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A Formação E A Emancipação

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Por:   •  8/6/2014  •  1.509 Palavras (7 Páginas)  •  210 Visualizações

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A Formação e a emancipação.

O texto “Educação para a cidadania: questão colocada pelos movimentos sociais” de Marlene Ribeiro trata da relação entre a formação do cidadão e a educação pública. De tal forma que ela traça a história tanto da cidadania quanto da educação, mostrando que as duas não se relacionam diretamente.

Em tempos contemporâneos a educação não visa à integração civil de grupos marginalizados, como, por exemplo, índios, agricultores e analfabetos. “Se, tanto a cidadania grega como a cidadania moderna não estão alicerçadas na educação escolar mas na propriedade privada, como pretender que a escola seja a ponte para a conquista da cidadania? (Ribeiro, pág. 118)” . Isto demonstra que a cidadania não é conquistada através da escolaridade.

Florestan Fernandes em seu texto “A formação política e o trabalho do professor?” diz que é ser ingênuo pensar que a cidadania pode ser encontrada na educação sendo que a história da educação não é ligada à história da cidadania.

Ambos os autores trazem questões sobre a escolaridade, a diferença de ensino e a formação do cidadão. Uma questão abordada diversas vezes no livro, e que será mais explorada neste texto, é a questão da diferença de ensino em razão da classe social. Essa questão também é abordada atualmente, onde o governo não investe tanto em educação, e somente quem tem poder aquisitivo, consegue um ensino de qualidade. Ensino esse que está sujeito ao pensamento de classes. Florestan afirma que a sociedade burguesa fez questão de frear a revolução que alguns professores estavam trazendo. Não é de se espantar que a sociedade tenha brecado esse avanço, pois a educação está atrelada à economia, e se a economia não for avançada, a educação não será. A cultura cívica delimitava a cultura educacional, e para a classe dominante continuar sendo dominante, não deveria disponibilizar a educação facilmente.

Quando a educação começa a ser difundida, são criadas as diferenças de ensino para ricos e pobres.

“A dualidade marca o projeto iluminista, que justifica a existência de dois projetos diferentes de escola, um para o povo e outro para as classes dirigentes, tanto pelo princípio da liberdade individual — que não admite uma educação padronizada — quanto pela desigualdade natural das faculdades humanas, que respalda a classificação dos alunos em mais capazes e em menos capazes, justificando a existência de ricos e pobres. À medida que a burguesia vai se consolidando como classe, a pedagogia política, que no discurso aparecia como defesa de uma escola livre, leiga, gratuita, para todos, vai se transformando na defesa de uma escola adequada para atender às diferenças individuais ou àqueles que têm méritos. (Ribeiro, pág 119)”.

Outro problema abordado é a neutralidade do professor. É exigido que o professor se mantenha neutro, que o cidadão se separe do professor, mas, como ser neutro se esse mesmo professor também é fruto da sociedade em que vive? Se o professor não for cidadão, está sujeito a ser instrumento da manipulação dos regimes, seja democrático ou totalitário. Se o professor deseja mudanças, ele deve trabalhá-la dentro e fora da escola.

Adorno em seu texto “Educação para quê?” traz uma visão muito parecida com a de Florestan Fernandes e de Marlene Ribeiro. Uma visão de que a educação não deve treinar e sim formar pensadores capazes de decidirem por si. E deixar que a educação seja decidida somente por uma classe é um absurdo. A educação para Adorno não deve somente modelar o exterior ou passar conhecimento, deve produzir uma consciência verdadeira. Os homens devem ser preparados, pela educação, para se orientarem no mundo, mas não devem ficar somente neste campo de orientação, devem formar a consciência e a racionalidade.

Por consciência devemos entender como o pensar em relação à realidade. É o sentido mais profundo de consciência, não apenas o pensamento lógico formal, mas a capacidade de fazer experiências. Para Adorno, pensar é fazer experiências intelectuais, e, para pensarmos, devemos ser racionais e conscientes. “A educação para a experiência é idêntica à educação para a emancipação (Adorno, pág. 151)”, emancipação essa que torna o indivíduo um ser ativo na democracia da sociedade em ele vive. O indivíduo emancipado e sendo participante ativo na democracia, não possui mais barreiras para seus estudos. Essa emancipação esteve sempre ligada às classes sociais, como, por exemplo, em Atenas, onde somente uma fração mínima da sociedade era emancipada e poderia atuar nas decisões do estado. Com isso, a educação era totalmente restrita. Com a chegada dos sofistas, temos uma “democratização” do ensino e não demorou muito para essa prática se tornar infame entre os nobres. Não foi diferente do Brasil, como já citado anteriormente, onde a classe dirigente tratou de retardar o processo de “democratização” do ensino, e quando a mesma continuou em seu processo “democrático”, os dirigentes trataram logo de separar o ensino entre classes. Um indivíduo alienado e ignorante torna-se um alvo fácil de manipulações.

A escola é diferente para ricos e pobres. Atualmente essa segregação escolar é ainda mais crítica no ensino médio – os outros setores da educação também sofrem com a segregação –, pois com o ingresso, permanência e conclusão do ensino superior, o sujeito tem mais chances de ascender socialmente. A escola pública não fornece apoio para o vestibular, e quando fornece, é infinitamente inferior ao apoio da escola particular, onde o aluno possui diversos professores, possui apoio da escola, recebe aulas extras e “dicas” para a realização do vestibular, sem citar todo o apoio psicopedagógico, que em escolas públicas é praticamente inexistente. Essa disparidade entre as escolas é refletida na universidade, onde boa parte dos alunos, principalmente em cursos concorridos, é de classe média alta. Os indivíduos de classe baixa representam uma pequena parte dos alunos

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