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A Era Da Revolução De Eric Hobsbawn

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Por:   •  14/11/2013  •  7.397 Palavras (30 Páginas)  •  386 Visualizações

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Era das Revoluções

O período compreendido entre os anos de 1789 e 1848 já foi caracterizado como Era das Revoluções. Eric Hobsbawm afirma que este período foi marcado por uma dupla revolução. Uma revolução no mundo da produção, iniciada na Inglaterra e uma revolução política, que teve como palco a França. As metamorfoses que o mundo social sofreu a partir destes eventos singulares fizeram emergir personagens, que passaram a ter uma importância crucial na vida destes países e nas transformações políticas e sociais que aconteceriam posteriormente. Esses novos atores são os trabalhadores e as massas urbanas, que tiveram suas vidas diretamente afetadas pelas revoluções e aos poucos foram se organizando a fim de reagir às suas consequências negativas.

Abstract

Fraternety and solidarity in the Age of Revolutions

The time period between the years of 1789 and 1848 has been characterized as the Age of Revolutions. Eric Hobsbawm argues that this period was marked by a double revolution: a revolution in the production world, in England, that started a political revolution, which led to the French stage. The transformations the social world has suffered due to these unique events brought the emergence of characters which have gained a crucial importance in the life of these countries, and in the political and social changes that would take place later. These new actors are the workers and the urban masses, whose lives were directly affected by the revolutions and that slowly got organized in order to respond to its negative consequences.

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O período compreendido entre os anos de 1789 e 1848 já foi caracterizado como Era das Revoluções. Eric Hobsbawm afirma que este período foi marcado por uma dupla revolução. Uma revolução no mundo da produção, iniciada na Inglaterra e uma revolução política, que teve como palco a França. As metamorfoses que o mundo social sofreu a partir destes eventos singulares fizeram emergir personagens, que passaram a ter uma importância crucial na vida destes países e nas transformações políticas e sociais que aconteceriam posteriormente. Esses novos atores são os trabalhadores e as massas urbanas, que tiveram suas vidas diretamente afetadas pelas revoluções e aos poucos foram se organizando a fim de reagir às suas consequências negativas.

O surgimento desses novos sujeitos políticos foi decisivo para que os benefícios alcançados por esta dupla revolução pudessem progressivamente se estender a maiores parcelas da população destes dois países. No século XIX grande parte dos avanços em termos de direitos, conquistados na Inglaterra e na França, é resultado do empenho destes novos atores. A associação dos trabalhadores e também das massas urbanas se tornou uma estratégia de luta fundamental no alvorecer do século XIX.

O objetivo deste ensaio é chamar atenção para a presença das ideias de fraternidade e solidariedade nos movimentos dos trabalhadores, que lutavam principalmente por melhores condições de vida, e no socialismo utópico, que reagiu aos resultados nocivos das transformações econômicas e sociais, propondo novas formas de organizar a sociedade.

Fraternidade e solidariedade entre os trabalhadores

Os ideais de fraternidade e solidariedade foram relevantes entre os trabalhadores ingleses e franceses nas últimas décadas do século XVIII e primeira metade do século XIX. A organização dos trabalhadores em sindicatos foi precedida por associações de tipos variados, muitas das quais estruturadas em torno destes princípios. Em muitos dos exemplos apresentados, os termos fraternidade ou solidariedade não são utilizados explicitamente, mas as ideias de uma origem comum, de compartilhamento de interesses e de interdependência podem ser lidas nesta chave.

De acordo com Thompson[1], os valores coletivistas foram a marca distintiva da classe operária inglesa no século XIX. Esse coletivismo era defendido no campo político, mas também fazia parte do cerimonial dos sindicatos e da retórica moral. Ele se manifestou em vários níveis tais como a vida comunitária, as associações de trabalhadores e as primeiras experiências cooperativistas.

Nesse sentido, segundo Thompson, é possível constatar, nos anos trinta do século XIX, que “o anelo comunitário reviveu, e a linguagem da racionalidade foi transposta para a da fraternidade”[2]. Os tecelões de Lancashire, entre os anos de 1816 e 1820, são apresentados pelo autor como exemplo de radicalização dos ideais comunitários. Para Thompson, o apego a um forte igualitarismo social fazia com que compartilhassem não apenas os bons momentos, mas também os momentos de sofrimento. De acordo com o autor, “eles apelavam pelos direitos essenciais e por noções elementares de solidariedade e conduta humanas, ao invés de interesses setoriais. Exigiam o aprimoramento da comunidade como um todo”[3].

Thompson[4] ressalta que durante a Idade Média o mundo do trabalho, organizado em torno das corporações de ofício, mantinha a fraternidade e a solidariedade como valores de referência. A partir da Revolução Industrial, quando o trabalho começou a se organizar em outros moldes, os trabalhadores não estavam mais confinados às lealdades fraternais e à consciência “vertical” dos ofícios específicos. Nas palavras do autor:

O sentimento de solidariedade de ofício podia ser forte. Mas a suposição de que essa fraternidade de ofício necessariamente entrasse em conflito com objetivos e solidariedades mais amplos é totalmente falsa. (…) encontraremos entre os trabalhadores e trabalhadoras do século XVIII muitas evidências de solidariedade e consciência horizontais. Nas muitas listas de ocupações que examinei (…), fica claro que as solidariedades não eram segregadas pelos ofícios.[5]

O sistema de trabalho itinerante oferece indícios de que a solidariedade entre os trabalhadores extrapolou a órbita das pequenas comunidades, espalhando-se por grandes regiões do país. Segundo Hobsbawm[6] o indivíduo que desejasse deixar a sua cidade para procurar trabalho em outra recebia uma espécie de “licença”, um documento que o identificava como membro de uma determinada associação. Ao chegar a uma nova cidade apresentava-se ao funcionário do “alojamento”, “clube” ou “sede”, que o recebia oferecendo o jantar e uma licença de ambulante. O autor afirma que esse costume se espalhou porque ele proporcionava um meio de opor-se à vitimização, ao contrário, com ele os trabalhadores tinham a certeza de ter um meio de vida. O tratamento dado aos trabalhadores itinerantes

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