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Os Mortos James Joyce

Por:   •  13/12/2018  •  Ensaio  •  512 Palavras (3 Páginas)  •  277 Visualizações

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A morte em “Os mortos”, de James Joyce se constitui como eixo principal do conto, o que é evidenciado já no título. Na porção do enredo que antecede o climax, a temática da morte é sutilmente introduzida, mais como acontecimentos corriqueiros, do que como eventos de grande relevância ou máximo destaque.

O clima de nostalgia paira sobre o conto. A reflexão acerca do passado é constantemente retratada, cita-se os mortos, com cautela e carinho, e também faz-se comparações entre as produções artísticas de cada época. O passado é também presente e a passagem do tempo, juntamente com as suas causalidades e com seus eventos, é o que constrói, primordialmente, a individualidade e o emocional das personagens. O tempo, e isso inclui as mortes e a influência dos mortos na vida dos vivos, é o que desencadeia as epifanias de Gabriel e fundamenta, por meio do tom nostálgico, a catarse de sua mulher — situação que constitui o clímax do enredo.

Joyce consegue construir um panorama histórico dos personagens, mesmo com a brevidade da obra e com o caráter de detalhe desse tipo de informação. Quem os personagens são, de acordo com as descrições apresentadas, diz respeito as teias de relações e aos antepassados mortos. A identidade dos vivos, a vida dos vivos, o emocional dos vivos: há sempre uma marca da morte e dos mortos.

A revelação da esposa de Gabriel é o que despe a grande revelação do próprio Gabriel. É também o que despe a relação dos dois e o emocional de ambos. O personagem protagonista, que ao longo de todo o enredo, se manteve reflexivo, tem, neste momento a reflexão magna.

A morte é também a vida. A morte norteia a vida. A morte faz parte da vida. A morte, independente de quem acomete, deixa marcas permanentes de pessoas que se foram e do passado, que mesmo não sendo anulado, se perde por conta da parcela de concetividade com o presente que se esvai.

A morte do uma vez amado de Gretta deixa nela marcas para sempre. Marcas de saudade, de culpa e de remorso. Marcas essas que mesmo no presente, mesmo após toda a construção de uma nova vida, ainda são capazes de a fazer sofrer. As marcas de Gretta se expandem de indivíduo e se tornam então marcas de Gabriel.

Gabriel é marcado pela morte do amado de Gretta. Esse morto e o efeito que ele causa na vida da mulher de Gabriel leva o protagonista a a constituição de novas concepções e novos conceitos. Esse morto, de certa forma, edita o passado de Gabriel: toda a noção de relação, de amor recebido, se voltaram a uma perspectiva de ilusão. Uma ideia de Gabriel, por algum tempo, tornou-se morta. Mas, os efeitos do morto não se limitam ao tempo morto (passado) de Gabriel. Os efeitos do morto criaram um novo futuro para Gabriel, uma nova perspectiva: a morte passou a ser parte da sua visão a longo prazo, se tornou um sofrimento aguardado e de certa forma, naturalizado, não como algo sem valor de impressão, mas como uma inevitalidade.

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