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Revisão do filme "Todas as manhãs do mundo"

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Por:   •  15/10/2014  •  Resenha  •  649 Palavras (3 Páginas)  •  414 Visualizações

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A partir do livro do mesmo nome, de Pascal Quignard, Alain Corneau realizou, com argumento do próprio Quignard, o filme “Todas as Manhãs do Mundo”, dedicado às vidas e relação entre os dois compositores franceses do final do século XVII, Monsieur de Sainte-Colombe e Marin Marais.

Monsieur de Sainte-Colombe é ainda hoje um compositor envolto nalgum mistério, não se conhecendo exactamente as suas origens. Sabe-se que vivia uma vida de reclusão, tendo ficado célebre pela suposta adição de uma sétima corda à sua viola de gamba (um antecessor do moderno violoncelo), que lhe dava um som mais intenso, e por ter sido o tutor do célebre compositor e intérprete, Marin Marais. O filme explora principalmente a interacção entre estes dois homens, tentando lançar um pouco de luz sobre o que seria a relação de Monsieur de Sainte-Colombe com a sua música.

Na obra de Corneau e Quignard, Sainte-Colombe (Jean-Pierre Marielle) é um homem amargurado pela morte prematura da mulher, que decide a partir de então viver no campo, apenas para as suas filhas Madeleine e Toinette, com os gansos e galinhas como único público da sua música. Sainte-Colombe compõe e toca para expressar o inexpressável, e para se dirigir àqueles a quem não se pode dirigir por palavras. Fecha-se na sua cabana e toca para a defunta esposa, para a sua dor, para aquilo que já não terá, e para tudo o não consegue viver. A sua frase “Todas as manhãs do mundo são sem regresso” exemplifica essa relação pessoal com o tempo, a memória e a dor humana que Sainte Colombe carrega.

Sainte-Colombe educa as filhas nessa vida austera, como meros recipientes do pouco afecto que consegue transmitir, e parceiras musicais da sua arte quase secreta. Mas tal equilíbrio é rompido pelo jovem Marin Marais (Guillaume Depardieu), que à custa de muita teimosia, sacrifício, e guiado pelos ensinamentos de Madeleine (Anne Brochet), que dele se enamora, consegue ser aceite como pupilo do velho músico. Marais quer deixar a vida simples da sua família e triunfar. Quer aprender os segredos da música, e com isso chega à corte francesa. Mas para Sainte-Colombe, que vê nessa cedência aos ricos palcos uma traição à essência da música, Marin Marais nunca é um digno sucessor.

A história é-nos contada do ponto de vista de um idoso Marais (Gérard Depardieu), reputado músico e compositor da corte, mas que está cansado da adoração daqueles que considera inferiores, e incapazes de entender a verdadeira arte da música. Aos seus olhos ainda busca o reconhecimento daquele que sempre venerou, Sainte Colombe, e por isso recorda dolorosamente o tempo que passou com ele.

A história de Marais com Sainte Colombe é um história de luta pela integridade de um músico, pelo compreender do que de mais sagrado existe nesta arte. É a história de uma adoração nem sempre entendida, e até de uma traição (personificada no abandono e consequente morte de Madeleine). É por fim a história de que algo mais universal que um compositor, um público, uma moda, ou um instrumento, perdurará a ponto de nos tocar séculos mais tarde.

Com uma banda sonora da responsabilidade do célebre virtuoso Jordi Savall (interpretada pelo próprio e pelos solistas do ensemble Le Concert des Nations), o filme revisita a obra de Sainte Colombe e Marais. Filmado com um grande respeito pela reconstituição histórica, “Todas as Manhãs do Mundo”

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