TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Transporte ferroviário

Por:   •  30/11/2015  •  Seminário  •  2.411 Palavras (10 Páginas)  •  135 Visualizações

Página 1 de 10

Intermodalidade

[pic 1]

Intermodalidade

A falta de integração entre os modais agrava problemas de logística no Brasil. A dependência de uns em relação aos outros pede investimentos paralelos e simultâneos.

Entre os inúmeros problemas de infraestrutura de transporte no Brasil, possivelmente um dos mais graves é a falta de um planejamento estruturado, fundamentado na integração entre os vários modais básicos. O país ainda não pensa, de maneira integrada, seus portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, aerovias e hidrovias.

Entre os especialistas, a avaliação é de que o país perde competitividade por não ter essa visão em conjunto, o que agrava ainda mais os problemas causados pela falta de investimentos na área de logística e aumenta o obstáculo para empresas e indústrias.

"O crescimento do Brasil só vai ser sustentável com uma melhora da infraestrutura logística do país como um todo. E, sem dúvida, a integração de modais é um dos aspectos principais", diz o engenheiro mecânico Rogério Pires, do Comitê de Caminhões e Ônibus do congresso SAE Brasil - associação que reúne engenheiros, técnicos e executivos relacionados à tecnologia da mobilidade.

Segundo Pires, o país precisa pensar na questão de maneira mais ampla, no sentido de buscar mais eficiência no transporte não só de cargas, mas também de passageiros. "Há um problema generalizado de transporte a granel no Brasil. O mínimo que se precisa pensar é em uma ligação adequada entre a área de produção e escoamento dos produtos", diz.

O engenheiro cita como exemplo bem-sucedido o modelo europeu de transporte, que tem uma maior parte concentrada em ferrovias. "Há toda uma cadeia que fica prejudicada quando há algum gargalo. Não há dúvida de que o país perde competitividade."

Para o empresário Everton Scheffer, dono da empresa de exportação e importação SW, os problemas de infraestrutura fazem com que o transporte no país seja lento e burocrático. Recentemente, a empresa precisou de oito dias para levar do interior ao Paraná ao porto de Paranaguá uma carga de biscoitos equivalentes a oito contêineres. "Precisei contratar caminhões para levar o produto à estação, transferir para um trem, que levou os biscoitos até o porto. É um absurdo de tempo", diz. "Além disso, o trem no Brasil é muito caro, o que inviabiliza a exportação para negócios de médio porte."

Cidades

Para Rogério Pires, a intermodalidade dentro das próprias cidades também é uma questão fundamental. "O que vemos hoje são linhas de ônibus paralelas às linhas de metrô, por exemplo, quando elas deveriam ser complementares, uma alimentando a outra", aponta o engenheiro da SAE Brasil. Para ele, esse pensamento estratégico a partir das cidades é fundamental para que a logística do país seja eficiente.

É o que deve acontecer em relação ao trem-bala, por exemplo. Na avaliação de Pires, esse meio de transporte não pode ser pensado isoladamente, apenas para ligar duas cidades. É fundamental pensar, por exemplo, nos acessos às estações via metrô. "É difícil imaginar que alguém que chega ao Rio ou a São Paulo de trem-bala vá pegar um ônibus do transporte coletivo comum", alerta.

Paraná

Há poucas semanas, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) anunciou que está estudando as ações administrativas necessárias para integrar o setor rodoviário aos demais modais de transporte e, assim, aumentar a competitividade do estado. Entre os pontos, segundo o governo, estão as reivindicações do setor produtivo sobre obras e gerenciamento de operações de rodovias por parte das concessionárias.

O Diretor-Geral do DER-PR, Amauri Medeiros Cavalcanti, citou como ações fundamentais um plano diretor para licitação de linhas de transporte intermunicipal de passageiros e a ampliação do ferryboat que opera na baía de Guaratuba.

No Seminário de Diagnóstico Institucional da Secretaria de Insfraestrutura e Logística, realizado no início de fevereiro em Curitiba, o Secretário da pasta, José Richa Filho, disse que o estado precisa de um planejamento integrado. "Não adianta nada um modal resolver seu problema e outro não. Trabalho com sinergia é fundamental para o desenvolvimento da infraestrutura e da logística paranaense."

Trem-bala

Algumas apostas do governo federal para garantir a logística de transportes de passageiros nos próximos anos, em especial na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, são o ônibus e os trens. O trem de alta velocidade (TAV), uma das prioridades do atual governo e que passa pelo processo de viabilidade, deve ajudar a desafogar aeroportos e rodovias.

Estudos sobre o projeto do novo trem, que deve ligar o Rio de Janeiro a São Paulo - possivelmente passando por outros municípios do trajeto, como Campinas e Aparecida (por conta do viés turístico-religioso) -, revelam que ele pode absorver até 53% do tráfego entre os dois estados.

Segundo os estudos sobre o TAV, ele tem potencial para atender a 67% da demanda hoje absorvida pelos ônibus, diminuir em cerca de 47% as viagens de automóveis e em quase 50% o fluxo da ponte aérea.

O desafio, no entanto, é tirar o projeto, orçado em R$ 33 bilhões, do papel, o que deve acontecer com o apoio do setor privado (inclusive com participação de empresas estrangeiras). O plano inicial prevê de 8 a 11 estações no percurso - incluindo os aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro), Guarulhos (São Paulo) e Viracopos (Campinas). A previsão é de que ele transporte, por ano, entre 8 e 10 milhões de passageiros com fluxo diário de aproximadamente 22 mil pessoas.

São Paulo

O principal porto do país, em Santos, litoral paulista, sofre com a falta de integração dos modais de transporte em seu complexo. Apesar da grande demanda de cargas, são necessárias obras de infraestrutura que permitam o acesso - e o crescimento - do terminal. Um primeiro passo deve ser dado ao longo dos próximos meses, com o início das obras da Avenida Perimetral da Margem Esquerda, no Guarujá. Mas o estado precisa investir, ainda, na construção dos ramos Norte e Sul do Ferroanel.

Ceará

Os casos dos portos do Mucuripe e do Pecém, no estado do Ceará, são emblemáticos. As obras de dragagem e de ampliação dos terminais vão aumentar em até 30% a capacidade de movimentação dos portos. Mas a integração entre o transporte marítimo e o rodoferroviário é condição básica para garantir o escoamento das cargas para além do cais, garantindo que esse crescimento se estabeleça de fato.

Outro projeto fundamental para o estado é a ampliação da bitola do ramal ferroviário Acarape-Mucuripe. A substituição da bitola, orçada em R$ 300 milhões, é essencial para integrar o porto de Fortaleza à ferrovia Transnordestina - que está sendo executada em bitola larga, permitindo a circulação de vagões maiores. O transporte de cargas para o porto de Mucuripe é feito atualmente em bitola menor. Sem a ampliação, o terminal ficará defasado inclusive em relação ao porto de Pecém, no qual está sendo construído um terminal multiuso que, no futuro, será integrado à Transnordestina.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (16.5 Kb)   pdf (275.3 Kb)   docx (317.7 Kb)  
Continuar por mais 9 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com