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Carta de Uma Mulher: Relatos de Um Estupro

Por:   •  13/9/2020  •  Resenha  •  742 Palavras (3 Páginas)  •  184 Visualizações

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Carta de uma Mulher: Relatos de um estupro

Alerta de Gatilho: O texto relata uma situação de abuso sexual!!!

Carta de uma Mulher

Relatos de um estupro

Silêncio. Peço a todos silêncio e um pouco de paciência. Quero contar minha história, mas tenho medo. Por favor, não me julguem. Não foi minha culpa. Ou pelo menos acho que não foi. Ou será que foi? Não sei. A sociedade me confunde.

Sou uma mulher como tantas outras que você conhece. Saio de madrugada para trabalhar e só retorno a noite. Muitas contas para pagar e uma família para sustentar. Convido a vocês a descobrirem como fui morta, mas ao mesmo tempo continuei viva.

A noite estava mais escura que o normal. Peguei meu ônibus e estranhamente estava vazio. Sentei na janela e fiquei a observar cada árvore que passava. Algo não parecia certo. Que sensação ruim. Tentei ligar para casa avisando que estava chegando, mas ninguém atendeu. Dei sinal e desci. Meu caminho se resumia a um trecho de mata deserta, sem nenhuma outra alternativa.

Segui em passos largos e atenta ao meu redor. Não havia ninguém. Estava escuro. Mas aquela sensação. Andei mais rápido. Já estou chegando. Estou atenta a tudo. Ninguém. Ninguém. Alguém!!! Somente senti mãos grandes tampando minha boca e uma faca em meu pescoço. Tentei escapar, mas ele era maior, mais forte, ágil e me guiou a força mata adentro.

Chegamos em um lugar cercado por árvores, ele me jogou no chão. Tentei bater e não consegui. Cuspi em seu rosto. Levei um soco na boca e senti meu dente quebrando. Gosto de sangue. Rasgou minha roupa com a faca. Barulho de zíper abrindo. O peso do corpo dele sobre o meu. Esta me rasgando. Isso dói. Forte. Forte. Forte. Respiração ofegante em meu pescoço. Apertando meu rosto. Morde meus seios. Usa toda sua raiva ao violar meu corpo. Dói. Choro. Está gostando? Mulher como você merece isso. Pede mais. Vaga... Ele sai de mim. Acabou? Não. Me vira de costas. Vai por trás. Dói. Dói muito. Puxa meu cabelo. Não tenho mais forças. De frente de novo. Mãos enforcando meu pescoço. Meu corpo já não é mais meu. Olho para o céu. Não está mais tão escuro. A Lua está cheia. Fecho meus olhos.

Será que morri? Abro meus olhos. Quanto tempo se passou? Já está claro. Estou rodeada por muitas vozes. Minha cabeça vai explodir. Por favor, silêncio!!! Mas ninguém me escuta. Colocaram um casaco sobre meu corpo sujo, ensanguentado, marcado, mordido, arranhado. Me ajudem. O que estão esperando? Continuam não ouvindo... afinal sou mulher e não tenho voz?

"Será que a roupa dela não estava curta demais?", "O batom era vermelho?", "Mulher sozinha uma hora dessas? Hum... Sei não", "Ela deve ter provocado ", "Homem não controla seus desejos". Parem!!! Parem!!! Isso não é justo!!! Não tem efeito!!! Estou jogada no chão. Exposta. Por que ele não me matou? Para que eles me matem? Cada palavra é uma facada em meu peito. Não tenho forças para lutar por mim. Eu desis...

Ouço uma voz sofrida, porém forte o suficiente para se destacar e fazer com que todos se calem: "Desde quando a culpa é da vítima?

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