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ANTIFEMINISMO E VIOLÊNCIA POLÍTICA SEXISTA ENTRAVES PARA A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA NO BRASIL

Por:   •  31/8/2022  •  Artigo  •  7.500 Palavras (30 Páginas)  •  95 Visualizações

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ANTIFEMINISMO E VIOLÊNCIA POLÍTICA SEXISTA:

ENTRAVES PARA A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA NO BRASIL

Brena Oliveira Pinto1

Resumo

O presente artigo tem como objetivo debater a participação das mulheres na política no Brasil, a partir das suas experiências eleitorais e considerando suas diferentes vivências na dinâmica política. Procura, também, analisar alguns fenômenos que se configuram como entraves para a participação políticas das mulheres, a exemplo do antifeminismo e da violência política sexista. Para isso, a partir do fato ocorrido com a prefeita de Bauru (SP), analisaremos o desenvolvimento do feminismo e do movimento de mulheres no Brasil, bem como a participação política das mulheres como uma conquista desse movimento. Analisaremos, ainda, a reação à ampliação da participação das mulheres nos espaços de poder e de que forma essas modalidades de violência se configuram como um entrave para que as mulheres permaneçam nesses espaços.

Palavras-chave: Mulher, política, feminismo, antifeminismo

Abstract

This article aims to debate the participation of women in politics in Brazil, based on their electoral experiences and considering their different experiences in political dynamics. It also analyzes some phenomena that constitute barriers to women's political participation, for example, antifeminism and sexist political violence. Based on the fact that occurred with the mayor of Bauru (SP), we will analyze the development of feminism and the women's movement in Brazil, as well as the political participation of women as an achievement of this movement. We will also consider reactions to the expansion of the participation of women in spaces of political power and how these forms of violence are configured as an obstacle for women to remain in these spaces.

Keyword: woman, politics, feminism, anti-feminism

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  • Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM/UFBA). Licenciatura e Mestrado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Vol.9, N.2, Maio - Agosto 2021 www.feminismos.neim.ufba.br ISSN: 2317-2932

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INTRODUÇÃO

“Alvo de racismo, primeira prefeita eleita em Bauru é jovem, negra, evangélica e conservadora”. (FOLHA DE SÃO PAULO, 30 de novembro, 2020)

Esta foi uma das várias matérias referentes à participação das mulheres nas eleições municipais de 2020 no Brasil. Não à toa, o tema relacionando mulher e política vem sendo abordado com tanta frequência em anos eleitorais, sobretudo em um país onde os índices de participação das mulheres e dos negros são tão baixos - um dos menores da América Latina. De acordo com Marlise Matos (2020), embora as mulheres sejam maioria entre o eleitorado, elas ainda representam uma expressiva minoria entre as eleitas. Segundo Matos (2020, p.111):

O Brasil pratica uma das piores taxas de representação de mulheres em todo o mundo e uma das piores da América (em toda a região, perdemos apenas para Guatemala, Belize e Haiti). A média mundial de representação de mulheres está em torno de 24,1%, e a média das Américas é de 30,3% - dados estes de dezembro de 2018. Ou seja, entre 193 países do mundo, o Brasil ocupa a pífia situação de estar no 132º lugar, empatado nessa posição com o Bahrein e o Paraguai e apresentando percentual de apenas 15% de mulheres na Câmara Baixa (ou Câmara de Deputados), a metade de média nesse indicador para as Américas. Ainda é realmente muito baixa a representação feminina brasileira, apesar de ela ter se elevado entre os anos de 2014 e 2018 (passamos de 9% para 15%).

Na manchete citada acima, o objeto da notícia é a jornalista Suéllen Rosim (Patriota), de 32 anos, recém-eleita prefeita no município de Bauru (SP). Muito provavelmente o que chama a atenção no fato, a ponto de virar notícia em vários sites de grande circulação do país, é a aparente contradição de uma mulher, jovem e negra, que se declara evangélica e conservadora, ter sido vítima de ataques preconceituosos e violentos por pessoas que pertencem ou têm afinidade ao projeto político que ela também representa.

Para além dessas questões, a matéria nos proporciona outras reflexões em torno da participação das mulheres na política e perpassa debates que há algum tempo são conduzidos pelo movimento feminista. A trajetória política de Suéllen Rosim e seus posicionamentos em torno do projeto que representa é um exemplo de que nem toda mulher é necessariamente feminista, nem mesmo aquelas que ocupam espaços conquistados legitimamente pelos movimentos de mulheres, a exemplo da política.

As contradições identificadas em torno da figura da prefeita Suéllen Rosim não é um fato isolado. Tem sido frequente o número de candidaturas de mulheres que defendem

Vol.9, N.2, Maio - Agosto 2021 www.feminismos.neim.ufba.br ISSN: 2317-2932

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um projeto antifeminista, escancarando um grande paradoxo: a representação feminina na política formal foi uma das grandes bandeiras de luta do movimento feminista no Brasil e no mundo, mas essa conquista pode contribuir para o crescimento de um projeto que se coloca na contramão desses avanços.

Contudo, o fato em questão também escancara um fenômeno, não recente, qual seja, a violência a que estão submetidas as mulheres no espaço da política. Este artigo tem como objetivo debater a participação das mulheres na política no Brasil, a partir das suas experiências eleitorais e considerando suas diferentes vivências na dinâmica política. Procura, também, analisar alguns fenômenos que se configuram como entraves para a participação políticas das mulheres, a exemplo do antifeminismo e da violência política sexista. Para isso, a partir do fato ocorrido com a prefeita de Bauru (SP), analiso o desenvolvimento do feminismo e do movimento de mulheres no Brasil, bem como a participação política das mulheres como uma conquista desse movimento. Considero, também, a reação à ampliação da participação das mulheres nos espaços de poder e de que forma essa modalidade de violência se configura como um entrave para que as mulheres permaneçam nesses espaços.

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