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A Auto Percepção De Classe Dos Operadores De Telemarketing E O Acesso A Bens E Serviços

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Por:   •  29/11/2013  •  9.411 Palavras (38 Páginas)  •  435 Visualizações

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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Universidade de São Paulo

A autopercepção de classe dos operadores de telemarketing e o acesso a bens e serviços

Trabalho final para a disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa II

Professora Paula Marcelino – Período Noturno

São Paulo, dezembro de 2012

Índice

1. O problema da pesquisa 4

1.1 Apresentação do tema e relevância em estudá-lo 4

1.2 Definição do problema de pesquisa 5

1.3 Hipóteses 5

1.4 Demarcação e campo 5

1.5 Levantamento bibliográfico 6

2. O trabalho de campo 7

2.1 Descrição do trabalho 7

2.2 Adequação das técnicas de pesquisa utilizadas 8

2.3 Condições de uso das técnicas 9

2.4 Avaliação do valor dos dados e evidências coletados 9

2.5 Avaliação geral do trabalho de campo 10

3. Análise 11

4. Anexos 13

4.1 Roteiro de questões para entrevista semi-dirigida 13

4.2 Transcrições de entrevistas semi-dirigidas 14

4.2.1 Entrevista com Leila 14

4.2.2 Entrevista com Juliano 16

4.2.3 Entrevista com Natali 21

4.2.4 Entrevista com Alexandre 24

4.2.5 Entrevista com Evelyn 26

4.2.6 Entrevista com Suse 29

4.3 Transcrição de história de vida 31

4

O problema da pesquisa

1.1 Apresentação do tema e relevância em estudá-lo

Na segunda metade dos 90 do século XX, o Brasil sofreu uma série de privatizações1. Entre elas, o setor de telecomunicações foi um dos mais afetados. Com o barateamento das linhas telefônicas e maior agilidade na relação com o cliente, diversas empresas adquiriram serviços de telemarketing terceirizados. Segundo levantamento do Global Call Center Industry Project, de 20052, o profissional operador de telemarketing já era o representante de uma das maiores categorias de trabalhadores do Brasil, contando com cerca de 675 mil empregados dentro e fora dos call centers, tendo triplicado de tamanho em seis anos3.

Em jornadas estressantes e com cargos de alta rotatividade, as exigências para a função de operador de telemarketing cresceram, apesar de haver uma diminuição nos salários. Segundo Oliveira (2009, p. 128), “(...) antes da privatização e da terceirização dos serviços de informações, o posto salarial na Telesp era de 750 reais para uma jornada de seis horas diárias, em julho de 2003”.

Em meio ao crescimento do setor de telemarketing, iniciou-se o governo Lula, em 2002. Com ele, o sentimento de que haveria uma maior distribuição de renda no país. Os anos se passaram e pesquisas afirmaram que a desigualdade aumentou. No entanto teóricos e periódicos atestaram a ascensão econômica de setores considerados mais pobres e denominaram a saída de alguns milhões de trabalhadores da pobreza como a “ascensão da nova classe C”.

Nesse contexto, a profissão operador de telelemarketing passa a ser uma função símbolo dessa possível ascensão de camadas mais precarizadas da sociedade, pois trata-se de um trabalho não braçal, que exige qualificação escolar, mas, ao mesmo tempo, pouca experiência, pouca escolaridade e oferece remuneração baixa.

Buscar expressões qualitativas do fenômeno da ascensão da “nova classe média” a partir de uma categoria profissional como a de trabalhadores do ramo de telemarketing é

1 ANTUNES, Ricardo; BRAGA, Ruy. Apresentação. In: _______. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 9

2 Idem.

3 OLIVEIRA, Sirlei Marcia de. Os trabalhadores das centrais de teleatividades no Brasil: da ilusão à exploração. In: ANTUNES, Ricardo; BRAGA, Ruy (Orgs.). Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009, p.113

5

relevante para compreender como os próprios membros da “nova classe média” se enxergam.

1.2 Definição do problema de pesquisa

O problema da pesquisa se desenvolve a partir do conceito difuso de “nova classe média” presente na mídia e referendado pelo governo, que considera como membro da “classe média” quem tem renda per capita entre R$ 291 e R$1.0914. Apesar de aparentemente estar mais inserida no mundo do consumo, essa camada da classe trabalhadora não dispõe de recursos financeiros para viver com dignidade segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). No mês de outubro de 2012, o salário mínimo estipulado como necessário pelo órgão foi de R$ 2.617,335.

A partir da grande exposição da ideia de ascensão dos consumidores mais pobres na mídia e da noção de “avanço” que uma profissão “intelectual” (que não utiliza trabalho braçal), resolvemos questionar qual é a autopercepção de classe dos trabalhadores operadores de telemarketing e se ela seria condizente com as informações cedidas por eles anteriormente.

1.3 Hipóteses

Seguindo as formulações iniciais já descritas, decidimos por inserir como principal hipótese do presente trabalho que:

-Os operadores de telemarketing consideram que pertencem à classe “média” ou “alta”, mas o acesso a bens, cultura e serviços básicos é restrito.

Portanto, ao final do presente trabalho, pretendemos concluir e embasar se a hipótese acima foi comprovada ou refutada.

1.4 Demarcação de campo

O campo de pesquisa é composto de operadores e ex-operadores de telemarketing (no segundo caso, que tenham deixado a profissão há pouco tempo) e que atuam

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