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A religião como elemento crucial para a colonização do Novo Mundo

Por:   •  13/5/2015  •  Ensaio  •  1.054 Palavras (5 Páginas)  •  272 Visualizações

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A religião como elemento crucial para a colonização do Novo Mundo

Desde a Carta de Pero Vaz de Caminha, datada de 1º de maio de 1500 para o rei de Portugal, identifica-se como o desejo de expansão do Cristianismo é um dos objetivos principais do reino. Além, é claro, da vontade de expansão do comércio e da busca por ouro e prata, Caminha explicita diversas vezes como o Novo Mundo é propício para a propagação da fé, já que aparentemente os povos indígenas não possuíam nenhuma, além de serem fáceis de amansar.

A impressão que se tinha desses povos era de que, apesar de serem selvagens, aparentavam ser dóceis, simples e ingênuos, tanto que, mesmo a nudez e a antropofagia não eram completamente julgadas e demonizadas na época, sendo interpretadas como costumes de povos perdidos da civilização, fator que evidenciava ainda mais a superioridade e a obrigação dos europeus de educar e salvar aqueles da barbárie. A imagem construída do Brasil era de uma extensa terra de lindas paisagens, com flora e fauna ricas, de gente alegre, gentil e vital, chegando a ser comparado o Jardim do Éden. Nesse primeiro momento, Caminha ressalta que o fator que impedia a cristianização dos índios era a linguagem, já que em nada se compreendiam, e cita que Deus não os levou àquela terra sem propósito, aconselhando ao rei a enviar sacerdotes para convertê-los. A propagação do Cristianismo está tão imbricada nas Navegações que apesar de ainda não constarem a existência de metais preciosos na terra, Caminha diz que pode se aproveitar muito de seus recursos naturais, como as águas infindas, mas que “o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta dever ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar” .

Com o tempo, a imagem de paraíso do Brasil modifica-se. Os costumes indígenas estranhos aos povos europeus começam a serem vistos negativamente, e o imaginário titubeia entre as visões edênicas, demoníacas, e também de Purgatório, já que degredados e negros escravizados eram enviados para a colônia, passando a ser interpretado como um local em que esses pagariam seus pecados. João Adolfo Hansen, em sua resenha dos Sermões, do Padre Antônio Vieira, mostra como era conflituosa e contraditória a representação e a relação estabelecida com índios e negros pelos jesuítas e coloniais. Em 1659, Vieira envia uma carta para o rei D. Afonso VI ressaltando como a propagação da fé ainda é crucial para a consolidação da monarquia. A partir de relatos de cartas, sermões e vivências do padre expostos na resenha, percebemos o papel forte da religião atrelado aos poderes políticos e econômicos, influenciando inclusive decisões do próprio rei em relação à colônia, por exemplo, na questão da escravização dos índios.

A concepção de que os índios não eram humanos, e que por isso seria legítima sua escravização, era rechaçada pelos jesuítas desde 1549. Porém, através do conflito de interesses entre a Companhia de Jesus e coloniais pela população nativa, o modo como Vieira e até como a Coroa tratava essa situação era no mínimo contraditória. Em vários sermões, o padre prega sobre a escravidão de índios e negros, não se colocando contra, mas pontuando o jeito “aceitável” de conduzi-la. Sobre os negros, por exemplo, o senhor que não os convertessem, seriam pecadores tanto quanto os primeiros. Em sua leitura, a servidão (e o sofrimento decorrido dela) era vista como um milagre, necessária para que os escravos conhecessem a fé (a partir de seus senhores) e consequentemente serem salvos. Aos fugitivos não havia solução, já que não aceitavam a subordinação de seus “salvadores”, restando-lhes apenas o extermínio.

Em relação aos índios, Vieira seguia o argumento apontado desde a carta de Caminha, de que aqueles eram selvagens e inocentes, sendo a missão da Coroa cristianizá-los. Ele condenava sua escravização, ressaltando algumas exceções:

(...) “só poderiam ser escravizados os índios que estivessem “em corda”, ou seja, os prisioneiros que fossem resgatados de seus captores para impedir que fossem comidos.

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