo-se.

Não adianta propor leis e mais leis ou ainda impor o que se acha por correto se a

realidade absorve isso de forma diferente. E se absorver. Isto porque em muitas vezes pode ocorrer que a implantação de uma lei ou algo similar fica a mercê de barreiras.

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