Analise Comparativa A Ultima Ceia

A Última Ceia

Analise Comparativa

“A última ceia” é um momento extremamente relevante para a história de Jesus, visto que ela ocorreu na noite em que Cristo foi entregue à Pôncio Pilatos, sendo um dia de partilha entre Jesus e os discípulos, antecedendo a sua morte de cruz. Dessa forma, muitos artistas, em especial os barrocos, buscaram retratar esse momento aplicando nas suas obras os toques e características do seu movimento artístico. Nesse sentido, Marcos Zapata e o famoso Aleijadinho expressaram sua arte retratando tal acontecimento e reproduzindo suas perspectivas na criação artística. Logo, é relevante realizar a análise comparativa dessas obras e a suas iconografias.

Em primeiro lugar, a iconografia é importante para que os aspectos da arte sejam analisados. Nesse viés, em “A última ceia, de Marcos Zapata”, obra exposta na Catedral do Cuzco, no Peru, o autor aplica um toque de sua cultura na cena ao registrar a degustação do porquinho da índia, iguaria servida em Cuzco, além do servimento da chicha, que é uma bebida feita de milho, produzida pelos indígenas na Cordilheira do Andes. A luminosidade na cabeça de Jesus Cristo enfatiza sua santidade, além disso, sua centralidade na cena, estando rodeado pelos discípulos explicita uma situação de adoração, diante da divindade da figura santa no centro. Outro aspecto evidente é o pantocrator, ação de levantar a mão em posição de benção, indicando o polegar para si e os dedos indicador e médio em posição oblíqua, indicando a dupla natureza de Cristo (divina e humana). Ainda em relação à ceia, a justiça de Deus é representada no compartilhamento dos alimentos, no qual todos têm o que comer, de forma igualitária, apontando uma justiça concreta. Nessa pintura a marca barroca é vista no forte conteúdo emocional, na valorização das luzes e sombras, no realismo, teatralidade e na religiosidade.

Semelhantemente, a obra de Aleijadinho “A última ceia” também retrata o mesmo momento histórico, porém, em forma de escultura, onde os personagens possuem tamanho real, em esculturas. Nessa obra, é nítida a presença barroca ao analisar a dramaticidade dos personagens, a forma de posição dos corpos dos discípulos e de Jesus, como se dialogassem entre si. Os pés descalços significam que Jesus estando naquele lugar, segundo o judaico-cristianismo, torna-se a terra santa e dispensa a necessidade de calçado nos pés. As tonalidades de cores das vestimentas provocam uma harmonia na imagem e uma impressão realista dos tecidos usados naquele período. Semelhante à obra de Zapata, a figura de Cristo é posta no centro, em frente há uma grande janela, encaminhando os olhares para o ser central, remetendo a sua singularidade. Além disso, o formato circular da mesa provoca o mesmo efeito. Dentre características barrocas estão nas esculturas a onipresença, intensidade, efeitos extravagantes e um exagero nos detalhes e no realismo da produção.

Por outro lado, devido à representação de uma mesma cena, sendo essas artes de um mesmo período artístico, é possível que seja feita uma análise comparativa. Em ambas as obras a santidade de Cristo é valorizada por meio da centralidade dos elementos, o estilo exagerado de detalhes e a dramaticidade das cenas, as expressões faciais e corporais dos personagens, o uso das cores que compõem as obras, assim como a religiosidade e busca por fazer representações religiosas, pautadas na fé e na crença da igreja, a teatralidade e representação do espaço em movimento. Todos esses são aspectos em comum nas obras. Além disso, analisando a concepção artística de Aleijadinho e de Marcos Zapata, é evidente que buscaram, além de expressar o barroco, expressar sua cultura e seu modo de fazer arte de maneira singular, impressionando aqueles que buscam compreender e apreciar tais composições.

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