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A JORNADA DO HERÓI EM STAR WARS

Por:   •  30/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  6.158 Palavras (25 Páginas)  •  195 Visualizações

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STAR WARS E A JORNADA DO HERÓI

                                             ¹Marla Elizabeth Almeida Reis

               ²Daniela dos Santos Américo

                                                                                     ³Solon Godinho Pessoa Neto

                                                                                                                       Ulysses Maciel de Oliveira Neto 

        RESUMO

A saga de Star Wars (Guerra nas Estrelas) surgiu na década de 70 e proporcionou uma renovação no padrão fílmico da época, modificando totalmente o modo de fazer cinema e se estabelecendo como ícone popular por gerações. No livro “O herói de mil faces” Campbell chama a atenção para o fato de que existe uma sequência típica de ações que podem ser observadas em histórias do mundo inteiro. Neste trabalho temos por objetivo relacionar a "Jornada do Herói", de Campbell e Cristopher Vogler, com a obra cinematográfica Star Wars, do diretor George Lucas, para observar se existe a presença do padrão proposto por Campbell, para tal, faremos uso da análise do filme e de uma revisão bibliográfica.

Palavras-Chave: Star Wars, Jornada do Herói, Campbell, George Lucas

Introdução

O modo de fazer cinema da década de 1970 foi fortemente influenciado pelo momento histórico pelo qual passava a sociedade norte-americana com a revolução sexual, crise econômica, tensões políticas decorrentes da renúncia de Nixon e pela guerra do Vietnã, desse modo o cinema seguia o mesmo ritmo da realidade, com a produção de filmes policiais e de dramas que tratavam de problemas sociais, sempre com cunho pessimista. Os personagens da época estereotipados e o final feliz dos filmes havia sido retirado devido ao momento de reflexão dos valores da sociedade americana.

George Lucas surgiu nesse contexto com a sua obra Star Wars,  que é uma Espace Opera – um subgênero da literatura de ficção científica – no qual, em geral, as histórias se passam no espaço e se baseiam em conflitos entre o bem e o mal. O filme iniciava com a frase “há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante...” isso remete aos antigos mitos e contos de fadas, o que contrariava a produção cinematográfica da época.

Guerra nas Estrelas modificou totalmente o modo de fazer cinema, se estabelecendo como ícone popular por gerações. O filme foi um sucesso de bilheteria, teve diversas indicações ao Óscar e ganhou sete estatuetas devido ao requinte de efeitos especiais, principalmente nas cenas de batalha, surpreendendo os expectadores e a crítica da época, que também não acreditava no sucesso de um roteiro de ficção.

George Lucas buscava  possibilitar a identificação entre as pessoas e os personagens através dos mitos ancestrais sobre a condição humana, para isso ele recorreu ao esquema proposto por Campbell, desenvolvendo o personagem Luke Skywalker sob os moldes do herói mitológico.

Joseph Campbell é um antropólogo e especialista em mitologias. Para ele as civilizações, no decorrer da história humana, possuem um conjunto de mitos e rituais que auxiliam na formação espiritual e social dos indivíduos e definem as regras básicas de comportamento. Os mitos mudam de forma, mas mantêm a mesma mensagem, que visa o amadurecimento dos indivíduos.

Em todos os mitos existe um herói ou heroína, que são pessoas que desenvolvem uma ação que perpassa a esfera do comum, essa ação pode ser física (quando o personagem desempenha um ato físico de heroísmo, seja livrando uma cidade, ganhando uma batalha ou até morrendo no lugar de outra pessoa) ou  um ato espiritual (quando o personagem adquire conhecimentos através de experiências supra-humanas e depois volta para compartilhá-lo com os demais). Independentemente do tipo de ato heroíco, o caminho do herói se mantém e com ele estão os seus símbolos

intertemporais.

Segundo Campbell:

Os símbolos da mitologia não são fabricados; não podem ser ordenados, inventados ou permanentemente suprimidos. Esses símbolos são produções espontâneas da psique e cada um deles traz em si, intacto, o poder criador de sua fonte. (CAMPBELL, 2007, p. 6.)

Estudiosos de diversas áreas do conhecimento desenvolvem estudos para compreender melhor os mitos, na tentativa de desmistificar a sua visão intertemporal que atinge várias culturas, mudando a sua forma, mas mantendo o seu conteúdo. Nesse meio, a psicanálise tem adquirido grande importância, uma vez que parte das imagens e símbolos que surgem do inconsciente, muitas vezes manifestados através de sonhos ou de delírios, e que revelam em si a mesma mensagem dos mitos: o ciclo de morte e ressurreição, que se expressa no cotidiano através de transições etárias, sentimentais ou espirituais, onde a pessoa se vê obrigada a deixar uma condição para poder assumir outra, fazendo morrer a sua condição primária, para que uma condição mais rica ou madura ressurja. Segundo Campbell:

A função primária da mitologia e dos ritos sempre foi a de fornecer os símbolos que levam o espírito humano a avançar, opondo-se àquelas outras fantasias humanas constantes que tendem a levá-lo para trás. Com efeito, pode ser que a incidência tão grande de neuroses em nosso meio decorra do declínio, entre nós, desse auxílio espiritual efetivo. Mantemo-nos ligados às imagens não exorcizadas da nossa infância, razão pela qual não nos inclinamos a fazer as passagens necessárias da nossa vida adulta.  (CAMPBELL, 2007, p. 9.)

O mito está associado a indicadores sobrenaturais de como aquela pessoa deve agir, o que deve aceitar e recusar ou que caminho deve seguir. Se levarmos em conta que muitos obedecem a tais indicadores, é possível compreender melhor o motivo da realização de cerimônias e rituais passados, que eram realizados com o intuito de que a pessoa que participasse alcançasse o próximo nível de sua jornada. Tais ritos não se limitavam apenas a sociedades passadas, muitos ainda estão presentes na atualidade, seja celebrações de aniversários, de batismo, união de casais ou celebrações fúnebres. Consistem em uma série de exercícios que buscam transformar as pessoas, para que abandonem o estágio da vida em que se encontravam, como o processo de crescimento da infância para a vida adulta. O rito tem um objetivo comum com os mitos: fazer com que o ser humano avance, contrapondo-se às fantasias da infância.

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