A Análise Comparativa

ANÁLISE COMPARATIVA entre os textos: Da Periferia ao Palco – O Projeto EDISCA e a Dança Pela Cidadania, de Isaurora Martins; De Aspirantes a Coronéis – A Construção Social da Subjetividade no Contexto de Formação dos Oficiais da Policia Militar (Estudo de Caso da Academia de Policia Militar General Edgard Facó) de Leonardo Sá; e De Liderança a Candidata: Trajetória Social e Politica de Lideranças Femininas dos Bairros de Fortaleza, de Adriana Silva.

                   Essa atividade tem o objetivo de apresentar uma análise comparativa entre três projetos de pesquisa, levando em conta os seguintes aspectos: a estrutura, o processo de construção do objeto de estudo, e a apresentação da pesquisa exploratória e sua importância para a elaboração do projeto. Cada um deles faz uma investigação sobre diversos métodos, com reflexões importantes sobre aspectos metodológicos do trabalho de campo. O primeiro a ser analisado é a proposta de pesquisa de Isaurora Martins (1999), seu estudo envolve a analise da arte, no caso o Ballet, trabalhado no presente projeto como instrumento educativo e construtor de cidadania, onde a autora discute sua função social. O segundo é a proposta de Leonardo de Sá (1999), que a partir dos estudos das observações metodológicas no processo de reprodução social da corporação da policia militar, dedica a descobrir o modo de produção da subjetividade do oficial da PM, a partir da experiência social da Academia.  E por último a proposta de Adriana da Silva (1999), que faz uma analise sobre a temática dos movimentos sociais urbanos, onde permitiu fazer uma reflexão sobre como se efetivou a atuação das mulheres nesses movimentos, não só a sua participação, mais como também sua liderança.

A PROPOSTA DE ISAURORA MARTINS

                    A proposta teve sua estruturação com base nas relações de métodos a cerca da utilização político-pedagógico como mediadora no processo de “conversão” de crianças e adolescentes da periferia de Fortaleza, onde discute sua função social.  O campo empírico para nortear essa discussão foi a Escola de Dança e Integração Social para Crianças e adolescentes – EDISCA (1991). Que propõe trabalhar a construção de cidadania através da dança para crianças e adolescentes de diversos bairros pobres de Fortaleza.

                   Com a implantação na época do Estatuto da Criança e do adolescente (1990), as discussões a cerca da cidadania das crianças e do adolescente estava no auge, onde começaram a surgir em todo o pais diversos projetos voltados para a garantia de efetivação dos direitos previstos no estatuto.  A proliferação desse tipo de projeto despertou na autora alguns conflitos, impasses ou dilemas que se interpõe na construção de “experiências da cidadania”, efetivadas através da arte, com crianças e adolescentes da periferia, onde ela usa esses questionamentos para construção do seu objeto de pesquisa.

                  O cotidiano dessas crianças e adolescentes que frequentam o EDISCA são permeados de fome, miséria e violência, e ao ingressarem nesse projeto social passam por uma série de adaptações, ensinam-se a elas determinados padrões de comportamento, valores e sentimentos que entram em choque com habitus de seu lugar de origem. E a preocupação da autora vai ao sentido de como se dá esse encontro dessas duas experiências tão diferentes, advinda de lugares sociais distintos.  Então o seu objetivo de trabalho é investigar como se dá o encontro entre o campo artístico, oferecido pelo projeto EDISCA, e que consequências essa experiência provoca em termos de mudança de comportamento e de construção de um habitus diferente do anterior. Dessa forma ela formalizou uma estruturação de técnicas seguindo um passo a passo para o desenvolvimento de sua pesquisa.

A PROPOSTA DE LEONARDO SÁ

               O estudo desenvolvido por ele teve inicio a partir da verificação do processo de reprodução social da corporação policial militar. A pesquisa irá tratar do problema da constituição de sujeitos dispostos e disciplinados a assumirem pratica e teoricamente o papel de agentes policias do Estado. O locus de realização da pesquisa é a Academia de Policia Militar General Edgar Facó, uma instituição de nível superior localizada em Fortaleza.   A preocupação do autor é em explicitar os mecanismos de poder envolvidos no processo de construção, por parte do individuo, de si mesmo como sujeito, onde são “sequestrados” da vida social pelo aparelho policial do Estado. Tratando assim, de compreender como se dá a interação entre os processos disciplinares e a construção do EU no caso da socialização dos oficias da policia militar.

                     Ao abordar o problema da pesquisa, ele utiliza à problemática foucaultiana, tendo como eixos a disciplinação e a genealogia do sujeito.  Assim, a sociedade disciplinar é a sociedade do controle social da “ortopedia social” (FOULCAULT, 1996, p.86). Então a policia, a prisão e a justiça formam nessa sociedade disciplinar um circuito de poder, baseado em técnicas especificas de sujeição, técnicas de construção do corpo disciplinado, ou seja, o poder disciplinado constrói o próprio sujeito. Quer dizer, os sujeitos sociais são inventados nas e pelas relações de poder, na articulação de determinados mecanismos capazes de construí-los. A partir disso, ele propõe procedimentos metodológicos, a partir da criação de um sistema de princípios, percepção e avaliação na e para a pratica (habitus), e a formação de uma ideologia, apoiado em uma explicitação de algumas representações simbólicas.

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