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A AVALIAÇÃO FINAL

Por:   •  9/5/2019  •  Ensaio  •  720 Palavras (3 Páginas)  •  111 Visualizações

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AVALIAÇÃO FINAL

        A reflexão que será apresentada a seguir neste breve ensaio se baseia nos questionamentos e sugestões realizados durante a minha qualificação do mestrado, no qual o docente desta disciplina fez parte da banca examinadora. Ademais, procuro aqui apresentar como penso que as discussões realizadas em aula, mais especificamente as propostas nos textos de Gayatri Spivak e Patricia Hill Collins, podem me auxiliar na empreitada da escrita da dissertação.

Para tanto é necessário primeiramente apresentar, ainda que sucintamente, qual é a minha proposta de trabalho no mestrado. Minha intenção é analisar a narrativa de mulheres negras familiares e companheiras de jovens negros (15 a 29 anos) vítimas de homicídio[1] em Porto Alegre. A partir da narrativa destas mulheres, que chamo de “as que ficam”, procurarei observar seus possíveis processos de resistência e como reorganizam suas vidas após a perda.

Levando em consideração que este é o meu norte, acabei enxergando em Spivak e Hill Collins uma base de como pensar a execução do projeto de modo que ele seja crítico e responsável. As duas autoras colocam que as identidades são instáveis e, portanto, criticam que se reflita de maneira essencializante sobre a experiência dos ditos grupos subalternos.

Spivak (1994) se opõe à ideia de recorrer a uma essencialização em nossos escritos ao pensar sobre a “história alternativa”. Coloca que a questão central não é apenas inverter quem detém a narrativa da história, que não é apenas uma questão de transferir essa narrativa dos colonizadores aos colonizados. Para ela essa mera troca continua mantendo o modo de escrever a história hegemônica. O que propõe é que essa forma hegemônica de narrativa seja desconstruída e que se faça de outro modo.

Hill Collins (2012) discorrendo sobre as características do pensamento feminista negro afirma que existe um ponto de vista coletivo das mulheres negras. Porém, ao fazer essa afirmação coloca também que as mulheres negras têm experiências distintas e enxergam suas experiências de maneiras distintas. Acaba, portanto, afastando-se de uma visão que anuncia a existência de uma essência da mulher negra.

Na leitura de Hill Collins fica subtendido de que o ponto de vista é sempre uma experimentação, o que permite articulá-la à Spivak quando a teórica indiana propõe como alternativa para narrar de diferente forma a história que se construa uma figuração. As duas autoras, portanto, recorrem ao uso da biografia como uma forma de figuração que não é essencializante, porque entendem que a experiência de vida não pode totalizar a experiência de um coletivo. A biografia acaba sendo um recurso, uma ferramenta reflexiva.

Tal noção me remete a uma sugestão proposta pelos membros da minha banca de qualificação de coletar a narrativa de uma ou duas mulheres “que ficaram” e fazer um trabalho mais detalhado sobre suas experiências. Essas mulheres seriam mais velhas, já teriam perdido seu familiar ou companheiro há um número considerável de anos que permitisse apreender como foram se reorganizando e interpretando sua perda.

Com este exercício, portanto, não teria o objetivo de engessar como mulheres negras lidam com a perda de um familiar ou companheiro vítima de homicídio. Mas seria uma alternativa, um mecanismo que me permitiria compreender como certas mulheres reagem em determinados contextos.

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