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Projeto Questões Para Uma Teoria D@ Atoratriz Contemporâne@

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Por:   •  12/3/2015  •  1.412 Palavras (6 Páginas)  •  260 Visualizações

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Este trabalho é resultado de um estudo de observação e articulação de teorias acerca do que chamei de “manifestação invisível de cura”, embasado por experiências pessoais, por autores e autoras e relatos de artistas, os que considerei importantes para enriquecer este ensaio sobre o tema. O termo que utilizo está relacionado ao fazer teatral e também à comunicação entre arte e público, portanto, tratará da relação não somente atoral, como também a exploração da faceta pedagógica-artística a partir do tema.

Há algum tempo tenho percebido um fenômeno oriundo da arte. Este fenômeno (é assim como resolvi chamar tal manifestação) é invisível e de uma delicadeza inerente à já conhecida “poesia” das expressões artísticas. Tenho a sensação de que quando transcendemos ao nos deparar com o belo, o fenômeno da cura acontece ao mesmo tempo em nosso campo áurico.

IMAGEM 1 (Retirado do livro Mãos de Luz, de Barbara Ann Brennan – página 20)

Este trabalho é, portanto, sobre a articulação a partir de alguns comentários e sentidos que são de efeito invisível e sensível. Ao se deparar com a arte (sendo ela de qualquer natureza), seu sentido de experiência torna-se movimento que transforma e a cura acontece. Porém, a cura a partir da transcendência aqui está um pouco longe do que Aristóteles chama de catarse, sobre a elevação da tragédia e seus efeitos de purgação para a alma humana. Para fins de compreensão, porém, primeiramente é preciso explicar o que é belo neste contexto.

Em uma sexta-feira qualquer do ano de 2012, lembro-me de ir ao teatro assistir um espetáculo naquela época: Mistero Buffo, da Cia La Mínima. De um texto de Dario Fo, encenado pelo viés do palhaço (como é de costume das criações da companhia), resgataram 3 histórias da Idade Média que revelam a sátira aos temas políticos, irrisórios até hoje. Apesar de, particularmente, achar o trabalho muito simples e bem amarrado, o mais importante a destacar é a sensação após sair do teatro – uma curiosa de pulsão de vida, uma esperança renovadora (algo que não sentia há tempos). Ao perguntar para a pessoa que me acompanhava se passava pela mesma experiência, a resposta foi afirmativa.

Em outra ocasião, num Sarau Literário, estava na programação o documentário sobre o escritor Manoel de Barros, “Só Dez Por Centro é Mentira” de 2008. Porém, a descrição perfeita para aquele lugar era a famosa expressão “há algo estranho no ar”. O ambiente inteiro tinha um ar de bagunçado, não pela bagunça em si – pois o caos também é organizado em sua específica vibração – mas por uma certa sensação de incômodo de estar presente. Após o filme, surpreendentemente, o silêncio se instalou naquele galpão e ficou por alguns minutos. As pessoas haviam se sentido tão pertencentes àquilo que o documentário trazia que todo o espaço físico parecia ter aumentado para a grandeza do brilho nos olhos daquele coletivo.

Poderia comentar mais dezenas de passagens como estas e o resultado seguiria semelhante. As pessoas saem agradecendo à vida por terem sido emergidas por tamanha beleza. Eis aqui o que podemos entender como belo: a sensação de pertencer, de ouvir (de diversas formas) o que gostaria de dizer, a reafirmação da própria alma. Assim acontece a transcendência.

A arte é importante porque ela celebra as estações da alma, ou algum acontecimento trágico ou especial na trajetória da alma. A arte não é só para o indivíduo; não é só um marco da compreensão do próprio indivíduo. Ela também é um marco para aqueles que virão depois de nós. O (...) ofício de perguntar, o ofício de contar histórias, o ofício de ocupar as mãos – todos esses representam a criação de algo e esse algo é a alma. Sempre que alimentamos a alma, ela garante a expansão. (ESTÉS, 2014, página 28, grifo meu).

No trecho acima, presente no livro Mulheres que Correm com os Lobos, é possível identificar o que a autora descreve como movimento da alma (que, no caso, é proporcionado pelo fazer, a criação): a expansão. Pensando nisto, voltamos à cura a partir da transcendência, citada no começo deste texto.

Do ponto de vista físico, é possível descrever os movimentos da aura humana conforme a seguinte imagem:

IMAGEM 2 (Retirado do livro Mãos de Luz, de Barbara Ann Brennan – páginas 86-87)

Podemos apreender que as cores e o formato da aura muda enquanto um músico toca ou um professor leciona um assunto que ama. A cura de que falo, portanto, não deve ser interpretada por sanar alguma doença, e sim, pela expansão da consciência e o movimento invisível que acontece em cada ser pelo contato com as infinitas possibilidades que pertencem à arte.

“A experiência de cura é como a de um ritual xamã, uma viagem de si para o mundo mítico-mágico, para o illud tempus” (ICLE, 2006).

Sendo agora mais especifica, volto ao título: o que há de sagrado na arte do ator e da atriz? Pela imagem, podemos observar que a autora descreve os desenhos na primeira pessoa, ou seja, o músico toca e muda seu próprio campo áurico – além do campo alheio (dependendo da intenção, de maneira positiva e negativa).

Silvia Leblon comenta sobre sua aproximação com Sue Morrison e o Clown Xamânico, ressaltando que não há no mundo cultura primitiva que não entenda a arte como curativa. A apreensão pode ser completada por Barba:

Sagrado, etimologicamente, significa o que é separado, não pertence mais à comunidade social. Significa também tudo o que é luminoso,

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