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Trabalho Sobre Documentário Juízo

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Por:   •  10/8/2014  •  2.257 Palavras (10 Páginas)  •  329 Visualizações

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O documentário “Juízo”expõe uma realidade que afeta a sociedade brasileira, que por se tratar de uma população em sua maioria pobre, devido a falta de oportunidades e às desigualdades sociais, pessoas acabam recorrendo a meios ilícitos para poder sobreviver, passando então por situações de risco, não só para o autor mas também para quem sofre a ação, e de marginalidade. Percebe-se isso nas audiências com os jovens no documentário, eles, infelizmente, vivem uma dicotomia, entre a vida e a morte, arriscando-se assim para alcançarem os seus objetivos, normalmente essas tentativas não possuem êxito e como resultado este índividuo passa a ser privado de sua liberdade.

O cárcere é mostrado explicitamente no filme, nele podemos ver a sua deficiência, o que em tese serviria como um meio de reintegrar o indivíduo a sociedade, acaba por exclui-lo ainda mais, pois, ao ficar encarcerado sem nenhum tipo de atividade socioeducativa e passando a interagir com pessoas que cometeram delitos maiores, esses jovens passam então a se afastar ainda mais da harmonia da sociedade e acabam cometendo litígios ainda maiores.

Precisa-se questionar o que eles fizeram para merecer esse tratamento, que fatores levaram a sua prisão, ouvir-se as partes do processo ter provas concretas para que o juiz possa determinar uma solução para cada caso e suas respectivas penas, se houver.

No documentário há um momento em que ocorre o julgamento de duas meninas acusadas de roubarem um turista e nele as autoridades voltam-se para o histórico pessoal do réu. Os órgãos representados pela justiça analisam fatores sociais: eram meninas desempregadas, sem estudo, ambas possuíam filhos pequenos, possuíam baixa renda familiar. Isso aparece em uma cena quando uma delas afirma que roubou, mas foi para comprar uma lata de leite ninho para o seu filho que estava passando por necessidades alimentares. Percebe-se no filme então que os jovens, no momento de sessão no tribunal, são julgados culpados ou inocentes, levando-se em consideração aos aspectos de vida social, como citados no exemplo anteriormente.

O homem e a mulher, por serem seres sociais, compartilham com outros/as formas de agir e pensar sobre o mundo e as suas próprias ações, logo, nas diversas cenas da película, são notórios aspectos culturais: os jovens infratores têm linguagens próprias e se expressam de forma semelhante, fazendo assim uma analogia que a comunidade em que vivem tenha grupos diferentes de pessoas, com seus respectivos códigos simbólicos, os quais podem se assemelhar ou não em outras comunidades. Em um determinado momento do filme, por exemplo, percebe-se a falta de informação do réu em relação à sigla L.A., que significa Liberdade Assistida, mas que para ele é um vocábulo pouco comum com seu meio social em que ele vive. E, por ter esse desconhecimento, ele fugiu da prisão, sendo liberado no dia seguinte. Ao fazer mais uma analogia entre a ficção do filme e fatos do cotidiano brasileiro, podemos concluir que os aspectos da vida social e cultural são fundamentais para a compreensão do indivíduo por inteiro e para o entendimento da sociedade em que vive.

É preciso salientar que a audiência mostrada no filme se passa no Tribunal de Justiça ─ Vara da Infância e Juventude. Uma audiência é constituída de diversos atores sociais, como os familiares, juízes, promotores, defensores, jurados, réus e testemunhas e, externamente, há os agentes penitenciários. O tribunal é uma ambiente de estudo, análise e julgamento de comportamentos de indivíduos que cometeram delitos e/ou ações que feriram a dignidade humana e/ou a vida em sociedade. Assim ele aparece caracterizado no filme, pois há um julgamento de indivíduos que praticaram certo delito, no caso, roubo, furto e homicídio. Esses atos criminosos são mostrados de forma real, às vezes, de maneira autoritária pelos representantes do poder Judiciário, que têm a função de julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as determinações constitucionais do país.

A juíza, se comparada ao advogado de defesa, personagens que mais se destacam no filme, tem diferenças notórias, no que diz respeito à postura corporal, falas e discursos. A primeira tem a função de julgar e sentenciar, agindo de maneira ríspida e autoritária, demonstrando assim a razão e a verdadeira face do poder do Estado: uma instituição poderosa que estabelece regras de convivência através do poder coercitivo. Vale ressaltar que a coerção não se dá somente no ato de agredir fisicamente o outro, mas também de exercer o poder através de palavras, como é o caso da juíza em diversos diálogos com os jovens infratores. Ela questiona o réu em uma das cenas: “─ Como é que um cara te chama para roubar e você vai? Ele manda em você; ele é seu pai por acaso?” [...] “Se estivesse em casa, não teria feito o delito” [...] “Seu pai te educou para ser ladrão?”

Já os advogados de defesa, como o nome já diz, eles têm a finalidade de defender o réu nos tribunais, mostrando-se assim mais compreensivos diante do acusado e proporcionando condições de absolvição ou pelo menos de garantir uma pena devidamente equilibrada. O defensor possui diálogos pacíficos, sempre visando ao bem-estar dos infratores: “[...] é preciso também notar que ele tem família, seu crime não foi de alta importância” [...] “assim como nos Santo Dummont como no CRIAM não tem instalações adequadas para que as mães fiquem com os seus filhos”. [...] “caso elas forem para o CRIAM serão violados o direito delas de ter os filhos na sua companhia e vice-versa”.

Ambos atores sociais citados acima devem ter uma certa formalidade, até porque se encontram em um ambiente próprio para isso.Tanto o promotor quanto a juíza usam cada qual o seu método de persuasão. Até a postura corporal, sendo essa uma regra imposta pela civilidade, pelas conveniências, faz com que ambos atores sociais também se adéquem de maneira apropriada ao contexto. Por último, os agentes penitenciários, demonstram certa autoridade perante os jovens infratores, tendo postura de militar e ditador, quando todos os presos devem obedecer-lhes, respeitar as normas, em vários momentos do filme, quando são evidenciadas neste trecho: “─ [...] abre a boca, levanta a língua! por isso que rodam fácil, fácil”, “levanta a camisa”. Fazendo uma análise nessas falas dos agentes, é notório que todas elas estão sempre no imperativo, dando assim a ideia de ordem e de poder e mando sobre o outro.

A película Juízo, com o intuito de mostrar a realidade de jovens infratores, apresenta para o público alguns fatores sociais que envolvem a prisão e os julgamentos, transmitindo,

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