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Expressões artísticas modernas e pós-modernas

Por:   •  14/9/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.452 Palavras (6 Páginas)  •  266 Visualizações

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A Fallingwater House, de Frank Lloyd Wright, desenhada em 1934 e construída em 1936, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi pensada em um contexto modernista, e pode-se observar que esses princípios serviram, entre outros fatores, como inspiração para a obra. O arquiteto, considerado o introdutor da arquitetura moderna nos Estados Unidos, é conhecido por sua arquitetura orgânica, e acreditava que mais do que uma questão de habilidade, a arquitetura deveria ser um agente comunicador. Analisando a estética da obra, observa-se inúmeros aspectos da estética modernista, tais como narrativa, centração, metáfora e propósito, que serão explicados ao longo da análise.

Observa-se, por parte do arquiteto, um enorme domínio da construção, seja pela utilização dos materiais que a compõe ou pelo diálogo entre ela e o meio, podendo se afirmar que esses fatores foram pensados de modo que houvesse uma síntese entre a arquitetura e o meio. O diálogo entre a construção e a natureza pode ser compreendido de forma narrativa, como se o arquiteto, da maneira como construiu a casa, pretendesse, metaforicamente, também por conta de sua forma orgânica, contar uma história.

A casa, da maneira como foi construída e dialoga com o entorno, possui enorme profundidade, tendo sido muito analisada e aclamada por especialistas e pelo público. Essa análise, porém, é facilitada quando se toma certa distância da construção: observando a casa de fora é que se percebe a totalidade da construção e a interação quase natural com o entorno, além da enorme profundidade percebida na simples observação da obra, fruto de um projeto que possuía um propósito bem delimitado e de um arquiteto que possuía enorme domínio do que se propunha a fazer, de forma quase que transcendental.

Diferindo-se do propósito e da distância presentes nas obras modernas, o Parangolé, obra do artista plástico contemporâneo Hélio Oiticica, reforça a característica pós-moderna da participação: a obra, espécie de capa que revela suas cores e texturas a medida em que alguém a veste e se movimenta, necessita da interação do público com a criação, o que quebra com a distância e função presentes no período moderno, além de libertar a pintura de seus antigos padrões. Uma vez que seu modo de produção, exposição e interação opõe-se às artes tradicionais, a obra de Oiticica pode ser considerada uma antiarte, pois além de não pertencer a nenhuma das artes tradicionais exclusivamente (é uma combinação de pintura, dança e música), também não possui um propósito, uma finalidade (além da meta em si de entreter), como possui a obra de Frank Lloyd Wright. Trata-se, portanto, de uma composição disjuntiva, aberta, em que estão presentes o acaso das formas e a indeterminação de significado.

É possível também contrapor Parangolé a Fallingwater House, uma vez que, nesta última, fica clara a distinção entre o sujeito contemplador e o objeto de contemplação, enquanto que na primeira não há essa separação tradicional, havendo um “ponto de confluência” entre espectador (no caso, dançarino) e objeto, relação que cria uma espécie de anarquia entre obra, artista e público. Por conta desta característica, aponta-se outra divergência entre o Hélio Oiticica e Frank Lloyd Wright: ao passo que o arquiteto americano possui uma obra artisticamente definida e acabada, a estrutura da capa de Oiticica depende da ação, e da interação entre obra e público, características encontradas em outros artistas pós-modernos. Além disso, é exatamente a relação entre dança e música que desfaz qualquer construção arquitetural em Parangolé. Enquanto Frank Lloyd Wright utiliza-se da estética para compreender uma narrativa histórica, que dá a sua obra um significado, o artista plástico brasileiro desprende-se do sentido histórico e dá vazão a ficção, a desconstrução e ao espaço livre em detrimento do tempo.

Pode-se dizer, também, que as reações provocadas pela obra de Oiticica são muito mais diversas do que aquelas provocadas pela construção de Frank Lloyd Wright. A segunda, estática, prevê uma observação muito mais disciplinada e padronizada, enquanto que a primeira depende da variedade de interação para ser bem sucedida. Por fim, enquanto o expectador de Fallingwater House deve valer-se da estrutura arquitetônica para explorar o ambiente, é possível dizer que o Parangolé serve como meio de explorar o indivíduo, que deixa de ser um expectador e passa a ser um participante. Ambas as obras, porém, têm a capacidade de atingir o espectador de modo profundo e subjetivo.

Abaporu e Piazza d’Italia

Charles Moore, Piazza d’Italia.1978

Tarsila do Amaral, Abaporu. 1928

Pode-se observar, nos espaços utilizados pelo pós-modernista Charles Moore em Piazza d’Ítália (Nova Orleans, Lousiana, 1979), um bombardeio de estímulos à visão e ao estar, caracterizados por uma plasticidade do espetáculo e pela valorização de elementos que levam o visitante a uma sensação de fantasia, surpresa, efemeridade ou teatralidade. Projetada para ser um espaço público de encontro em uma área estratégica que necessitava de revitalização urbana, a praça adota cores exaltantes, elementos fragmentados (característica típica pós-modernista), um chafariz que remete ao mapa da Itália e iluminação por tubos de neon, de modo que o arquiteto concebe à praça uma cenografia teatral. Além disso, a “performance” e a teatralidade pretendidas pelo arquiteto são percebidas mais claramente quando há a participação do

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